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18/10/2005 - 21h02

Cientistas apontam aquecimento do Atlântico como causa de seca

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KÁTIA BRASIL
da Agência Folha, em Manaus

Cientistas que estudam o clima e a ecologia da Amazônia apontaram nesta terça-feira o aquecimento do oceano Atlântico, na porção norte tropical, como responsável pela seca que persiste no Amazonas e já se estende ao Pará.

Os especialistas ainda não sabem quais foram os efeitos que provocaram o aquecimento do Atlântico. Há dúvidas se é resultado da variação natural do oceano ou uma associação a mudança climática causada pelo homem --o chamado efeito estufa.

O climatologista Gilvan Sampaio de Oliveira, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), explicou que o ar na região do Atlântico, nesta época do ano, sobe a uma altura de aproximadamente 11 km.

"É como se houvesse uma parede até aquela altura. E o ar tem que se divergir e soprar para outras regiões. Uma parte vai para o norte (pegando o leste dos Estados Unidos), e a outra vai para sul. O ar que está descendo inibi a formação de nuvens, inibindo a precipitação [de chuvas]."

Segundo Oliveira, o efeito do aquecimento das águas do Atlântico na Amazônia causou anomalias nas chuvas porque o aquecimento ocorre há mais de um ano.

Philip Feanside, ecólogo do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), afirmou que a seca na Amazônia é uma lição para o mundo na discussão sobre as mudanças climáticas. "A temperatura da terra só aumentou 0,7ºC até agora, mas a previsão para o próximo século é de 3,5ºC, cinco vezes mais do que a atual, que tem origem nas manchas das águas do mar, ocasionando muito estiagem."

O resultado da estiagem foi a falta de água nos afluentes, lagos, igapós, comprometendo o abastecimento das cidades e o transporte fluvial. O governo do Amazonas decretou o estado de calamidade pública nos 62 municípios, e o Pará decretou de alerta em 17 cidades.

Oliveira alertou que o período de seca está diminuindo. "Em 1906 nós não tínhamos uma interferência tão significativa do homem como há hoje. Isso é um ciclo natural porque a natureza impõe períodos com cheias muito intensas e secas muito intensa."

Ele afirmou que outros componentes, como o desmatamento, também influenciam nas precipitações [chuvas].

Desmatamento

A Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas informou que vai intensificar as ações do combate ao desmatamento e estimular a valorização econômica da floresta. Outra medida será a compensação ambiental.

Existe um expectativa dos ambientalistas que, após a seca anormal no Estado, a exploração ilegal de madeira aumente como oferta de trabalho, já que há uma previsão de uma menor safra da pesca. A pesca é a principal fonte de renda dos ribeirinhos.

A secretaria já compensa os seringueiros com o pagamento de R$ 0,70 por quilo produzido de borracha. De acordo com o secretário Virgílio Viana, esse pagamento pelo serviço ambiental aos seringueiros é exemplo do que já acontece em países como Costa Rica e Colômbia.

Viana disse que o serviço ambiental no Amazonas dever ser discutido em nível internacional no âmbito da Convenção do Clima, que acontece este ano em Montreal, no Canadá.

Segundo Viana, no início de novembro haverá uma discussão internacional, em Manaus, para discutir o pagamento de serviço ambiental. "Precisamos unificar a posição de diferentes países nas negociações internacionais sobre a Convenção do Clima e criar mecanismos que compensam o homens como os seringueiros do Amazonas", disse.

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