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07/06/2006 - 21h40

Advogada nega ligação com PCC e rebate denúncias de deputado

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GABRIELA MANZINI
da Folha Online

A advogada Maria Odette de Moraes Haddad negou nesta quarta-feira, em entrevista à Folha Online, que mantenha alguma ligação com o PCC. Ela é a advogada que mais visitou integrantes da facção criminosa presos em diferentes unidades de São Paulo, desde janeiro deste ano.

"Não sou criminosa, não tenho nenhuma ligação com o crime. Não sou milionária, eu trabalho para sobreviver. Estou indignada com essa denúncia. Todos os clientes para quem eu trabalho, eu provo que trabalho."

O nome dela está na lista de advogados que, segundo o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), que integra a CPI do Tráfico de Armas, são suspeitos de atuar como pombos-correio do PCC (Primeiro Comando da Capital). A OAB-SP apurará as denúncias.

Entre os últimos dias 9 de janeiro e 5 de maio, Haddad realizou 110 visitas a 46 presos ligados ao crime organizado. Destes, 16 estavam isolados, sob o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo), quando a receberam.

Os presos mais visitados pela advogada são Rogério Geremias de Simone, o Gegê do Mangue, que a recebeu em 13 ocasiões, e Marcos Paulo Nunes da Silva, o Vietnã, visitado 8 vezes.

Segundo a advogada, os dois e grande parte dos detentos visitados por ela desde janeiro são seus clientes "há muito tempo". "Por acaso ter 30, 40, 50 clientes é uma carteira absurda?"

Indignada, Haddad disse que planeja ir para Brasília (DF) até o final deste mês para pedir uma audiência com o deputado e com o presidente nacional da OAB, Rogério Busato, onde apresentará as procurações --assinadas pelos presos em questão-- que a autorizam a advogar por eles.

Por telefone, a advogada apresentou à reportagem justificativas para cada um dos encontros. Em alguns casos, segundo Haddad, o preso pretendia sondar a possibilidade de contratá-la.

"Às vezes você atende um cliente que chama, que procura, e acaba não sendo contratado ou por que não me interessa, ou por que ele não tem condições de arcar com os honorários que eu cobro. Qual é o problema nisso? É como se você entrasse em uma loja e fizesse um orçamento."

De acordo com a lista, em alguns dias, a advogada visitou seis presos em uma mesma unidade. "Já cheguei a ter dez, doze clientes em Presidente Bernardes. Eu agendo um dia de manhã e à tarde ou dois dias de manhã para atendê-los", afirma.

Segundo ela, é comum que presos submetidos ao RDD solicitem encontros freqüentes, uma vez que não têm acesso a jornais, revistas ou TV.

Marcola

Um dos presos visitados pela advogada, de acordo com os registros da lista, é o chefe máximo do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Ela esteve com ele no dia 23 de janeiro, na penitenciária 1 de Avaré (262 km a oeste de São Paulo).

Segundo a advogada, o encontro foi solicitado pelo próprio Marcola, por meio de um familiar, para consultar a opinião dela sobre uma estratégia adotada por um de seus advogados.

"Marcola não é meu cliente. Ele pediu que o atendesse para tirar algumas dúvidas comigo. Eu advogo na área criminal há aproximadamente 13 anos. Eu estudo muito o RDD e tive êxito em causas assim. Tem uma hora que seu nome fica conhecido, você acaba sendo considerada uma boa profissional."

Haddad disse ter encontrado Marcola ao menos mais uma vez. Ela teria ido a pedido da colega Maria Cristina de Souza Rachado, acusada de ter pago R$ 200 a um funcionário da Câmara pela gravação do depoimento secreto de dois delegados de São Paulo à CPI do Tráfico de Armas.

Marcola será ouvido sobre o vazamento das informações prestadas pelos delegados na quinta-feira (8).

"Um dia antes de eu ter conversado com o Marcola, um dia depois de ela [Rachado] ser ouvida na CPI em Brasília, ela me telefonou e pediu para eu explicar a ele o que estava acontecendo, porque já tinham dito a ele que ela estava presa. Pediu para dizer que ela já havia iniciado as defesas e que, na semana seguinte, ela estaria lá [em Presidente Bernardes]."

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