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Chinaglia espera resposta de Tarso sobre "arapongagem" da PF na Câmara
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GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), vai esperar a resposta oficial do ministro Tarso Genro (Justiça) no episódio de suposta "arapongagem" da Polícia Federal na Casa Legislativa para decidir que "providências serão tomadas" no caso. Chinaglia encaminhou ofício a Tarso com o pedido de explicações depois que policiais federais filmaram João Pedro de Moura, ex-assessor do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, em um dos corredores da Casa Legislativa.
O deputado reiterou seu repúdio à ação da PF ao considerar um "acinte" que um órgão subordinado ao Poder Executivo atue em outro Poder sem autorização prévia. "Quem tiver que investigar, investigue. Mas respeitando a Constituição Federal e os Poderes. [...] Eu não entendo que a Polícia Federal tenha o direito de entrar em outro Poder. Imagine um policial federal entrar no Supremo [Tribunal Federal], filmar e fotografar. É um acinte, uma afronta", afirmou.
Chinaglia criticou o fato de a PF não ter solicitado formalmente o auxílio da Polícia Legislativa da Câmara na operação. "A Câmara sempre se dispôs a contribuir com o Ministério Público, com a Polícia Federal. Se a PF necessitasse do auxílio da Polícia Legislativa, teria. Porém, ele não foi solicitado."
O deputado se reuniu nesta quarta-feira com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, mas negou que tenha discutido a "arapongagem" da PF na Câmara. No ofício encaminhado a Tarso, o deputado questiona se o STF teria autorizado a ação dos policiais federais na Casa Legislativa.
"Ele não falou [sobre o assunto], eu não perguntei porque no ofício que fiz ao ministro perguntei se o Supremo tinha autorizado. Não me cabe perguntar ao Supremo, mas esperar que o ministro responda."
Apesar de já ter se referido ao episódio como "arapongagem" na Câmara, Chinaglia disse hoje que ninguém tem "informações seguras" sobre a operação da PF na Casa. "Vazam nomes de parlamentares, o ministro diz que parlamentares não foram investigados. É um quadro confuso. Eu quero que as explicações venham a partir de documentos oficiais, aí vou avaliar o que fazer", disse.
Negativa
O ministro Tarso Genro (Justiça) afirmou ontem que a Polícia Federal não violou "normas legais" nem invadiu a privacidade de deputados ao filmar no corredor da Câmara. Tarso disse que, até agora, "os indícios são os de que não houve [invasão da privacidade legislativa]", uma vez que "qualquer pessoa pode filmar porque é um local público".
O ex-assessor de Paulinho foi preso na Operação Santa Tereza da PF, que apura supostos desvios de verbas do BNDES. Uma imagem do inquérito, divulgada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" anteontem, mostra Moura saindo do gabinete do líder do PMDB, Henrique Alves (RN). Também teria visitado Paulinho. Os dois negam o encontro e envolvimento com a quadrilha. Segundo Tarso, o vazamento da imagem "pode ser alguma tática" de advogados de defesa para, mencionando deputados, que têm foro privilegiado, levar o processo ao STF.
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