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07/08/2001 - 18h14

Cientistas criticam projeto do médico italiano de clonagem humana

das agências internacionais

Num clima de controvérsia, cientistas reunidos hoje num painel na Academia Nacional de Ciências dos EUA criticaram publicamente o projeto do médico italiano Severino Antinori de clonar seres humanos.

Os pesquisadores fizeram alertas sobre os possíveis perigos da clonagem humana, afirmando que é provável que os experimentos envolvendo pessoas fracassem ou produzam bebês com anomalias graves.

O painel questionou ainda se a clonagem é uma ciência sólida ou um processo de tentativa e erro que pode levar à produção de embriões anormais. Os cientistas afirmaram que a tecnologia de clonagem é ineficaz e repleta de perigo.

"No momento, não existe como prever se um clone dará origem a um indivíduo normal ou anormal", afirmou Rudolf Jaenisch, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), na reunião. O pesquisador afirmou que apenas de 1% a 5% dos animais clonados sobrevivem.

"Mesmo clones que sobrevivem ao nascimento normalmente apresentam anomalias graves e morrem (prematuramente) mais tarde", disse Jaenisch.

Antinori argumentou que, durante seus anos de trabalho em clínicas de fertilidade, desenvolveu métodos para identificar embriões anormais.

"Não existe maneira de fazer isso", retrucou Jaenisch, afirmando ainda que clones aparentemente normais podem apresentar anormalidades muito sutis para serem detectadas num estágio tão precoce de desenvolvimento.

Em alguns casos, os embriões são muito grandes, têm placentas anormais, sofrem de problemas respiratórios ou apresentam alterações no coração e no sistema circulatório.

Panos Zavos, especialista em fertilidade que está trabalhando com Antinori em um projeto de dar a casais inférteis bebês clonados, reconheceu que a técnica envolve riscos. Mas ele disse que sua equipe iria informar aos potenciais pacientes sobre as chances de defeitos ao nascimento antes que qualquer procedimento de clonagem seja realizado.

"Existe sucesso também", afirma Zavos, cuja clínica fica em Lexington, Kentucky.

Participou também do debate Brigitte Boisselier, que dirige a Clonaid, ligada ao movimento místico dos raelianos, que prega que a vida na Terra foi criada por extraterrestres e oferece serviços de clonagem pela internet.

Desde 1997, quando cientistas na Escócia anunciaram a bem-sucedida clonagem da ovelha Dolly, o medo _ou a esperança_ da clonagem humana tem sido foco de acirradas discussões.

Devido às questões éticas suscitadas pela técnica, a Academia Nacional de Ciências dos EUA convocou um painel internacional para discutir a tecnologia e as direções que ela aponta.

No meio do debate sobre clonagem está a criação de embriões para produção de células-tronco, que podem se transformar em praticamente qualquer tecido. Embriões humanos são a fonte de células-tronco com maior possibilidade de manipulação para fins terapêuticos.

A técnica de clonagem terapêutica permite o uso dessas células em estudos que visam criar tratamentos para doenças como mal de Alzheimer, de Parkinson e diabetes.

Na semana passada, a Câmara de Representantes dos EUA aprovou o banimento da clonagem com qualquer propósito, seja ele reprodutivo ou terapêutico. A decisão deverá ainda passar pelo aval do Senado.

No momento, o presidente George W. Bush analisa a possibilidade de seu governo financiar pesquisa com células-tronco embrionárias, envolvendo a clonagem com fins não-reprodutivos.

O país pioneiro na legalização de estudos com células-tronco foi o Reino Unido. Em dezembro de 2000, o Parlamento britânico aceitou a clonagem de embriões humanos com finalidade médica.

A França adota uma postura mais cautelosa ainda. Permite o uso dos embriões que sobram de processos de fertilização in vitro, mas proíbe que eles sejam criados simplesmente para investigação.

No Brasil, não existe legislação específica. Resoluções do Conselho Federal de Medicina proíbem a manipulação de material genético humano, o que tornaria esse tipo de experimento antiético.

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