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01/03/2007 - 09h11

Fazendeiros dizem ser pressionados por sem-terra a negociar áreas

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CRISTIANO MACHADO
Colaboração para a Agência Folha, em Presidente Prudente

Fazendeiros do Pontal do Paranapanema (oeste de SP), dizendo-se pressionados e "cansados" das seguidas invasões em suas propriedades, afirmam terem sido "obrigados" a negociar as áreas com o Estado.

"É um inferno [as seguidas invasões]. Eles [sem-terra] miram uma ou outra área e vão invadindo, invadindo, até que o proprietário, cansado, praticamente desista dela", disse Luiz Antônio de Barros Coelho, 67, dono da fazenda Nossa Senhora das Graças, em Caiuá (632 km a oeste de SP).

Ele e Mércia Lopes, uma das donas da fazenda São Camilo, em Presidente Venceslau (620 km a oeste de SP), foram os últimos produtores rurais da região que fizeram acordo com o Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo) para que suas propriedades fossem transformadas assentamentos de reforma agrária.

Ambos atribuem ao que chamam de "tática de pressão dos sem-terra" o fato de terem "praticamente abandonado" os imóveis, heranças familiares de mais de 50 anos.

Alvos constantes dos grupos de sem-terra que atuam no Pontal, as fazendas sofreram, juntas, 20 invasões desde 2004, conforme levantamento do próprio Itesp. No final de 2006, o governo paulista anunciou a compra dos imóveis por R$ 10 milhões.

"Não tinha mais condições. Eles [sem-terra] não deixavam a gente trabalhar. Chegou a um ponto que decidimos: vamos vender, pois só assim teremos paz", afirmou Mércia Lopes.

As duas fazendas foram consideradas devolutas (públicas) pela Justiça em ações movidas pelo governo do Estado, que não considera legítimos os títulos de posse --há suspeita que as terras tenham sido griladas no século passado.

Os proprietários desistiram até mesmo dos recursos na Justiça para provar que as terras seriam particulares e resolveram vender as propriedades por meio de um acordo com o Estado, uma maneira de pôr fim à disputa judicial.

Além da "pressão psicológica", os produtores disseram que tiveram muitos prejuízos por causa das invasões. "Quando eles invadem, roubam cerca, matam gado, destroem pasto, incendeiam plantação... Isso sem contar as despesas com a Justiça, as ações de reintegrações de posse...", disse Coelho.

"São várias as despesas. Isso gera uma tensão tão grande, que nem os empregados queriam morar mais lá na fazenda", afirmou Mércia.

Um dos membros da direção estadual do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que atua no Pontal, Valmir Rodrigues Chavez afirmou que o movimento "ocupa apenas áreas devolutas e improdutivas".

Ele deixou a entender, no entanto, que o MST estabelece algumas áreas como alvos freqüentes. "Temos dificuldade no transporte das famílias. Por isso, decidimos acampar próximo de algumas áreas devolutas e improdutivas justamente para facilitar a ocupação", disse. "Pode haver casos de fazendas que são ocupadas mais de uma vez, mas isso não é tática de nada. É necessidade mesmo."

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