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12/05/2010 - 10h18

Denúncias afastam Tuma Jr. e mais 2 do Ministério da Justiça

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da Reportagem Local
da Sucursal de Brasília

As denúncias que apontam a ligação do secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, com o chinês Li Kwok Kwen, o Paulo Li, acusado de contrabando, atingiram, além de Tuma Jr., mais dois funcionários do Ministério da Justiça.

Ontem, o secretário nacional de Justiça afirmou que irá pedir alguns dias de férias para preparar sua defesa. Outro que vai ficar fora do ministério também sob a alegação de férias é o diretor do Departamento de Estrangeiro, Luciano Pestana.

Tuma Jr. tira férias, e presidente Lula vê saída definitiva de secretário
Corregedoria da PF em São Paulo é favorável a inquérito contra Tuma Jr.
Após denúncias, governo federal pressiona por saída de Romeu Tuma Jr.
"PF cometeu abusos na minha investigação", afirma Tuma Jr.
Presidente da OAB defende afastamento de Tuma Jr. durante investigação

O policial federal Paulo Guilherme Mello, o Guga, braço direito do secretário, foi devolvido para a Polícia Federal, que o havia cedido ao Ministério da Justiça. Ambos foram flagrados em escutas feitas pela PF para investigar contrabando.

"Estou pensando em pedir férias. Eu pretendo tirar alguns dias de férias sim. Mas você pode ter certeza de que eu vou voltar com a alma lavada e com a honra restabelecida", afirmou o secretário em entrevista ao programa "Brasil Urgente", da TV Bandeirantes.

Ao jornalista José Luiz Datena, Tuma disse que as investigações do caso já foram encerradas e que o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, pediu para que ele não saísse do cargo.

"Eu tenho que mostrar paras pessoas que acreditam em mim que eu não cometi nenhum ilícito, nenhuma irregularidade. Eu estou pensando seriamente [em pedir férias], até pelas minhas filhas que estão muito amarguradas", afirmou.

Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é muito difícil ele se manter no posto depois da saída. Na avaliação do petista, não há nenhuma prova de que o secretário tenha "cometido um crime", mas suas conversas com uma pessoa acusada de contrabando tornam sua situação quase "insustentável".

Em fevereiro deste ano, parecer da Corregedoria da Polícia Federal em São Paulo foi favorável à abertura de inquérito para investigar Tuma.

"Não estou acima da lei, respeito a PF e tenho carinho por essa instituição. Tudo isso que se pretende apurar nesse inquérito é algo que já foi apurado. Se a PF entender que tem que investigar novamente, não tem problema", disse.

O presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Sepúlveda Pertence, anunciou que o órgão decidiu abrir procedimento preliminar para apurar se o secretário agiu de forma irregular ao manter ligação com o chinês. "Pedi para ser ouvido", afirmou Tuma Jr..

Segundo a PF, Tuma Jr. não fazia parte dos investigados nem teve seu telefone grampeado. A polícia informa que após a prisão do chinês em setembro de 2008, o secretário procurou a PF para prestar declarações sobre sua relação com ele.

Investigação da PF mostra que há suspeitas de que Tuma Jr. ajudou Paulo Li a regularizar a situação de imigrantes ilegais e interveio para liberar mercadoria apreendida. Nas gravações, Tuma Jr. trata da compra de um celular e de videogame. Li foi assessor de Tuma Jr. quando ele era deputado estadual.

Em entrevista à Folha, Tuma Jr. disse que a investigação da PF cometeu abusos. "Não da PF, mas de pessoas da PF. Fui investigado e chegou-se à conclusão que eu não deveria ser denunciado. O caso foi arquivado", afirmou. Ele disse que o caso foi encerrado no ano passado e voltou à tona por causa de seus ataques ao crime organizado.

Pauli Li

A prisão do chinês e de mais 15 pessoas ocorreu em setembro de 2009, após a PF deflagrar as operações Wei Jin (em chinês, trazer mercadoria proibida) e Linha Cruzada. Juntas, as duas operações tinham o objetivo de combater o contrabando de mercadorias e o vazamento de informações sigilosas, desarticulando uma quadrilha especializada no contrabando de celulares falsificados chineses.

De acordo com a PF, além de Paulo Li, a organização era integrada por despachantes aduaneiros, lojistas, gráficos, um ex-oficial do Exército Brasileiro e até mesmo um ex-membro do Serviço Secreto do Chile. Na época, a PF acusou "um conhecido mestre de Kunf Fu" de ser um importante membro do grupo, responsável por movimentar mais de R$ 1 milhão mensais revendendo os aparelhos que recebia da China.

Além de ter sido instrutor de Kunf Fu de Tuma Júnior, Paulo Li deu aulas na superintendência paulista da PF quando o pai do secretário, o atual senador Romeu Tuma (PTB-SP), era superintendente do órgão.

Na semana passada, o jornal "O Estado de S. Paulo" publicou uma matéria apontando a ligação de Tuma Júnior com Li. Em uma conversa telefônica gravada pela PF, ele pergunta ao chinês se um jogo eletrônico contrabandeado estaria à venda na avenida Paulista, em São Paulo.

Ainda segundo o jornal, a PF também teria encontrado indícios de que Tuma Júnior auxiliou Paulo Li a regularizar a situação de chineses que viviam clandestinamente em São Paulo. À Agência Brasil, contudo, a assessoria da PF se limitou a informar que o secretário não foi investigado e que suas conversas com Paulo Li só foram gravadas porque os telefonemas do chinês estavam sendo monitorados com autorização judicial.

 

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