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23/05/2006
-
18h51
ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília
O advogado Sérgio Wesley da Cunha, suspeito de ter comprado o áudio de uma sessão secreta da CPI do Tráfico de Armas de um ex-funcionário da Casa, voltou a negar nesta terça-feira, em depoimento a integrantes da comissão, que esteja ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital). "Não cometi crime algum."
Ele disse que fez "uma meleca" ao não certificar-se de que havia sido autorizado pela CPI a copiar o depoimento.
Cunha começou a ser ouvido após a interrupção do depoimento de sua suposta cúmplice no crime, a advogada Maria Cristina de Souza Rachado, que defende o líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Segundo o relator da CPI, deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), a advogada será indiciada.
Para a CPI, os advogados estão ligados à facção e pagaram R$ 200 a um ex-funcionário da Câmara pela gravação da audiência reservada com os delegados da Polícia Civil de São Paulo Godofredo Bittencourt e Rui Ferraz Fontes, do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado).
Na semana passada, o ex-funcionário da Câmara responsável por gravar a audiência, Arthur Vinicius Silva, confirmou ter entregue CDs com o material aos dois advogados, em um shopping de Brasília (DF).
Naquela ocasião, a CPI pediu a prisão dos dois advogados à Justiça Federal. O pedido ainda está sendo avaliado.
Cunha
Inicialmente, o depoimento dos dois delegados seria prestado em audiência pública. Ele passou a ser reservado a parlamentares depois que os dois reconheceram os advogados como representantes do PCC na platéia.
Em seu depoimento, Cunha disse que havia sido autorizado a acompanhar a audiência pública e que não foi informado de que não poderia ter acesso ao conteúdo dos depoimentos mesmo após a sessão ter passado a secreta. Ele disse que, por isso, procurou o ex-funcionário responsável pelo áudio e solicitou a ele uma cópia da gravação.
"Peguei a cópia de modo legal. Não corrompi, não paguei ninguém. Pedi a ele [o ex-funcionário] agradecer ao secretário da comissão, agradeci a ele e fui embora", disse o advogado.
O advogado admitiu ter ouvido o CD, mas disse que buscava apenas dados ligados ao seu cliente, Leandro Lima de Carvalho, suspeito de integrar o PCC. Carvalho foi preso no último dia 1º de maio suspeito de envolvimento em uma tentativa de resgate de Marcola.
Seqüência
O vazamento dos depoimentos dos delegados ganhou importância na semana passada porque antecedeu a série de ataques contra forças de segurança paulistas e de rebeliões promovida a mando do PCC em vários pontos do Estado de São Paulo.
Na audiência, os delegados informaram, segundo a CPI, que isolariam um grupo de presos considerados de alta periculosidade --incluindo líderes da facção-- e que tinham conhecimento do plano dos criminosos de promover uma megarrebelião no domingo passado, Dia das Mães.
Por meio da gravação vendida aos advogados, as informações teriam chegado a Marcola e detonado a onda de violência.
No dia seguinte à audiência dos delegados, quinta-feira (11), 765 presos foram levados para a penitenciária de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo). Na sexta (12), oito líderes do PCC foram levados à sede do Deic, em Santana (zona norte de São Paulo). Naquele dia, quase simultaneamente, começaram os ataques.
No sábado (13), Marcola foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo) e colocado no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). No domingo (14), auge dos ataques e rebeliões, Marcola recebeu a visita de outra advogada e de representantes do governo estadual, contrariando as regras do RDD.
Há suspeita de acordo. O governo nega ter negociado com o PCC o fim dos ataques, mas admite que o encontro serviu para que a advogada garantisse a integridade física de Marcola e dos outros líderes isolados aos criminosos. Os presos conquistaram ainda outras reivindicações: a instalação de televisores e a mudança da cor dos uniformes.
Desde o último dia 12, quando os ataques começaram, morreram 79 suspeitos de envolvimento nos crimes --conforme balanço divulgado nesta terça pela Secretaria da Segurança--, 41 agentes de segurança --entre policiais, guardas e agentes penitenciários--, quatro civis e 17 presos rebelados. Foram contabilizados ao todo 299 ataques.
