Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
10/10/2005 - 22h35

Impacto da seca nos rios do AM pode durar até dois anos, diz Ibama

Publicidade

da Agência Folha, em Manaus

O gerente-executivo do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) no Amazonas, Henrique Pereira, afirmou nesta segunda-feira que o impacto da seca sobre a fauna aquática pode se prolongar por até dois anos.

A maioria das espécies de peixes adquirem tamanho nos lagos. Com os lagos secos, os peixes não têm acesso aos rios, nos quais se reproduzem.

"Os peixes estão morrendo nos lagos, isso causará impactos no recrutamento (crescimento) porque, sem adquirir tamanho, a pesca comercial estará afetada", afirmou Pereira. Além dos peixes, o gerente do Ibama disse que os mamíferos aquáticos, como o peixe-boi e o boto, são as espécies mais vulneráveis.

Os animais se tornam presas fáceis para caçadores. "O rios enfrentam uma seca extrema, fora do normal, deixando a população vitimizada, e os animais ameaçados mais vulneráveis", disse Henrique Pereira.

Segundo ele, uma pesquisa do órgão na região de Coari (a 370 km de Manaus) detectou a matança de cem peixes-bois durante a vazante. A expedição "Salve o Peixe-Boi da Amazônia" colheu informações em comunidades ribeirinhas. No retorno a Manaus, a equipe resgatou um filhote de peixe-boi, de apenas cinco meses, que estava sendo mantido irregularmente em um viveiro em Coari.

"O animal é uma fêmea e estava extremamente desnutrida, não pesando mais de 10 kg", disse a veterinária Branca Tressoldi.

Previsão

O pesquisador do Cptec/Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais) Carlos Nobre disse que, a longo prazo, secas tão intensas causam um aumento da mortalidade das árvores das regiões afetadas e tornam o ecossistema florestal amazônico mais vulnerável a incêndios florestais.

Nobre afirmou que já "é seguro dizer que o nível do rio Negro, reflexo das chuvas em toda porção ocidental da Amazônia, está tão baixo como em somente sete vezes em 103 anos", indicando uma das secas mais severas. O nível do rio ficou em 15,78 m. A média na cheia é de 23 m.

As secas históricas foram registradas em 1997 --com nível de 14,34 m. E em 1963 --nível de 13,64. "O efeito do aquecimento das águas do Atlântico tropical norte provavelmente é o principal candidato pelo prolongamento do período seco e por sua intensidade, ainda que pode não ser o único fator", disse.

Segundo Carlos Nobre, localmente, a água no solo de grandes áreas desmatadas diminui durante o período de estiagem. Ele disse que a estiagem acontece em mais da metade da bacia amazônica e deve ter causas de muito maior escala espacial.

O pesquisador afirmou que tem havido um crescente debate na comunidade cientifica sobre o papel da fumaça das queimadas como possível fator inibidor das chuvas durante o período mais seco do ano.

"Se isto for comprovado, então, uma vez que uma estiagem se aprofunde por uma razão de escala maior, pode até acontecer que, nos lugares cobertos por densa fumaça das queimadas, haja restrição maior às chuvas locais. Não há ainda prova definitiva de que esse fenômeno realmente afete o ciclo hidrológico."

Leia mais
  • Governador do AM decreta calamidade pública devido à seca nos rios
  • Capitania registra aumento de 25% em encalhes de barcos no AM
  • Apesar da seca nos rios, chuvas no AM aumentaram em setembro

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre estiagens
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página