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24/12/2005 - 11h01

Com medo, consumidor compra às pressas na 25 de Março

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MARY PERSIA
da Folha Online

O que deveria ser um formigueiro humano mais parecia uma rua qualquer de comércio. Ao contrário do que uma véspera de Natal poderia fazer supor, a rua 25 de Março (centro de São Paulo) não teve aperto nem empurra-empurra no início da manhã deste sábado. A bomba caseira que explodiu ontem no local afastou boa parte dos consumidores.

Os passos normalmente apressados de quem vai de loja em loja em busca de ofertas tornaram-se ainda mais velozes. "Vou embora rápido. Podem fazer aquilo de novo", disse a vendedora Rose Dantas de Matos, 39. "Nem olhei as lojas direito." A operadora de telemarketing Luciene Rodrigues da Silva, 35, também apertou o passo. Ela chegou às 7h no local e, perto das 9h, já se preparava para ir embora com suas compras.

Para o camelô Renato, 47, a véspera de Natal será um dia de poucas vendas. "O pessoal está com medo. Acho que não 'tiro' nada hoje", afirmou ele, que comercializava munhequeiras em frente ao local da explosão.

De acordo com a Polícia Civil, a bomba que causou pânico ontem na 25 de Março foi fabricada com um extintor de incêndio que possuía pregos em seu interior. A explosão aconteceu por volta das 16h, na esquina da rua Carlos de Souza Nazareth. Cerca de 100 mil pessoas estavam no local e, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, 15 pessoas ficaram feridas.

Entre as vítimas está uma mulher que, durante a madrugada, deu à luz um menino. Outro filho dela, de 2 anos, também foi ferido pela bomba e está internado. Somente uma das vítimas corre risco de morrer. É uma jovem de 21 anos que sofreu traumatismo craniano. Seu estado de saúde é grave.

Uma das principais linhas de investigação da polícia sobre a explosão aponta que a ação foi uma "retaliação" da chamada máfia do contrabando às operações que a Polícia Federal promove desde o início do mês.

Policiamento

Além do movimento considerado baixo para um dos maiores centros de comércio popular da cidade, o "rapa" também frustrou os planos dos ambulantes. Exatamente às 8h30, uma rápida movimentação coletiva ocultou o mar de mercadorias que eram expostas nas calçadas. Com a chegada da Guarda Civil Metropolitana (GCM) à 25 de Março, os ambulantes se "disfarçaram" de consumidores.

"Os camelôs estão revoltados. O 'rapa' [a GCM] não deixa ninguém trabalhar. Você quer comprar uma roupinha nova, dar do bom e do melhor para o seu filho, pôr comida em casa, mas assim é difícil", queixava-se o camelô Ielton, 17, um ano e dois meses de vendas na "25".

Com a mercadoria [brinquedos conhecidos como "bateu, colou"] em um saco preto carregado nas costas, ele já havia perdido as esperanças de faturar neste sábado. "Queria pelo menos uns R$ 200 para fazer a ceia e dar uma roupa para a minha mãe, mas acho que hoje não 'tiro' nem o da passagem."

A GCM teria dobrado seu efetivo na região, mas não divulgou números. Segundo o inspetor Marco Antônio Bittencourt, da Divisão de Escolta e Apoio da GCM, hoje o policiamento será estendido até as 19h. "Na medida do possível, estaremos reforçando nosso trabalho", afirmou. "A estratégia é ficar sempre por perto, principalmente nas esquinas."

Empurrada por um GCM que apreendia a mercadoria de um camelô, Luciane registrou o clima de apreensão no local. Para ela, o policiamento não dá exatamente sensação de segurança. "Pelo contrário. Os guardas até vieram em cima de nós agora", disse ela, que estava na companhia do marido, o motorista Ronaldo Carvalho, 39.

Tranqüila, a dona-de-casa Zilda Souza, 50, não se importava com a possibilidade de uma nova explosão e com a movimentação atípica de guardas. "Não fiquei com medo, não. Acho que não vai acontecer de novo", afirmou, carregando uma sacola com brinquedos.

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