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05/04/2004 - 19h08

Brasil tem direito de proteger tecnologia nuclear, diz Celso Amorim

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a Folha Online

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu hoje, no Rio de Janeiro, que o Brasil tem "o direito" de restringir (alguns tipos de) inspeções nucleares no país. No entanto, segundo ele, o modo de realizar as inspeções "deve ser sempre negociado".

Segundo o ministro, o Brasil nunca colocou obstáculos às inspeções e só negocia a forma como isso será feito. O ministro defende que é necessário proteger a tecnologia (nuclear) desenvolvida pelo Brasil.

As declarações de Amorim foram dadas hoje, no Rio, em resposta à reportagem publicada ontem pelo jornal norte-americano "The Washington Post" --a qual afirmava que o Brasil impede inspeções da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) nas Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Resende (Rio de Janeiro).

Em nota, o governo classificou a reportagem do "Post" como inaceitável.

"O país tem procurado encontrar a maneira que, ao mesmo tempo assegure que nossa utilização de energia nuclear é totalmente para fins pacíficos e garanta a possibilidade de termos tecnologia própria nesse setor, que é tão importante economicamente; não há razão para que o Brasil fique fora dele", declarou Amorim, durante palestra na Câmara de Comércio Americana do Rio.

O ministro disse que evitaria aprofundar sua avaliação porque "os procedimentos para a inspeção ainda não foram discutidos pelo governo", e lembrou que o acordo Brasil-Argentina no setor nuclear já prevê salvaguardas de energia atômica abrangentes com a Agência Internacional de Energia Atômica.

Governo confirma restrição

O Ministério da Ciência e Tecnologia informou, em nota divulgada ontem, que fiscais internacionais estiveram na INB, em fevereiro e março deste ano, e confirmou que restringiu, como "forma de proteger" a tecnologia empregada no equipamento, o acesso dos inspetores à centrífuga que produz o urânio enriquecido.

Amorim discordou da maneira como a reportagem do "Post" foi escrita e a atribuiu a "acusação" ao Brasil como tendo origem em interesses de alguns organismos norte-americanos, como organizações não-governamentais.

Sobre a insinuação feita pelo ex-negociador nuclear dos Estados Unidos, James E. Goodby, de que "é preciso aplicar as mesmas regras para adversários e amigos" --comparando o Brasil ao Irã e à Coréia do Norte, inimigos declarados dos norte-americanos-- Amorim ironizou: "Deus nos livre".

"Ninguém tem dúvidas de que o nosso uso de energia nuclear é para fins pacíficos e mais do que isso, para produção de energia", afirmou o ministro.

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