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15/06/2004 - 15h42

Lula defende a importação de produtos mais caros dos vizinhos

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SILVIO NAVARRO
da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje o êxito de sua política externa "ousada" e disse ter capitaneado a recuperação do Mercosul. Afirmou que era preciso "conquistar a confiança" dos vizinhos sul-americanos e que o Brasil importará produtos deles, mesmo se forem mais caros.

"Nos primeiros 12 meses de governo, visitamos todos os países da América do Sul, recebemos todos todos os presidentes. Recuperamos o Mercosul, que estava desacreditado entre os seus próprios integrantes, e estamos trabalhando com o sonho e o desejo de, até o final do ano, termos toda a América do Sul participando no Mercosul", disse, na abertura de um fórum da sociedade civil, na Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento).

Disse que, na América do Sul, o Brasil era visto como um país "imperialista" e citou a atual relação bilateral com a Argentina, segundo ele "a melhor de toda a história". "Sempre tivemos muitas divergências, não apenas no futebol", afirmou. "Minha relação com o presidente Kirchner [Néstor] é de amizade pessoal, companheirismo e confiança. Temos de viver muito bem, levando em conta que de vez em quando temos problemas, mas isso é normal."

Lula disse também que o Brasil tem de ajudar os países mais pobres e importar produtos, ainda que não ofereça o melhor preço. Citou o arroz uruguaio e disse que precisa ajudar a Bolívia a "produzir coisas que nós mesmos vamos comprar".

Ainda sobre o bloco sul-americano, Lula afirmou que, até o final do ano, o Mercosul deverá ter a adesão dos membros da Comunidade Andina, formada por Peru, Equador, Venezuela e Colômbia.

Ousadia

O presidente disse que decidiu fazer uma política externa "muito ousada" para ter força de fazer mudanças "nesse mundo globalizado onde normalmente predomina os interesses de quem tem mais dinheiro, tecnologia e poder".

Ele também voltou a cobrar "seriedade" dos países em desenvolvimento para que o repasse de recursos "não pareça ajuda humanitária". Disse que "convencer as pessoas a fazer determinadas coisas é muito complicada" e que, quando o G20 foi criado, muitos países sofreram pressões para desistirem.

"Somos nós que temos que levantar a cabeça, porque convencer um europeu, japonês ou americano a dar um dólar do seu imposto para ajudar os países pobres é preciso que a gente faça jus", afirmou. "Precisamos de instrumentos de fiscalização desses recursos, porque estamos cansados de ver dinheiro que é enviado para combater a pobreza ser desviado para a conta de dirigentes no exterior."

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