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10/01/2007 - 10h22

Procurador é acusado de mandar matar colega no Amazonas

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KÁTIA BRASIL
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
da Agência Folha

O procurador-geral de Justiça licenciado do Amazonas, Vicente Augusto Cruz Oliveira, 61, foi preso pela Polícia Civil na madrugada de ontem sob a acusação de ter contratado um pistoleiro para matar, por R$ 20 mil, o também procurador de Justiça Mauro Campbell Marques, concorrente em sua tentativa de reeleição ao cargo.

O crime não chegou a ocorrer. A suposta encomenda do assassinato, deduzida pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas a partir de escutas telefônicas feitas com autorização judicial, foi abortada depois que Cruz Oliveira soube que a trama era investigada. Ele nega as acusações.

Além do procurador-geral, que está detido na sede do Ministério Público, foram presos também os supostos agenciadores (um casal de Manaus) e um ex-presidiário que seria contratado como pistoleiro.

Marques disse que vê como o único motivo para sua tentativa de assassinato a eleição pelo cargo de procurador-geral --já que, de acordo com ele, sempre teve uma relação cordial com Cruz Oliveira.

"No meu segundo mandato de procurador-geral [2001-2003], ele [Cruz Oliveira] era até meu subprocurador. Tivemos escaramuças, mas nada que justifique isso. Estou estarrecido", disse.

Ambos servidores com 18 anos de carreira, eles eram os únicos procuradores na eleição pelo cargo, que paga, segundo a assessoria do Ministério Público, R$ 22 mil. Os outro quatro candidatos eram promotores.

A legislação garante a Cruz Oliveira, devido a seu cargo, o direito à prisão domiciliar. Por isso, ele deve ser transferido da sede do órgão para sua casa.

Nem a Secretaria de Segurança Pública nem a Procuradoria souberam informar por qual crime Cruz Oliveira seria acusado.

A Procuradoria decidiu ontem criar uma comissão interna para averiguar o caso. O resultado será enviado ao Tribunal de Justiça do Amazonas.

O governador Eduardo Braga (PMDB), responsável pela escolha do procurador-geral, disse, por meio de sua assessoria, que não iria se pronunciar sobre o caso, em respeito à autonomia do Ministério Público.

Suspeitas

As suspeitas sobre a suposta trama apareceram na última sexta-feira, e foram levantadas pelo próprio Marques.

Um advogado que conhecia o ex-presidiário supostamente escolhido pelos agenciadores para cometer o crime procurou o secretário-geral do Ministério Público, que colocou o advogado em contato com Marques.

Depois de ouvir a história sobre a conspiração contra si, ele a relatou ao governador Braga, ao secretário de Segurança Pública e ao procurador-geral em exercício.

Além de escolta policial para o procurador, foi solicitada imediatamente à Justiça a autorização para grampear os telefones dos agenciadores e do contratado para o crime.

A suposta participação de Cruz Oliveira só foi apontada anteontem, quando, após saber das investigações, telefonou a um dos agenciadores para abortar a ordem e pedir que o agenciador fosse à sua casa, junto com o ex-presidiário. A polícia os seguiu até lá e logo foi pedida a prisão do procurador-geral.

Outro lado

Detido na sede do Ministério Público do Amazonas, o procurador-geral de Justiça, Vicente Augusto Cruz Oliveira, licenciado para tentar a reeleição ao cargo, não foi encontrado pela reportagem para comentar sua prisão na madrugada de ontem.

À assessoria do órgão, entretanto, ele negou as acusações e afirmou que responderá legalmente a elas, comprovando sua inocência.

Ontem mesmo, Cruz Oliveira reuniu-se com seus advogados. A Folha também não conseguiu contatá-los. A assessoria da Procuradoria afirmou que eles devem tentar um habeas corpus para garantir a liberdade de seu cliente.

De acordo com o procurador de Justiça Mauro Campbell Marques, alvo da trama supostamente comandada por Cruz Oliveira, o procurador-geral licenciado deu uma versão para as gravações nas quais teria sido pego articulando o assassinato do colega.

"Parece que agora ele está dizendo que contratou o ex-presidiário para construir uma laje em uma igreja aqui de Manaus, e não para me matar", afirmou.

Marques disse que a palavra "laje" era o código usado por Cruz Oliveira para se referir, nas gravações, ao suposto crime tramado. A Folha não conseguiu confirmar esta versão.

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