Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
15/03/2007 - 18h55

Emocionado, Collor diz que impeachment foi "arbítrio" e "grande farsa"

Publicidade

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Quatorze anos depois de passar pelo processo de impeachment no Congresso Nacional, o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL) fez hoje seu primeiro discurso como senador e disse querer "passar a limpo" o episódio que resultou na perda de seus direitos políticos. O plenário do Senado, com 63 dos 81 parlamentares presentes, parou para ouvir as palavras do ex-presidente.

"Os episódios que aqui vou rememorar obrigaram-me a padecer calado e causaram mossas na minha alma e cicatrizes no meu coração. Fui acusado sem provas, insultado e humilhado durante meses a fio. Tive minha condenação antes mesmo de qualquer julgamento. (...) Hoje, passados 17 anos de minha posse na Presidência da República, volto à atividade política integrando esta augusta Casa, a mesma que a interrompeu por decisão dos ilustres membros que a compunham", afirmou.

Em um discurso de 99 páginas, intitulado de "O resgate da história" --com 19 capítulos--, Collor esclareceu detalhes do processo de impeachment, em 1992, que teve início com a instalação de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que comprovou a existência de um esquema de corrupção coordenado pelo empresário Paulo César Farias --ex-tesoureiro da campanha de Collor.

Collor alegou que a CPI recomendou a sua perda de mandato presidencial sem nenhuma evidência de que estivesse envolvido em ações de corrupção. "Se não fui notificado, indiciado, como acusar quem não foi objeto de investigação? (...) A mim, nem o benefício da dúvida foi concedido", disse.

O senador usou palavras como "arbítrio", "prepotência", "grande farsa" e "falsidade" para se referir ao episódio do impeachment. Collor alegou inocência e se disse injustiçado com a perda do mandato. "Declaro a minha absoluta inocência ante as imputações que, ao longo de todo o processo, me foram feitas, sem consistência, sem comprovação e sem nenhum fundamento. Fui afastado na suposição --e tão somente na suposição-- de que as acusações que me fizeram fossem verdadeiras", afirmou.

Lágrimas

O discurso de Collor estava marcado para as 15h, mas começou com quase duas horas de atraso até que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), chegasse ao plenário. Collor chegou ao plenário acompanhado da mulher, Caroline, e em diversos momentos embargou a voz ao rememorar o episódio do impeachment.

O senador chegou às lágrimas depois que o senador Romeu Tuma (PFL-SP), que foi diretor da Polícia Federal em seu governo, rasgou elogios ao ex-presidente.

Diversos senadores interromperam o discurso de Collor para fazer comentários sobre o impeachment. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que na época foi um dos críticos de seu governo, manteve sua posição. "Eu fiz o que a minha consciência achava que devia ser feito. O considero um senador como todos os demais e será tratado com a mesma consideração que todos os demais", disse Mercadante.

Leia mais
  • Planalto adia posse de novo ministro da Agricultura
  • Lula vai escolher entre Walfrido e Fontana para Relações Institucionais
  • PMDB consegue Agricultura e passa a controlar cinco ministérios
  • Lula diz que não irá politizar as áreas da educação e saúde
  • Marta aceita ocupar Ministério do Turismo
  • Palocci pede para Furlan continuar no Desenvolvimento

    Especial
  • Leia mais sobre o senador Fernando Collor
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página