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02/03/2009 - 16h12

Extinta CPI da Terra defende fim de repasses ao MST e reencaminha relatório para governo

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GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Em meio às invasões de terras promovidas por integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em vários Estados do país, a extinta CPI da Terra do Congresso vai reencaminhar seu relatório final para integrantes do governo federal --com denúncias de repasses irregulares de verbas do Executivo para o MST.

A comissão defende o fim dos repasses a entidades ligadas ao MST, como consta em seu relatório final aprovado no final de 2005. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), ex-presidente da CPI, disse que o governo nem o Ministério Público Federal tomaram providências sobre as irregularidades levantadas pela comissão.

"O ministro [do Desenvolvimento Agrário] é novo, na época da conclusão da CPI ele não estava no governo. O relatório pode ser útil para que o governo verifique os convênios irregulares. As denúncias foram encaminhadas ao Ministério Público, mas as providências não foram tomadas", disse Dias.

A CPI identificou, no final de 2005, o repasse de R$ 18 milhões da União para convênios firmados com cooperativas ligadas ao MST. Dias disse que o Executivo repassou, na época, os valores para a Anca (Associação Nacional de Cooperação Agrícola) e a Concrab (Confederação das Cooperativas da Reforma Agrária do Brasil) --consideradas pela comissão como o "braço jurídico" do MST.

No relatório final, a CPI pede a devolução dos R$ 18 milhões com o argumento de que a União financiou invasões de terras promovidas pelo MST. O texto também sugeriu ao Ministério Público o indiciamento de dirigentes de associações vinculadas ao MST, assim como a sugestão para que o MP considerasse como única entidade o MST, a Anca e a Concrab.

Na prática, a sugestão permitiria que os prejuízos causados por uma invasão de terras fossem pagos com recursos destinados a convênios com a Anca, que, como a Concrab, é um braço jurídico do MST. "Nem o ressarcimento foi acatado pelo governo. São recursos repassados a entidades que são braços jurídicos do MST", afirmou Dias.

O relatório da CPI será encaminhado ao ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) e ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. "O relatório encontra flagrantes irregularidades em convênios firmados ente o governo e o MST. Enquanto não há regularização do convênio, o governo está proibido de repassar esses recursos", afirmou o tucano.

Críticas

Na semana passada, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, disse que o financiamento dos movimentos que promovem invasões com recursos públicos também é crime com sanções previstas na legislação brasileira.

Ao classificar as invasões de terras públicas e privadas de "ilegais", Mendes disse que o governo não pode disponibilizar seus recursos para qualquer entidade ligada a invasões --sob pena de ser responsabilizado por esses atos.

"Há uma lei que proíbe o governo de subsidiar esse tipo de movimento. Dinheiro público para quem comete ilícito é também uma ilicitude. Aí a responsabilidade é de quem subsidia", afirmou o ministro.

Comentários dos leitores
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Sr Mauricio de Andrade.
Má distribuição de riquezas e terras são problemas, mas não são mais graves do que o nosso sistema educacional público. Este sim, nosso maior problema, que perpetua o ciclo vicioso da concentração de riquezas. Resolva-se o problema da educação e eliminamos o problema da miséria. Educação dá discernimento, cidadania, melhora a qualidade na escolha de políticos e multiplica as chances de inclusão social e econômica. É a solução mais eficaz e qualquer estatística sobre índices de desenvolvimento humano mostram isso, e isso independe do sujeito pertencer ao campo ou a cidade.
sem opinião
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Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Acho que não me fiz entender direito.Valoriza-se mais as posses materiais do que a formação educacional. A agricultura familiar mudou muito, comparada àquela que se praticava décadas atrás. Sou de origem japonesa, meus avós foram agricultores, meu pai foi agricultor e migrou para cidade, onde conseguiu montar um comércio, graças a algumas boa colheitas. Detalhe: meu pai nunca foi proprietário de terras, sempre arrendou. Tenho alguns tios que continuaram na agricultura, no cultivo de hortaliças, e eles somente conseguem se manter porque se adaptaram, do contrário é difícil manter os custos. Atualmente, mesmo para tocar uma pequena propriedade, é necessário conhecimento técnico e qualificação para manejo sustentável, rotação de culturas, uso correto de fertilizantes e recuperação de solo. Ou seja eis a necessidade da QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL. A má distribuição de riquezas é consequência funesta da incapacidade de nossos governantes em dar uma educação digna à toda população, daí o fato de haver o exército de desempregados nos grandes centros urbanos. Igualmente continuarão a levar uma vida miserável mesmo na posse de uma terra, se não houver capacitação técnica. Por outro lado, tem surgido muitas vagas de empregos em muitas cidades pequenas e médias do interior do Brasil, que não são preenchidas por falta de formação educacional. A distribuição de terras pode até ser uma solução para o campo, mas não é a única. A melhor solução é de longo prazo e é EDUCAÇÃO. sem opinião
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Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
A lei é para todos sem exceção.
Se a Cutrale grilou ou não fazenda a justiça que resolve, não o MST que eu nunca votei nem autorizei a fazer valer a vontade da lei. MST não tem legitimidade para isso.
A anos atrás quando eu estudei o MST seu principal argumento para invasões sempre era os grandes latifúndios improdutivos, terras paradas nas mãos da especulação. O que aconteceu com essa justificativa do MST?
2 opiniões
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