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15/12/2006
-
10h01
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
da Agência Folha
Ao menos cinco funcionários de uma empresa de segurança privada disseram em depoimento à Polícia Federal que receberam R$ 100 para votar no governador reeleito de Rondônia, Ivo Cassol, do MD (antigo PPS). Por telefone, a Folha localizou quatro deles, que confirmaram o pagamento.
Eles são empregados da Rocha Segurança e Vigilância, propriedade de Irineu Gonçalves, irmão de Expedito Júnior (PPS), senador eleito e aliado de Cassol nas últimas eleições.
Segundo os depoimentos --citados em uma investigação judicial da Procuradoria Regional Eleitoral do Estado baseado em inquérito da PF--, além do governador e do senador eleito, o "pacote" de quem os funcionários deveriam votar incluía Val Ferreira (PPS), que é mulher de Expedito e não se elegeu para a Câmara, e José Antônio Gonçalves Ferreira (PSDC), que é irmão de Expedito e foi derrotado na disputa para a Assembléia Legislativa.
Todos os candidatos negam que tenham comprado votos ou autorizado alguém a fazê-lo.
Em seus depoimentos, os funcionários dizem que, depois de acordada a venda do voto, um emissário dizia que eles deveriam também trabalhar para as candidaturas dos quatro como "formiguinhas" --distribuindo panfletos e material de campanha. Os funcionários afirmam que, em seguida, assinavam um contrato. Segundo as investigações, o documento dizia que os R$ 100 pagos se referiam ao trabalho na campanha de Carlos dos Reis Batista (Prona), outro candidato a deputado estadual não eleito.
Os contratos, assim como o comprovante de pagamentos, foram encontrados na empresa Rocha pela PF. Até agora, as apurações apontam que Batista atuava como "laranja" para o suposto esquema da compra de votos, legalizando o dinheiro usado na irregularidade.
Com apenas 40 votos a seu favor, o candidato apresenta, em sua prestação entregue à Justiça Eleitoral, gastos de R$ 164.152,07, basicamente com pagamentos de R$ 100 a 960 pessoas físicas, com a justificativa de "serviços prestados por terceiros". A Procuradoria e a PF acreditam que a maioria dos beneficiários dos depósitos sejam funcionários da Rocha. Todos que depuseram disseram não conhecer o candidato.
O Ministério Público não pretende tentar suspender a diplomação de Cassol e Expedito, prevista para hoje. De acordo com o resultado do inquérito da PF, a Procuradoria pode pedir, posteriormente, a impugnação do diploma dos dois candidatos eleitos. A captação de sufrágio (compra de votos) pode acarretar a perda do mandato e, na esfera penal, a reclusão de um a quatro anos.
A Folha ligou para quatro funcionários da Rocha. Todos confirmaram que receberam a proposta de ganhar o dinheiro.
Três deles disseram que o dinheiro era para votar nos quatro candidatos citados nos depoimentos. Um afirmou que recebeu o dinheiro, mas para trabalhar como "formiguinha".
Sob a condição de não revelarem seus nomes, os três que confirmaram a compra disseram saber que a proposta não se restringiu a eles: "Todo mundo recebeu esse dinheiro aí, e assinou um termo lá".
Outro lado
Em nota, o governador reeleito de Rondônia, Ivo Cassol (PPS), negou que tenha oferecido ou autorizado qualquer pessoa a oferecer dinheiro em seu nome em troca de votos.
"Todas as denúncias devem ser devidamente analisadas, envolvendo seja quem for. O que não posso aceitar e não admito é que meu nome seja envolvido numa situação em que, de forma alguma, tive ou tenho qualquer relação."
Cassol afirmou também que é responsável por sua campanha, a qual, segundo ele, não teve nenhuma irregularidade.
"Fui um dos nove candidatos ao governo do Estado que teve as contas de campanha aprovadas já na primeira análise e não aceito qualquer ilação que envolva meu nome."
Sobre as acusações contra seu aliado, o senador eleito Expedito Júnior (PPS), a nota diz que Cassol "tem certeza de que [...] Expedito Júnior dará todas as explicações necessárias sobre o episódio que tem envolvido seu nome".
Contatado pela Folha, o secretário de Comunicação do governo de Rondônia, Sérgio Pires, disse que Cassol "ao menos por enquanto, não pretende acrescentar nada" à nota.
À reportagem, Expedito já havia negado as suspeitas. Ele afirma que Acir Gurgacz (PDT), seu principal adversário político na disputa ao Senado deste ano, em Rondônia, seria o interessado na anulação dos resultados das urnas.
Ontem, a Folha tentou contatá-lo por meio de seu telefone celular, que estava desligado.
Os candidatos derrotados José Antônio (PSDC), Val Ferreira (PPS) e Carlos dos Reis Batista (Prona) não foram encontrados para dar suas versões.
