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26/07/2003
-
07h02
da Folha de S.Paulo
Paulo Maluf declarou ontem em Montecarlo que não teve conta bloqueada: "Eu não tenho nenhuma conta fora do Brasil. Ponto final. E dessa que eu abri, em nome da minha mulher, não sacamos um dólar neste ano".
"Estou inclinado a contratar um advogado para interpelar o banco [Crédit Agricole], para saber se ele avisou ao governo todas as contas de um pouco mais de U$ 1 milhão. Não há bloqueio de minha conta porque eu não tenho conta", disse o ex-prefeito. Maluf diz que o episódio terá "efeito zero" na sua carreira política. Ele deu entrevista, por telefone, às 2h da manhã, horário de Montecarlo.
Folha - A versão das autoridades de Paris contradiz a sua afirmação de que foi espontaneamente prestar esclarecimentos.
Paulo Maluf - Você põe em dúvida a minha palavra? Às 2h da manhã?
Folha - Como foi o "day after", depois do episódio em Paris?
Maluf - Eu estou em Montecarlo, jantei com a presidenta da República do Panamá, jantei com o príncipe Ranier, estava na mesa de honra. Mas não posso permitir, se você me desculpar, que você ponha em dúvida minha palavra.
Folha - A titular da conta é realmente a sua mulher?
Maluf - Eu abri a conta em janeiro. Para a minha mulher. Com fundos que foram para lá, todos eles comprovados. Vão ter que tirar o bloqueio. Fui lá na segunda-feira, às 10h da manhã, com toda a comprovação. Então eles me disseram o seguinte: volta na quinta-feira. Eu voltei, entreguei tudo. Eles quiseram me entregar um cheque, que eu não aceitei. A conta não foi movimentada. Não se tirou da conta um dólar.
Folha - A conta foi bloqueada nesses últimos dias?
Maluf - Eu não sei se foi. Estou sabendo hoje. Na segunda-feira, o sr. Jean Marc Bouyge [diretor do Crédit Agricole] me disse: "Se o sr. quiser, leva um cheque já. Se quiser encerrar a conta, leva um cheque já"...
Folha - É verdade que o senhor ficou 11 horas sob tutela da polícia?
Maluf - Mas como eu fiquei 11 horas sob a tutela da polícia, se eu fui às 11h da manhã, ao banco, eu fiquei depondo... E você sabe, o computador é lento, eles vão botando, corrigindo, eu corrigi, fiquei realmente depondo das 15h30 até as 19h. Às 21h, eu já estava na porta do hotel, com os repórteres.
Folha - Não daria 11 horas...
Maluf - Fica um pouco difícil... O que importa não é se eu depus durante 11 horas ou três horas. Isso é irrelevante. O que importa é que eu vendi um terreno...
Folha - A Folha registrou isso... O passaporte diplomático ajudou ou atrapalhou o sr.? O Ministério das Relações Exteriores ajudou?
Maluf - Eu tenho passaporte diplomático, não é porque eu pedi. Me deram por direito. O passaporte eu só guardo no cofre. O que conta, e eu não tenho informação para lhe dar, o sr. pode investigar, é que quando o Quai D'Orsay [Ministério das Relações Exteriores francês] soube que duas pessoas com o passaporte diplomático estavam lá depondo, eles ficaram muito constrangidos. Acharam que não era o caso, poderia investigar sem que eu estivesse depondo. Poderiam perguntar por escrito. Se eu tivesse algum receio de dar algum tipo de explicação, eu não viria nem à França nem ao banco. Ficava no Brasil. O sr. percebeu que eu continuo na França?
Folha - Quais foram as manifestações que o sr. recebeu? O sr. se sentiu abandonado pelo PP?
Maluf - Ao contrário, o Pedro Corrêa (PP-PE) me ligou. Outros deputados me deram solidariedade. Hoje à noite, me ligou o Pedro Corrêa dizendo que emitiu uma nota em solidariedade.
Folha - Qual a sua avaliação do efeito político desse episódio na sua carreira?
Maluf - Zero. Ao contrário, vai ser positivo. Eu vou demonstrar que tudo foi mandado regularmente. Depois, vamos supor que nós temos que apoiar todo tipo de investigação. Será que uma investigação de U$ 1,8 milhão é a investigação que a França, que tem US$ 2 trilhões de produto interno bruto, vai fazer para moralizar o mercado? É essa gota no oceano...
Folha - O sr. tem pretensão de disputar a Prefeitura de São Paulo?
Maluf - - Ah, meu anjo... Sobre isso aqui o sr. não vai conversar às 2h da manhã. Nem eu vou te dar o furo... Você não acredita na minha palavra...
Folha - Como o sr. vê a nota do banco Crédit Agricole, afirmando que cumpriu e seguiu as instruções das autoridades francesas?
Maluf - Não sei se seguiu ou não. Mas estou inclinado a contratar um advogado para interpelar o banco para saber se avisou ao governo todas as contas de um pouco mais de U$ 1 milhão. Vou tentar fazer isso na Justiça, para que o banco apresente ao Ministério do Interior todas as contas com mais de US$ 1 milhão.
