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16/02/2005 - 16h30

Denúncia de Severino Cavalcanti levou expulsão de padre italiano

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FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

O novo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), foi o autor da denúncia que levou o governo militar a expulsar do país o padre italiano Vito Miracapillo, em 31 de outubro de 1980.

Cavalcanti liderou o movimento contra o religioso porque ele se recusou a celebrar uma missa comemorativa à Independência. Miracapillo alegou que o país ainda não havia efetivamente conquistado a sua independência.

Ligado à ala progressista da Igreja Católica, o padre, que vivia no Brasil desde 1975, atuava em Ribeirão (a 100 km de Recife, PE), município localizado na Zona da Mata, uma das áreas de influência do deputado, à época.

O parlamentar formalizou a denúncia ao então ministro da Justiça, Ibrahim Abi Ackel, e, pouco mais de um mês depois, no dia 15 de outubro, o presidente da República, general João Baptista Figueiredo, assinou a expulsão.

O instrumento legal usado para banir Miracapillo do país foi o Estatuto do Estrangeiro, que havia sido recentemente aprovado e que proíbe os estrangeiros admitidos no Brasil de exercer atividade de natureza política (a mesma lei foi utilizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar banir do país o jornalista americano Larry Rohter, no ano passado).

O decreto de expulsão de Miracapillo foi revogado em março de 1993 pelo presidente Itamar Franco, mas o padre --que hoje, aos 60 anos, vive na Itália --ainda não pode morar no Brasil porque aguarda a anistia.

Durante a tramitação do processo de expulsão, Miracapillo enfrentou protestos até mesmo na sua paróquia. Fazendeiros contrários à linha de atuação do padre chegaram a invadir a igreja armados, durante uma missa de desagravo ao religioso.

Cavalcanti era influente no meio rural da Zona da Mata e do Agreste, principalmente entre o "baixo clero" do campo, os pequenos e médios produtores, fornecedores de cana-de-açúcar e cultivadores de banana.

A expulsão de Miracapillo teve repercussão internacional, mas em nenhum momento o parlamentar, na época filiado ao PDS, mostrou arrependimento. Ele justificou seu ato afirmando que o padre estava desagregando os moradores de Ribeirão.

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