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Leia o que já foi publicado sobre compra de votos
Eleitor trocou voto por R$ 100 em Rondônia
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da Agência Folha
Ao menos cinco funcionários de uma empresa de segurança privada disseram em depoimento à Polícia Federal que receberam R$ 100 para votar no governador reeleito de Rondônia, Ivo Cassol, do MD (antigo PPS). Por telefone, a Folha localizou quatro deles, que confirmaram o pagamento.
Eles são empregados da Rocha Segurança e Vigilância, propriedade de Irineu Gonçalves, irmão de Expedito Júnior (PPS), senador eleito e aliado de Cassol nas últimas eleições.
Segundo os depoimentos --citados em uma investigação judicial da Procuradoria Regional Eleitoral do Estado baseado em inquérito da PF--, além do governador e do senador eleito, o "pacote" de quem os funcionários deveriam votar incluía Val Ferreira (PPS), que é mulher de Expedito e não se elegeu para a Câmara, e José Antônio Gonçalves Ferreira (PSDC), que é irmão de Expedito e foi derrotado na disputa para a Assembléia Legislativa.
Todos os candidatos negam que tenham comprado votos ou autorizado alguém a fazê-lo.
Em seus depoimentos, os funcionários dizem que, depois de acordada a venda do voto, um emissário dizia que eles deveriam também trabalhar para as candidaturas dos quatro como "formiguinhas" --distribuindo panfletos e material de campanha. Os funcionários afirmam que, em seguida, assinavam um contrato. Segundo as investigações, o documento dizia que os R$ 100 pagos se referiam ao trabalho na campanha de Carlos dos Reis Batista (Prona), outro candidato a deputado estadual não eleito.
Os contratos, assim como o comprovante de pagamentos, foram encontrados na empresa Rocha pela PF. Até agora, as apurações apontam que Batista atuava como "laranja" para o suposto esquema da compra de votos, legalizando o dinheiro usado na irregularidade.
Com apenas 40 votos a seu favor, o candidato apresenta, em sua prestação entregue à Justiça Eleitoral, gastos de R$ 164.152,07, basicamente com pagamentos de R$ 100 a 960 pessoas físicas, com a justificativa de "serviços prestados por terceiros". A Procuradoria e a PF acreditam que a maioria dos beneficiários dos depósitos sejam funcionários da Rocha. Todos que depuseram disseram não conhecer o candidato.
O Ministério Público não pretende tentar suspender a diplomação de Cassol e Expedito, prevista para hoje. De acordo com o resultado do inquérito da PF, a Procuradoria pode pedir, posteriormente, a impugnação do diploma dos dois candidatos eleitos. A captação de sufrágio (compra de votos) pode acarretar a perda do mandato e, na esfera penal, a reclusão de um a quatro anos.
A Folha ligou para quatro funcionários da Rocha. Todos confirmaram que receberam a proposta de ganhar o dinheiro.
Três deles disseram que o dinheiro era para votar nos quatro candidatos citados nos depoimentos. Um afirmou que recebeu o dinheiro, mas para trabalhar como "formiguinha".
Sob a condição de não revelarem seus nomes, os três que confirmaram a compra disseram saber que a proposta não se restringiu a eles: "Todo mundo recebeu esse dinheiro aí, e assinou um termo lá".
Outro lado
Em nota, o governador reeleito de Rondônia, Ivo Cassol (PPS), negou que tenha oferecido ou autorizado qualquer pessoa a oferecer dinheiro em seu nome em troca de votos.
"Todas as denúncias devem ser devidamente analisadas, envolvendo seja quem for. O que não posso aceitar e não admito é que meu nome seja envolvido numa situação em que, de forma alguma, tive ou tenho qualquer relação."
Cassol afirmou também que é responsável por sua campanha, a qual, segundo ele, não teve nenhuma irregularidade.
"Fui um dos nove candidatos ao governo do Estado que teve as contas de campanha aprovadas já na primeira análise e não aceito qualquer ilação que envolva meu nome."
Sobre as acusações contra seu aliado, o senador eleito Expedito Júnior (PPS), a nota diz que Cassol "tem certeza de que [...] Expedito Júnior dará todas as explicações necessárias sobre o episódio que tem envolvido seu nome".
Contatado pela Folha, o secretário de Comunicação do governo de Rondônia, Sérgio Pires, disse que Cassol "ao menos por enquanto, não pretende acrescentar nada" à nota.
À reportagem, Expedito já havia negado as suspeitas. Ele afirma que Acir Gurgacz (PDT), seu principal adversário político na disputa ao Senado deste ano, em Rondônia, seria o interessado na anulação dos resultados das urnas.
Ontem, a Folha tentou contatá-lo por meio de seu telefone celular, que estava desligado.
Os candidatos derrotados José Antônio (PSDC), Val Ferreira (PPS) e Carlos dos Reis Batista (Prona) não foram encontrados para dar suas versões.
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