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07/06/2005 - 20h49

Lula diz que cortará "na própria carne" em apuração de denúncias

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ANA PAULA RIBEIRO
FELIPE RECONDO
PATRÍCIA ZIMMERMANN
da Folha Online, em Brasília

Depois de semanas sendo bombardeado por denúncias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira que, se necessário, continuará demitindo funcionários envolvidos em supostos casos de corrupção. "Digo que cortaremos na própria carne se necessário", disse logo após comentar as demissões no IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) --o governo também demitiu diretores dos Correios.

"Independentemente do uso político-eleitoral que alguns estão fazendo, o meu governo levará as investigações até as últimas conseqüências. Para isso jurei a Constituição do Brasil. Por isso sou o principal guardião das instituições deste país. Estou plenamente consciente das minhas atribuições como primeiro mandatário e, como disse em meu discurso, como funcionário público número 1", disse o presidente, ao discursar na abertura do 4º Fórum Global de Combate à Corrupção .

"Sem prejulgar ninguém e respeitando o direito a defender que todo cidadão e cidadã possui, não vamos vacilar um segundo na defesa do interesse da coisa pública. O que está em jogo não são alguns parlamentares, funcionários, ministros. O que está em jogo é a respeitabilidade das instituições das quais sou o principal guardião deste país."

Em um referência ao governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula disse que "privatizações inadequadas, sucateamento da máquina pública e terceirização da gestão estatal" facilitaram o aumento da corrupção no país.

CPI

Ao demonstrar que irá apoiar a investigação sobre o pagamento de mesada a parlamentares em troca de apoio ao governo, o presidente disse que o momento exige a máxima transparência. "O governo está investigando. Não se opõe, ao contrário, estimulará que o Poder Legislativo desenvolva suas investigações com equilíbrio que sabemos possuir o Congresso Nacional. E esse Congresso que não pode estar sujeito a compra", disse Lula ao comentar que o país "sairá mais fortalecido dessa conjuntura".

Contrariando a expectativa que o governo anunciaria uma série de medidas de combate à corrupção durante a abertura do fórum, o presidente diz que esse não é o momento. "Não são panacéias que nos ajudarão a enfrentar problemas que se arrastam por décadas, se não por séculos. É evidente que as nossas instituições precisam ser reforçadas", disse ao defender mais uma vez a reforma política.

Transparência

Desde o início do discurso, Lula citou diversas medidas tomadas em seu governo em favor da transparência dos gastos públicos e do empenho do governo em combater a corrupção. Lula também lembrou que na sua gestão esquemas de corrupção que duravam 12 anos --como a máfia do sangue, desmontada pela Operação Vampiro-- foram descobertos por investigações da Polícia Federal.

O presidente reafirmou que o combate à corrupção passa pelo comportamento ético dos que estão no governo. 'A corrupção é uma coisa crônica. Ela está incrustada na alma. Ela muitas vezes está incrustada na consciência do corrupto. Ela está incrustada na impunidade.'

Falando diretamente aos parlamentares presentes, o presidente disse esperar que o país possa dar uma contribuição para o mundo. 'Nós queremos ser para o mundo também exemplo de combate à corrupção e do fim da impunidade nos países em desenvolvimento como o nosso querido Brasil.'

Homicídio

O ministro Waldir Pires (Controle e Transparência) também discursou na abertura do fórum e lembrou que a corrupção é um crime antigo e que não é extinto, mas que deve ser combatido. "Como o homicídio, ela é um velho crime que não se extingue, não acaba. Combate-se. O que não se pode admitir é a corrupção ficar impune. Mais do que nunca o seu combate é o nosso dever impostergável."

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