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17/08/2005 - 16h26

Esquerda protesta contra decisão da Executiva do PT

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ROSE ANE SILVEIRA
da Folha Online, em Brasília

A esquerda do PT vai utilizar a tribuna da Câmara para marcar sua posição contra a decisão da Executiva Nacional do partido que decidiu ontem não investigar por meio do Conselho de Ética do PT os deputados envolvidos no escândalo do "mensalão".

A idéia é pressionar para que, durante a reunião do diretório nacional no dia 23, a posição da Executiva seja revista e os dirigentes partidários que participaram do esquema de formação de caixa dois no partido sejam suspensos e todos os parlamentares envolvidos sejam investigados, segundo explicou o deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ).

Biscaia foi o primeiro dos integrantes do grupo independente, formado por 21 deputados da esquerda do PT, a subir na tribuna e defender a total investigação dos fatos e a punição dos envolvidos. "Comissão de Ética para todos os parlamentares e suspensão dos envolvidos. Isto é o mínimo que o PT pode fazer para iniciar o processo de reconstrução do partido", disse Biscaia.

O deputado Ivan Valente (PT-SP) classificou como "pífia" a resolução de ontem da Executiva Nacional do PT. Em reunião realizada em Brasília, por nove votos a favor, seis contrários e uma abstenção, a Executiva decidiu não encaminhar os deputados envolvidos no esquema do "mensalão" para a Comissão de Ética nem suspender ninguém das atividades partidárias.

"Foi uma solução pífia, sem proposta para resolver os problemas colocados. Vamos voltar ao diretório nacional e pedir que ele reveja a decisão da Executiva." Valente acredita que ainda dá tempo de o PT mudar de posição e dar uma satisfação à sociedade sobre a crise gerada no país por integrantes do próprio partido.

Ivan Valente acusou a direção do PT, que está sob o comando do Campo Majoritário, de tomar providências com atraso, "a reboque dos acontecimentos". "Quando foi pedido o afastamento do Delúbio [Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT] a Executiva negou e 15 dias depois ele foi afastado."

"Todas as outras iniciativas sempre foram atrasadas. Mesmo com os fatos, com provas gritantes, o Campo Majoritário reluta em tomar uma posição e cria um desgaste brutal para o PT. Eles estão sangrando o partido", avaliou Valente.

Tanto o deputado paulista como Biscaia afirmam que a esquerda do PT tem se adiantado em cobrar uma postura mais firme da direção do PT e o Campo Majoritário tem impedido este posicionamento.

"Um exemplo foi a assinatura para a criação da CPI dos Correios. Nós assinamos e fomos ameaçados pelo deputado José Dirceu [PT-SP] de expulsão. O Campo Majoritário disse que estávamos prejudicando o governo. O presidente Lula veio depois e cobrou que a iniciativa tinha que ter sido do PT. Que o partido é quem deveria ter proposto a CPI", lembrou Valente.

Menos confiante, o deputado Walter Pinheiro (PT-BA) disse não acreditar mais que a decisão da Executiva possa ser alterada. "Depois do documento que a Executiva assinou ontem, quem tinha esperança na melhora do PT, esta esperança foi depositada no lixo."

Segundo Pinheiro, não só ele, mas quase todo o bloco independente, está preocupado com a possibilidade de ter que deixar o PT caso não haja uma mudança no comando partidário. "Não quero pensar nisto agora. Vamos lutar até o final para ver se conseguimos refundar o partido. Vamos ver se tiramos eles [integrantes do Campo Majoritário] para fora do comando do partido no PED [Processo de Eleições Diretas]. Se isto não acontecer, vamos ter que procurar outro rumo", disse Pinheiro.

O deputado disse que a partir de agora não assinará mais nenhum documento pedindo para que a Executiva do PT tome providências para apurar responsabilidades. "Só resta agora mobilizar, pressionar por fora. Vamos ver se a gente salva o que está aí."

Resolução

O PT apresentou hoje uma resolução de sua Executiva onde faz um pedido formal de desculpas à nação sobre as denúncias de "caixa dois" que envolveram diretamente dirigentes do partido.

Em discurso na última sexta-feira, o presidente Lula afirmou que o "governo e o PT" precisavam pedir desculpas "pelos erros cometidos".

A cúpula do PT também orienta os diretórios municipais da sigla para que promovam debates e manifestações em defesa da legenda e do governo Lula no dia 27 de agosto.

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