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20/05/2006 - 17h01

Ataques do PCC diminuem, mas deixam seqüela de insegurança em SP

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da Folha Online

Os mais de 250 ataques atribuídos à facção criminosa PCC deixaram, desde o último dia 12, deixaram mortos, feridos e a seqüela da insegurança em São Paulo.

Apesar da diminuição da onda de violência, a população ainda anda com receio nas ruas. Policiais e bombeiros usam coletes à prova de balas.

Os 55 mil bares e restaurantes contabilizam os prejuízos, já que ao menos 80% deles fecharam as portas na última segunda-feira (15) e boa parte ainda registra movimento abaixo do encontrado em dias normais.

"Não adianta pôr segurança. Contra esse tipo de pessoa [os membros do PCC] é difícil haver alguma trava", afirmou Purificación Perez de Paz, proprietária de um restaurante espanhol na zona sul. As portas do estabelecimento ficaram fechadas também na terça (16).

Escolas

Algumas faculdades de São Paulo dispensaram seus alunos na segunda e na quarta-feira, por falta de transporte ou informações não-confirmadas de novos ataques. O estudante de 1º ano do Ensino Médio do Colégio Bandeirantes Gustavo, 15, recebeu da mãe, Maria Lúcia, a orientação de andar mais atento pelas ruas.

"O celular fica ligado quando ele está fora da classe e tem de avisar para onde vai", disse a mãe, que não quis que o sobrenome da família fosse divulgado, por medo de ameaças. "A orientação nesses últimos dias foi de ter maiores cuidados."

Gustavo não deixou de usar o metrô, embora um ataque tenha sido registrado na estação Artur Alvim. Nem deixou de caminhar pela cidade.

Pelo menos 2,9 milhões de pessoas ficaram sem ônibus na segunda. O proprietário de restaurante na zona sul Denis Bradfield teve de levar dois funcionários para dormir em sua casa na segunda-feira, já que não havia transporte coletivo.

Entre encarar o grande congestionamento registrado pela CET (Companhia de Engenharia e Tráfego) e evitar ir até a região do Campo Limpo (zona sul da cidade), Bradfield escolheu a segunda opção.

"Não fechei o restaurante porque funciona só na hora do almoço, mas senti uma ansiedade generalizada dos clientes e funcionários para ir para casa", disse o empresário. "Fiquei surpreso com a intensidade dessas sensações ruins."

O contador Antonio Carlos dos Santos Arantes, 45, também notou que seus funcionários estavam agitados. "Era um que falava em bomba na estação de metrô, outro que falava em incêndios a ônibus. Fui até a estação mais próxima para saber se estava tudo bem"

Prejuízos

Até os funcionários da Justiça e do comércio fecharam as portas mais cedo. Os lojistas só vão saber o quanto tiveram de prejuízos no fim do mês. "O comércio é muito decentralizado, é difícil ter um balanço", afirmou o economista Marcel Solimeo, 69, membro da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).

Segundo informou Solimeo, foi 50% menor a consulta de cheques que, em dias normais, chega a 70 mil. "Agora está praticamente normal."

Medo

O professor do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo) José Leon Crochik disse não ter notado pânico nas pessoas, embora estivesse no meio da multidão que tentou voltar mais cedo para casa na segunda.

"As reações de medo significam que não estamos preparados para nos defender. Mas são medos existentes que são exacerbados", afirmou.

Segundo ele, a reação temerosa em cadeia só insuflou o medo e a insegurança que o paulistano enfrenta, em doses menores, diariamente.

"Antes desse episódio, a gente já andava com cuidado em São Paulo. A insegurança constante vem à tona, com todo o vigor, numa situação como a que vivemos na segunda." De acordo com o psicólogo, viver com medo não faz bem a ninguém.

Retaliação

A onda de ataques contra forças de segurança --a maior já ocorrida em São Paulo-- começou como uma resposta do PCC à decisão do governo estadual de isolar líderes da facção. Foram atacados policiais, guardas municipais e agentes penitenciários.

Como parte do movimento, presos promoveram ainda uma onda de rebeliões que atingiu mais de 80 unidades prisionais paulistas --na segunda-feira (15), todas as rebeliões haviam terminado. Criminosos também incendiaram ônibus em diferentes cidades.

Desde o início da série de ataques --a maior contra as forças de segurança já ocorrida no Estado--, ao menos 107 suspeitos foram mortos.

Outras 45 pessoas morreram: 23 policiais militares, sete policiais civis, três guardas municipais, oito agentes de segurança penitenciária e quatro civis --sendo uma namorada de um policial.

Somadas às mortes de nove detentos de penitenciárias e CDPs (Centros de Detenção Provisória) ocorridas durante os motins, o total de pessoas mortas em decorrência da onda de crimes sobe para 161. Outros nove presos também teriam morrido, o que elevaria o número para 170.

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