Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
23/05/2006 - 17h32

Relator de CPI diz que advogada de Marcola será indiciada

Publicidade

ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília

O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), relator da CPI do Tráfico de Armas, disse na tarde desta terça-feira que a advogada Maria Cristina de Souza Rachado, suspeita de ter comprado o áudio de uma sessão secreta da comissão de um ex-funcionário da Casa, está sendo ouvida como indiciada pelo crime, e não mais como testemunha.

Alan Marques/Folha Imagem
A advogada Maria Cristina de Souza Rachado, antes de depor na CPI dos Tráfico de Armas
A advogada Maria Cristina de Souza Rachado, antes de depor na CPI dos Tráfico de Armas
Rachado --que é advogada do líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola-- presta depoimento à CPI na tarde desta terça. Pimenta comunicou o indiciamento dela durante um intervalo da sessão solicitado pela própria advogada, que foi ao banheiro. Ela sentiu-se mal durante a pausa e estava sendo atendida por um médico, às 17h10.

Para a CPI, Rachado e o advogado Sérgio Wesley da Cunha são ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e pagaram R$ 200 a um ex-funcionário da Casa pela gravação da audiência reservada com os delegados da Polícia Civil de São Paulo Godofredo Bittencourt e Rui Ferraz Fontes, do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado).

Os parlamentares da CPI pediram a prisão dos dois advogados à Justiça Federal ainda na semana passada. O pedido ainda está sendo avaliado.

Suspeitas

Rachado complicou-se ao menos duas vezes durante seu depoimento. Ela não conseguiu explicar em que circunstâncias manteve contato por e-mail com o ex-funcionário responsável pela gravação da CPI e como recebe os honorários supostamente pagos por familiares de Marcola.

Embora seu nome seja Cristina, a advogada negou ser a autora de um e-mail assinado como "Cris" e enviado a partir do endereço eletrônico da filha dela para o ex-funcionário da Casa que confessou, na semana passada, ter entregado cópias da gravação dos depoimentos aos advogados.

Outro momento em que a situação de Rachado pareceu complicada foi quando os parlamentares pediram que ela explicasse como recebia os honorários por advogar em favor de Marcola. Ela disse que uma tia do detento vai ao seu escritório todos os meses e lhe entrega R$ 2.000 em dinheiro. Ela não soube dizer qual é a fonte de renda da mulher.

A advogada chorou durante o depoimento e mostrou-se abalada ao relatar ter sido chamada de "pilantra". "Não existem provas de que eu tenha cometido algum delito." Ela disse que nunca foi informada por Marcola de que ele pertence a uma facção criminosa e o chamou de "injustiçado".

Imagens do circuito interno de vigilância do shopping onde o CD com a gravação da sessão foi copiado eram analisadas pela CPI às 17h30.

Seqüência

O vazamento dos depoimentos dos delegados ganhou importância na semana passada porque antecedeu a série de ataques contra forças de segurança paulistas e de rebeliões promovida a mando do PCC em vários pontos do Estado de São Paulo.

Na audiência, os delegados informaram, segundo a CPI, que isolariam um grupo de presos considerados de alta periculosidade --incluindo líderes da facção-- e que tinham conhecimento do plano dos criminosos de promover uma megarrebelião no domingo passado, Dia das Mães.

Por meio da gravação vendida aos advogados, as informações teriam chegado a Marcola e detonado a onda de violência.

No dia seguinte à audiência dos delegados, quinta-feira (11), 765 presos foram levados para a penitenciária de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo). Na sexta (12), oito líderes do PCC foram levados à sede do Deic, em Santana (zona norte de São Paulo). Naquele dia, quase simultaneamente, começaram os ataques.

No sábado (13), Marcola foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo) e colocado no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). No domingo (14), auge dos ataques e rebeliões, Marcola recebeu a visita de outra advogada e de representantes do governo estadual, contrariando as regras do RDD.

Há suspeita de acordo. O governo nega ter negociado com o PCC o fim dos ataques, mas admite que o encontro serviu para que a advogada garantisse a integridade física de Marcola e dos outros líderes isolados aos criminosos. Os presos conquistaram ainda outras reivindicações: a instalação de televisores e a mudança da cor dos uniformes.

Desde o último dia 12, quando os ataques começaram, morreram 79 suspeitos de envolvimento nos crimes --conforme balanço divulgado nesta terça pela Secretaria da Segurança--, 41 agentes de segurança --entre policiais, guardas e agentes penitenciários--, quatro civis e 17 presos rebelados. Foram contabilizados ao todo 299 ataques.

Com GABRIELA MANZINI, da Folha Online

Leia mais
  • Agentes penitenciários decidem entrar em greve em São Paulo
  • Motoboy deve usar uniforme, diz sindicato
  • Ouvidoria aponta 40 mortes suspeitas em São Paulo

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o PCC
  • Leia a cobertura completa sobre os ataques do PCC em SP
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página