Com GABRIELA MANZINI, da Folha Online
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Advogado suspeito de comprar áudio da CPI nega ligação com PCC
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da Folha Online, em Brasília
O advogado Sérgio Wesley da Cunha, suspeito de ter comprado o áudio de uma sessão secreta da CPI do Tráfico de Armas de um ex-funcionário da Casa, voltou a negar nesta terça-feira, em depoimento a integrantes da comissão, que esteja ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital). "Não cometi crime algum."
Ele disse que fez "uma meleca" ao não certificar-se de que havia sido autorizado pela CPI a copiar o depoimento.
Cunha começou a ser ouvido após a interrupção do depoimento de sua suposta cúmplice no crime, a advogada Maria Cristina de Souza Rachado, que defende o líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Segundo o relator da CPI, deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), a advogada será indiciada.
Para a CPI, os advogados estão ligados à facção e pagaram R$ 200 a um ex-funcionário da Câmara pela gravação da audiência reservada com os delegados da Polícia Civil de São Paulo Godofredo Bittencourt e Rui Ferraz Fontes, do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado).
Na semana passada, o ex-funcionário da Câmara responsável por gravar a audiência, Arthur Vinicius Silva, confirmou ter entregue CDs com o material aos dois advogados, em um shopping de Brasília (DF).
Naquela ocasião, a CPI pediu a prisão dos dois advogados à Justiça Federal. O pedido ainda está sendo avaliado.
Cunha
Inicialmente, o depoimento dos dois delegados seria prestado em audiência pública. Ele passou a ser reservado a parlamentares depois que os dois reconheceram os advogados como representantes do PCC na platéia.
Em seu depoimento, Cunha disse que havia sido autorizado a acompanhar a audiência pública e que não foi informado de que não poderia ter acesso ao conteúdo dos depoimentos mesmo após a sessão ter passado a secreta. Ele disse que, por isso, procurou o ex-funcionário responsável pelo áudio e solicitou a ele uma cópia da gravação.
"Peguei a cópia de modo legal. Não corrompi, não paguei ninguém. Pedi a ele [o ex-funcionário] agradecer ao secretário da comissão, agradeci a ele e fui embora", disse o advogado.
O advogado admitiu ter ouvido o CD, mas disse que buscava apenas dados ligados ao seu cliente, Leandro Lima de Carvalho, suspeito de integrar o PCC. Carvalho foi preso no último dia 1º de maio suspeito de envolvimento em uma tentativa de resgate de Marcola.
Seqüência
O vazamento dos depoimentos dos delegados ganhou importância na semana passada porque antecedeu a série de ataques contra forças de segurança paulistas e de rebeliões promovida a mando do PCC em vários pontos do Estado de São Paulo.
Na audiência, os delegados informaram, segundo a CPI, que isolariam um grupo de presos considerados de alta periculosidade --incluindo líderes da facção-- e que tinham conhecimento do plano dos criminosos de promover uma megarrebelião no domingo passado, Dia das Mães.
Por meio da gravação vendida aos advogados, as informações teriam chegado a Marcola e detonado a onda de violência.
No dia seguinte à audiência dos delegados, quinta-feira (11), 765 presos foram levados para a penitenciária de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo). Na sexta (12), oito líderes do PCC foram levados à sede do Deic, em Santana (zona norte de São Paulo). Naquele dia, quase simultaneamente, começaram os ataques.
No sábado (13), Marcola foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo) e colocado no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). No domingo (14), auge dos ataques e rebeliões, Marcola recebeu a visita de outra advogada e de representantes do governo estadual, contrariando as regras do RDD.
Há suspeita de acordo. O governo nega ter negociado com o PCC o fim dos ataques, mas admite que o encontro serviu para que a advogada garantisse a integridade física de Marcola e dos outros líderes isolados aos criminosos. Os presos conquistaram ainda outras reivindicações: a instalação de televisores e a mudança da cor dos uniformes.
Desde o último dia 12, quando os ataques começaram, morreram 79 suspeitos de envolvimento nos crimes --conforme balanço divulgado nesta terça pela Secretaria da Segurança--, 41 agentes de segurança --entre policiais, guardas e agentes penitenciários--, quatro civis e 17 presos rebelados. Foram contabilizados ao todo 299 ataques.
Com GABRIELA MANZINI, da Folha Online
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