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08/06/2005 - 10h51

Reação de Lula à crise do "mensalão" ganha destaque em jornais estrangeiros

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VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que irá cortar "na própria carne se necessário", ao comentar as demissões no IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) --o governo também demitiu diretores dos Correios. "Não vamos vacilar um segundo na defesa do interesse da coisa pública (...) O que está em jogo é a respeitabilidade das instituições das quais sou o principal guardião deste país", disse o presidente.

O governo se viu mergulhado em mais uma crise com a entrevista concedida pelo deputado federal e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, à Folha de S.Paulo, na qual denunciou um esquema de "mesadas" de R$ 30 mil, pagas, segundo ele, pelo tesoureiro do PT, Delúbio Soares, a parlamentares da base aliada do governo. Veja a seguir a repercussão da reação de Lula à crise na mídia internacional.

"Clarín"

O jornal argentino "Clarín" destaca as demissões nos Correios e no IRB e diz que "há suspeitas de que ambas as estatais tenham se tornado ninhos de subornadores".

Demitir as diretorias das duas empresas foi "a primeira medida de Lula para tentar reduzir o estrago causado pelos escândalos". O diário argentino diz que a próxima baixa no governo pode ser o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia (PP). Segundo Jefferson, membros do PP e o PL teriam sido os principais beneficiados no esquema do "mensalão".

O jornal ainda lembrou as acusações de corrupção contra o ministro Romero Jucá (Previdência) e o presidente do Banco central, Henrique Meirelles. Meirelles é suspeito de remessa ilegal para o exterior, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro e crime eleitoral em 2002. Jucá é investigado no caso de irregularidade em empréstimo concedido pelo Basa (Banco da Amazônia) à empresa Frangonorte, de Roraima, da qual Jucá era um dos sócios. Os dois negam as irregularidades.

"La Nación"

O diário portenho "La Nación" deu destaque à reação do PT ás acusações feitas por Jefferson. O jornal lembrou a reação do presidente do partido, José Genoino, que disse que "passará à ofensiva" para defender "com todos os meios" o PT.

Genoino deu a entender, segundo o "La Nación", que Jefferson pode haver "inventado" o caso dos subornos na tentativa de desviar a atenção das denúncias que pesam contra ele, que é acusado de estar à frente de um esquema de cobrar propinas nos Correios e no IRB.

"The New York Times"

O jornal americano "The New York Times" destacou que o governo brasileiro "tem uma tradição de pagar para obter apoio no Congresso por meio de liberação de recursos para projetos de parlamentares em seus redutos eleitorais. "Mas os pagamentos diretos a legisladores [referindo-se ao esquema do "mensalão"], no entanto, leva a prática a um novo patamar." O "NYT" lembra que o escândalo "parece ser o primeiro golpe na luta pela liderança na quarta maior democracia do mundo", em referência à eleição presidencial de 2006.

O diário americano lembra ainda um comentário sobre os escândalos de corrupção no Brasil, em uma nota do banco de investimentos JP Morgan. "Temos dito que o ruído político teria impactos limitados no mercado porque não havia atingido o centro da administração Lula (...) Nossa posição (...) precisa ser reavaliada agora que as últimas alegações estão de aproximando do círculo interno do governo Lula", diz a nota do banco, segundo o "NYT".

"BBC"

A rede de notícias britânica BBC lembrou a "manifestação enfática" de Lula ao dizer que "não irá acobertar ninguém" e prometer uma investigação completa sobre o caso.

A BBC disse, no entanto, que não houve uma clara negação dos pagamentos, supostamente feitos por Delúbio Soares a parlamentares da base aliada do governo, na fala do presidente. "De forma notável, não houve clara negação da alegação de que o tesoureiro do partido tenha feito os pagamentos a legisladores de outros partidos, mas também não há ainda nenhuma prova material que fundamente a acusação", diz a BBC.

"Miami Herald"

O diário americano "Miami Herald" destacou o abalo no mercado financeiro provocado pela denuncia do presidente do PTB. A Bolsa de Valores de São Paulo fechou ontem em queda de 2,06%, aos 25.026 pontos. Foi o segundo dia consecutivo de queda devido ao caso.

O jornal cita uma nota do banco UBS, que diz que "ainda é muito cedo para antecipar a magnitude do escândalo político, mas acreditamos que esse deva ser o foco principal das manchetes nos próximos dias, e provavelmente, nas próximas semanas".

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