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15/12/2006
-
11h46
SERGIO TORRES
da Folha de S.Paulo, no Rio
O arquiteto Oscar Niemeyer completa hoje 99 anos decepcionado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em quem votou e em quem recomendou o voto na eleição deste ano. A declaração de Lula de que "uma pessoa idosa de esquerda deve ter problemas" surpreendeu o arquiteto, comunista desde a juventude.
Embora, em entrevista por telefone à Folha, tenha dito que não gostaria de fazer comentários sobre a fala do presidente, Niemeyer deixou escapar o quanto ficou surpreso com o que leu nos jornais de terça-feira passada.
"É, que remédio... Surpreendeu todo mundo", afirmou ele.
Aos amigos que estiveram com ele nos dois últimos dias, o arquiteto afirmou ter sentido decepção com a declaração do presidente. Disse que não esperava algo do tipo de uma pessoa de origem humilde, que militou no sindicalismo e na política com discurso e posicionamento esquerdistas.
Na entrevista, Niemeyer preferiu não se estender sobre o assunto. "Eu não quero fazer comentários. Acho que não interessa", afirmou, encerrando a conversa sobre o tema.
Sobre o aniversário, o arquiteto anunciou que não pretende mesmo participar de comemorações e homenagens, apesar de alguns convites terem sido apresentados a ele e à sua mulher, Vera Lúcia Cabreira, com quem casou em novembro, após dois anos de viuvez.
"Isso [o aniversário] não existe. Para mim já passou. Não, nada disso [comemorar a data]. Vou procurar me esconder onde for mais oportuno", limitou-se a declarar.
A insistência em saber a razão de ter decidido manter-se recluso numa ocasião que deveria ser festiva rendeu a seguinte explicação do arquiteto que, entre outros trabalhos de destaque internacional, projetou Brasília há 50 anos: "É muito chato, muito chato. Muita gente, muita confusão".
A recuperação da fratura no quadril sofrida em 8 de outubro, em uma queda em sua casa, foi abordada na conversa com a Folha.
Ele disse que, apesar da idade, não tem doenças. Mas reclamou das sessões de fisioterapia e musculação a que tem sido submetido por orientação médica.
"Estou em convalescência. Estou com a perna quebrada, consertada. Eu não tenho doença. Mas o negócio é a musculação. Tem que fazer fisioterapia. É uma merda", queixou-se o arquiteto.
Nesta semana, as sessões estão sendo feitas no escritório da avenida Atlântica (Copacabana, zona sul do Rio), onde Oscar Niemeyer já voltou a trabalhar.
Dois trabalhos estão sendo priorizados por ele: a conclusão do Teatro Popular, em Niterói (município a 15 km da capital fluminense) e a inauguração em Havana da escultura com que presenteou o ditador cubano Fidel Castro, que completou 80 anos em outubro.
Vera Lúcia disse à Folha anteontem, por telefone, que o marido enviou a planta da escultura para Cuba no primeiro semestre deste ano.
Agora, souberam que a peça, de 9,5 toneladas, está pronta para ser inaugurada na praça da Universidade das Ciências Informáticas de Havana.
A escultura opõe, frente a frente, uma espécie de monstro com a boca aberta e um cubano, com a bandeira do país nas mãos.
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da Folha de S.Paulo, no Rio
O arquiteto Oscar Niemeyer completa hoje 99 anos decepcionado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em quem votou e em quem recomendou o voto na eleição deste ano. A declaração de Lula de que "uma pessoa idosa de esquerda deve ter problemas" surpreendeu o arquiteto, comunista desde a juventude.
Embora, em entrevista por telefone à Folha, tenha dito que não gostaria de fazer comentários sobre a fala do presidente, Niemeyer deixou escapar o quanto ficou surpreso com o que leu nos jornais de terça-feira passada.
"É, que remédio... Surpreendeu todo mundo", afirmou ele.
Aos amigos que estiveram com ele nos dois últimos dias, o arquiteto afirmou ter sentido decepção com a declaração do presidente. Disse que não esperava algo do tipo de uma pessoa de origem humilde, que militou no sindicalismo e na política com discurso e posicionamento esquerdistas.
Na entrevista, Niemeyer preferiu não se estender sobre o assunto. "Eu não quero fazer comentários. Acho que não interessa", afirmou, encerrando a conversa sobre o tema.
Sobre o aniversário, o arquiteto anunciou que não pretende mesmo participar de comemorações e homenagens, apesar de alguns convites terem sido apresentados a ele e à sua mulher, Vera Lúcia Cabreira, com quem casou em novembro, após dois anos de viuvez.
"Isso [o aniversário] não existe. Para mim já passou. Não, nada disso [comemorar a data]. Vou procurar me esconder onde for mais oportuno", limitou-se a declarar.
A insistência em saber a razão de ter decidido manter-se recluso numa ocasião que deveria ser festiva rendeu a seguinte explicação do arquiteto que, entre outros trabalhos de destaque internacional, projetou Brasília há 50 anos: "É muito chato, muito chato. Muita gente, muita confusão".
A recuperação da fratura no quadril sofrida em 8 de outubro, em uma queda em sua casa, foi abordada na conversa com a Folha.
Ele disse que, apesar da idade, não tem doenças. Mas reclamou das sessões de fisioterapia e musculação a que tem sido submetido por orientação médica.
"Estou em convalescência. Estou com a perna quebrada, consertada. Eu não tenho doença. Mas o negócio é a musculação. Tem que fazer fisioterapia. É uma merda", queixou-se o arquiteto.
Nesta semana, as sessões estão sendo feitas no escritório da avenida Atlântica (Copacabana, zona sul do Rio), onde Oscar Niemeyer já voltou a trabalhar.
Dois trabalhos estão sendo priorizados por ele: a conclusão do Teatro Popular, em Niterói (município a 15 km da capital fluminense) e a inauguração em Havana da escultura com que presenteou o ditador cubano Fidel Castro, que completou 80 anos em outubro.
Vera Lúcia disse à Folha anteontem, por telefone, que o marido enviou a planta da escultura para Cuba no primeiro semestre deste ano.
Agora, souberam que a peça, de 9,5 toneladas, está pronta para ser inaugurada na praça da Universidade das Ciências Informáticas de Havana.
A escultura opõe, frente a frente, uma espécie de monstro com a boca aberta e um cubano, com a bandeira do país nas mãos.
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