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09/09/2006 - 11h03

"Palanque eletrônico" lidera lista de despesas de candidatos à Presidência

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EPAMINONDAS NETO
da Folha Online

As despesas dos candidatos mais competitivos à Presidência da República são um indicativo claro das mudanças entre as campanhas presidenciais de 2002 e 2006.

Os candidatos praticamente abandonaram a prática dos comícios e priorizaram os gastos com material de campanha e com os programas de rádio e TV --o famoso "palanque eletrônico"--, de longe o principal item das despesas parciais declaradas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até o momento.

Somente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou gastos com realização de comícios (R$ 169.858,90) entre os quatro principais candidatos, mas que representam apenas uma parcela reduzida (0,01%) das despesas totais declaradas à Justiça Eleitoral (R$ 14,38 milhões) pelo candidato.

A "produção de programas de rádio, televisão ou vídeo" representa 85% do total das despesas declaradas à Justiça Eleitoral pela presidenciável do PSOL, Heloísa Helena, seguida pelos R$ 4.662,41 referentes à despesas de transportes.

A produção de programas também representa uma boa parte (cerca de 50%) das despesas declaradas do pedetista Cristovam Buarque, seguido pelos gastos com material impresso de campanha (40%).

Mesmo no caso de uma campanha mais abonada (previsão de gastos de R$ 85 milhões), os gastos com o "palanque eletrônico" pelo candidato Lula estão os mais altos.

Em sua lista de despesas declaradas, a produção de programas para rádio e TV (R$ 2,7 milhões) está entre os maiores gastos, junto com material de campanha do tipo "placas e estandartes" (R$ 2,77 milhões) e material impresso (R$ 1,988 milhão).

O comitê financeiro de campanha do PSDB declarou despesas de R$ 8,68 milhões (42% das despesas totais) com a produção de programas de rádio e TV. O segundo maior item de gastos é o material impresso de campanha (R$ 3,5 milhões).

Lula e Alckmin também se destacam pelos gastos com pesquisas eleitorais, item ausente nas declarações de Cristovam e Heloísa Helena. Enquanto o primeiro registra despesas de R$ 1,18 milhão (quase 10% do total), o segundo pagou quase R$ 1 milhão (R$ 773,5 mil), de um total de R$ 20,8 milhões em despesas totais declaradas.

Campanhas mais caras

O especialista em marketing eleitoral, Marco Iten, acredita que as campanhas devem ficar mais caras --em contraste com a intenção original da reforma eleitoral-- e devem favorecer os candidatos que tentam a reeleição ou um novo cargo público.

Para Iten, a nova lei, que proíbe os "showmícios" e limita o uso de santinhos e material visual de campanha "favorece os atuais deputados" e prejudica quem "não tem estrutura física nem financeira" para uma campanha eleitoral.

Com o desaparecimentos dos comícios, afirma o especialista, devem aumentar os gastos com as equipes de divulgação. "Um showmício com um conjunto musical de médio conhecimento custava em torno de R$ 15 mil e um grupo de candidatos a deputado se beneficiava. Agora, eles [os candidatos] estão gastando com aquilo que é mais caro: a contratação de pessoas", disse.

"Para um candidato a deputado estadual se tornar conhecido, por exemplo, precisa alugar uma kombi [R$ 1,5 mil/mês], contratar gente [R$ 400/mês cada] para distribuir os santinhos ou folhetos. Precisa gastar com material impresso, gastar com o motorista, com a gasolina, com a manutenção da kombi", acrescenta. "E para uma campanha a deputado estadual, você não pode ter só uma equipe, mas ter pelo menos umas 15 somente na capital".

Segundo o especialista, os comitês de campanha também tendem a gastar cada vez mais com material impresso de campanha para divulgar os candidatos, com a ausência dos comícios. "As gráficas, hoje, estão no limite de sua capacidade de produção", afirma.

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