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Maluf sustenta que não tem "nenhuma conta fora do Brasil"
FREDERICO VASCONCELOSda Folha de S.Paulo
Paulo Maluf declarou ontem em Montecarlo que não teve conta bloqueada: "Eu não tenho nenhuma conta fora do Brasil. Ponto final. E dessa que eu abri, em nome da minha mulher, não sacamos um dólar neste ano".
"Estou inclinado a contratar um advogado para interpelar o banco [Crédit Agricole], para saber se ele avisou ao governo todas as contas de um pouco mais de U$ 1 milhão. Não há bloqueio de minha conta porque eu não tenho conta", disse o ex-prefeito. Maluf diz que o episódio terá "efeito zero" na sua carreira política. Ele deu entrevista, por telefone, às 2h da manhã, horário de Montecarlo.
Folha - A versão das autoridades de Paris contradiz a sua afirmação de que foi espontaneamente prestar esclarecimentos.
Paulo Maluf - Você põe em dúvida a minha palavra? Às 2h da manhã?
Folha - Como foi o "day after", depois do episódio em Paris?
Maluf - Eu estou em Montecarlo, jantei com a presidenta da República do Panamá, jantei com o príncipe Ranier, estava na mesa de honra. Mas não posso permitir, se você me desculpar, que você ponha em dúvida minha palavra.
Folha - A titular da conta é realmente a sua mulher?
Maluf - Eu abri a conta em janeiro. Para a minha mulher. Com fundos que foram para lá, todos eles comprovados. Vão ter que tirar o bloqueio. Fui lá na segunda-feira, às 10h da manhã, com toda a comprovação. Então eles me disseram o seguinte: volta na quinta-feira. Eu voltei, entreguei tudo. Eles quiseram me entregar um cheque, que eu não aceitei. A conta não foi movimentada. Não se tirou da conta um dólar.
Folha - A conta foi bloqueada nesses últimos dias?
Maluf - Eu não sei se foi. Estou sabendo hoje. Na segunda-feira, o sr. Jean Marc Bouyge [diretor do Crédit Agricole] me disse: "Se o sr. quiser, leva um cheque já. Se quiser encerrar a conta, leva um cheque já"...
Folha - É verdade que o senhor ficou 11 horas sob tutela da polícia?
Maluf - Mas como eu fiquei 11 horas sob a tutela da polícia, se eu fui às 11h da manhã, ao banco, eu fiquei depondo... E você sabe, o computador é lento, eles vão botando, corrigindo, eu corrigi, fiquei realmente depondo das 15h30 até as 19h. Às 21h, eu já estava na porta do hotel, com os repórteres.
Folha - Não daria 11 horas...
Maluf - Fica um pouco difícil... O que importa não é se eu depus durante 11 horas ou três horas. Isso é irrelevante. O que importa é que eu vendi um terreno...
Folha - A Folha registrou isso... O passaporte diplomático ajudou ou atrapalhou o sr.? O Ministério das Relações Exteriores ajudou?
Maluf - Eu tenho passaporte diplomático, não é porque eu pedi. Me deram por direito. O passaporte eu só guardo no cofre. O que conta, e eu não tenho informação para lhe dar, o sr. pode investigar, é que quando o Quai D'Orsay [Ministério das Relações Exteriores francês] soube que duas pessoas com o passaporte diplomático estavam lá depondo, eles ficaram muito constrangidos. Acharam que não era o caso, poderia investigar sem que eu estivesse depondo. Poderiam perguntar por escrito. Se eu tivesse algum receio de dar algum tipo de explicação, eu não viria nem à França nem ao banco. Ficava no Brasil. O sr. percebeu que eu continuo na França?
Folha - Quais foram as manifestações que o sr. recebeu? O sr. se sentiu abandonado pelo PP?
Maluf - Ao contrário, o Pedro Corrêa (PP-PE) me ligou. Outros deputados me deram solidariedade. Hoje à noite, me ligou o Pedro Corrêa dizendo que emitiu uma nota em solidariedade.
Folha - Qual a sua avaliação do efeito político desse episódio na sua carreira?
Maluf - Zero. Ao contrário, vai ser positivo. Eu vou demonstrar que tudo foi mandado regularmente. Depois, vamos supor que nós temos que apoiar todo tipo de investigação. Será que uma investigação de U$ 1,8 milhão é a investigação que a França, que tem US$ 2 trilhões de produto interno bruto, vai fazer para moralizar o mercado? É essa gota no oceano...
Folha - O sr. tem pretensão de disputar a Prefeitura de São Paulo?
Maluf - - Ah, meu anjo... Sobre isso aqui o sr. não vai conversar às 2h da manhã. Nem eu vou te dar o furo... Você não acredita na minha palavra...
Folha - Como o sr. vê a nota do banco Crédit Agricole, afirmando que cumpriu e seguiu as instruções das autoridades francesas?
Maluf - Não sei se seguiu ou não. Mas estou inclinado a contratar um advogado para interpelar o banco para saber se avisou ao governo todas as contas de um pouco mais de U$ 1 milhão. Vou tentar fazer isso na Justiça, para que o banco apresente ao Ministério do Interior todas as contas com mais de US$ 1 milhão.
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