Publicidade
Publicidade
23/05/2006
-
20h58
ANDREZA MATAIS
da Folha Online, em Brasília
O deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) apresentou nesta terça-feira documentos que contradizem a advogada Maria Cristina de Souza Rachado, defensora do líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Ela e o Sérgio Wesley da Cunha estão sendo ouvidos pela CPI do Tráfico de Armas.
Um dos documentos --um relatório da Polícia Civil de São Paulo-- mostra que Rachado esteve com Marcola pela última vez em abril, e não em março como dissera; que ela visitou presídios dez vezes desde janeiro; e que ela esteve em contato com outro líder da facção, o José Carlos Rabelo, o Pateta.
Para Jungmann, o relatório prova que a advogada é um "pombo-correio". "Isso mostra claramente que ela vai com freqüência conversar com os criminosos", acusou. O deputado também apresentou um suposto livro-caixa do PCC que aponta gastos de até R$ 10 mil com advogados.
Para a CPI, os advogados estão ligados ao PCC e pagaram R$ 200 a um ex-funcionário da Câmara pela gravação da audiência reservada com os delegados da Polícia Civil de São Paulo Godofredo Bittencourt e Rui Ferraz Fontes, do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado).
Na semana passada, o ex-funcionário da Câmara responsável por gravar a audiência, Arthur Vinicius Silva, confirmou ter entregue CDs com o material aos dois advogados, em um shopping de Brasília (DF).
Depoimentos
O depoimento de Rachado foi interrompido à tarde porque ela se sentiu mal e foi retomado à noite. No intervalo, Cunha prestou depoimento. Segundo o presidente da CPI, deputado federal Moroni Torgan (PFL-CE), os dois estão sendo ouvidos como indiciados, e não mais como testemunhas.
Como passaram a ser ouvidos como indiciados, os advogados não podem ser presos por falso testemunho. Eles só serão presos se cometerem desacato ou se sua prisão --solicitada pela CPI há cerca de uma semana à Justiça Federal-- for decretada.
Rachado disse que foi visitar Pateta a pedido de uma colega que estava impossibilitada; e que o pagamento de seus honorários pela defesa de Marcola são feitos pessoalmente por uma tia do preso. A advogada disse receber R$ 2.000 por mês, em dinheiro.
Logo que o depoimento de Rachado terminar, ela e Cunha serão submetidos a uma acareação. Diversos pontos dos depoimentos deles divergiram.
Seqüência
O vazamento dos depoimentos dos delegados ganhou importância na semana passada porque antecedeu a série de ataques contra forças de segurança paulistas e de rebeliões promovida a mando do PCC em vários pontos do Estado de São Paulo.
Na audiência, os delegados informaram, segundo a CPI, que isolariam um grupo de presos considerados de alta periculosidade --incluindo líderes da facção-- e que tinham conhecimento do plano dos criminosos de promover uma megarrebelião no domingo passado, Dia das Mães.
Por meio da gravação vendida aos advogados, as informações teriam chegado a Marcola e detonado a onda de violência.
No dia seguinte à audiência dos delegados, quinta-feira (11), 765 presos foram levados para a penitenciária de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo). Na sexta (12), oito líderes do PCC foram levados à sede do Deic, em Santana (zona norte de São Paulo). Naquele dia, quase simultaneamente, começaram os ataques.
No sábado (13), Marcola foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo) e colocado no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). No domingo (14), auge dos ataques e rebeliões, Marcola recebeu a visita de outra advogada e de representantes do governo estadual, contrariando as regras do RDD.
Há suspeita de acordo. O governo nega ter negociado com o PCC o fim dos ataques, mas admite que o encontro serviu para que a advogada garantisse a integridade física de Marcola e dos outros líderes isolados aos criminosos. Os presos conquistaram ainda outras reivindicações: a instalação de televisores e a mudança da cor dos uniformes.
Desde o último dia 12, quando os ataques começaram, morreram 79 suspeitos de envolvimento nos crimes --conforme balanço divulgado nesta terça pela Secretaria da Segurança--, 41 agentes de segurança --entre policiais, guardas e agentes penitenciários--, quatro civis e 17 presos rebelados. Foram contabilizados ao todo 299 ataques.
Com GABRIELA MANZINI, da Folha Online
Leia mais
Presidente da CPI diz que advogados mentiram e promete acareação
Advogado suspeito de comprar áudio da CPI nega ligação com PCC
Ouvidoria aponta 40 mortes suspeitas em São Paulo
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o PCC
Leia a cobertura completa sobre os ataques do PCC em SP
Deputado apresenta documentos que contradizem advogada de Marcola
Publicidade
da Folha Online, em Brasília
O deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) apresentou nesta terça-feira documentos que contradizem a advogada Maria Cristina de Souza Rachado, defensora do líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Ela e o Sérgio Wesley da Cunha estão sendo ouvidos pela CPI do Tráfico de Armas.
Um dos documentos --um relatório da Polícia Civil de São Paulo-- mostra que Rachado esteve com Marcola pela última vez em abril, e não em março como dissera; que ela visitou presídios dez vezes desde janeiro; e que ela esteve em contato com outro líder da facção, o José Carlos Rabelo, o Pateta.
Alan Marques/Folha Imagem |
A advogada Maria Cristina de Souza Rachado, antes de depor na CPI dos Tráfico de Armas |
Para a CPI, os advogados estão ligados ao PCC e pagaram R$ 200 a um ex-funcionário da Câmara pela gravação da audiência reservada com os delegados da Polícia Civil de São Paulo Godofredo Bittencourt e Rui Ferraz Fontes, do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado).
Na semana passada, o ex-funcionário da Câmara responsável por gravar a audiência, Arthur Vinicius Silva, confirmou ter entregue CDs com o material aos dois advogados, em um shopping de Brasília (DF).
Depoimentos
O depoimento de Rachado foi interrompido à tarde porque ela se sentiu mal e foi retomado à noite. No intervalo, Cunha prestou depoimento. Segundo o presidente da CPI, deputado federal Moroni Torgan (PFL-CE), os dois estão sendo ouvidos como indiciados, e não mais como testemunhas.
Como passaram a ser ouvidos como indiciados, os advogados não podem ser presos por falso testemunho. Eles só serão presos se cometerem desacato ou se sua prisão --solicitada pela CPI há cerca de uma semana à Justiça Federal-- for decretada.
Rachado disse que foi visitar Pateta a pedido de uma colega que estava impossibilitada; e que o pagamento de seus honorários pela defesa de Marcola são feitos pessoalmente por uma tia do preso. A advogada disse receber R$ 2.000 por mês, em dinheiro.
Logo que o depoimento de Rachado terminar, ela e Cunha serão submetidos a uma acareação. Diversos pontos dos depoimentos deles divergiram.
Seqüência
O vazamento dos depoimentos dos delegados ganhou importância na semana passada porque antecedeu a série de ataques contra forças de segurança paulistas e de rebeliões promovida a mando do PCC em vários pontos do Estado de São Paulo.
Na audiência, os delegados informaram, segundo a CPI, que isolariam um grupo de presos considerados de alta periculosidade --incluindo líderes da facção-- e que tinham conhecimento do plano dos criminosos de promover uma megarrebelião no domingo passado, Dia das Mães.
Por meio da gravação vendida aos advogados, as informações teriam chegado a Marcola e detonado a onda de violência.
No dia seguinte à audiência dos delegados, quinta-feira (11), 765 presos foram levados para a penitenciária de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo). Na sexta (12), oito líderes do PCC foram levados à sede do Deic, em Santana (zona norte de São Paulo). Naquele dia, quase simultaneamente, começaram os ataques.
No sábado (13), Marcola foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo) e colocado no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). No domingo (14), auge dos ataques e rebeliões, Marcola recebeu a visita de outra advogada e de representantes do governo estadual, contrariando as regras do RDD.
Há suspeita de acordo. O governo nega ter negociado com o PCC o fim dos ataques, mas admite que o encontro serviu para que a advogada garantisse a integridade física de Marcola e dos outros líderes isolados aos criminosos. Os presos conquistaram ainda outras reivindicações: a instalação de televisores e a mudança da cor dos uniformes.
Desde o último dia 12, quando os ataques começaram, morreram 79 suspeitos de envolvimento nos crimes --conforme balanço divulgado nesta terça pela Secretaria da Segurança--, 41 agentes de segurança --entre policiais, guardas e agentes penitenciários--, quatro civis e 17 presos rebelados. Foram contabilizados ao todo 299 ataques.
Com GABRIELA MANZINI, da Folha Online
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Sem PM nas ruas, poucos comércios e ônibus voltam a funcionar em Vitória
- Sem-teto pede almoço, faz elogios e dá conselhos a Doria no centro de SP
- Ato contra aumento de tarifas termina em quebradeira e confusão no Paraná
- Doria madruga em fila de ônibus para avaliar linha e ouve reclamações
- Vídeos de moradores mostram violência em ruas do ES; veja imagens
+ Comentadas
- Alessandra Orofino: Uma coluna para Bolsonaro
- Abstinência não é a única solução, diz enfermeira que enfrentou cracolândia
+ EnviadasÍndice