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08/07/2006
-
09h17
RICARDO GALLO
LUÍSA BRITO
da Folha de S.Paulo
O agente penitenciário José Carlos, 33, na profissão há seis, já decidiu: se morrer, morrerá sozinho. Desde o início da semana, despachou mulher e filhos para a casa da sogra, em outro bairro de São Paulo. Cadeiras sempre ficam encostadas nas portas da casa. "Se alguém bater na porta, dá para ouvir", diz. Com ele, um revólver --ilegal, porque agentes não podem andar armados. "Antes ser preso do que morto."
A sensação de pavor de José Carlos (o nome é fictício) virou regra para uma categoria que teme pela vida. Mortes e atentados consecutivos colocaram em alerta os cerca de 23 mil agentes penitenciários do Estado, gente que ganha em média R$ 1.600 mensais, trabalha em turnos de 12 horas, mora em geral na periferia e, desde o último dia 28, virou o principal alvo dos criminosos. "Tenho 28 anos de sistema, isso nunca aconteceu", afirma Carlos (nome também fictício), 54, mesma idade de Paulo Araújo, com quem, inclusive, trabalhou.
Carlos, funcionário de um CDP (Centro de Detenção Provisória) da zona leste diz estar em pânico. Para ele, no entanto, existe situação pior. Ontem, na unidade em que trabalha, dois agentes começaram na função. Vieram transferidos da Baixada Santista. Um deles foi expulso de casa, com toda a família, por ordem do PCC.
Mudança também foi a solução para Marcelo, que deixou a família no interior e foi para a capital. "Saí de casa na segunda. Tinha um carro estranho rondando a minha casa", afirmou. Embora tenha medo, ele decidiu não recuar diante dos ataques. "Uma hora eu vou "embora", pela mão de Deus ou do homem. Não vou me esconder." Marcelo é diretor de um dos sindicatos dos agentes penitenciários. Segundo ele, em ao menos quatro unidades os funcionários passaram a tapar, com panos, as placas dos carros. "As visitas chegam ao presídio, "puxam" a placa do carro e pegam sua ficha toda", disse. "Somos uma presa muito fácil."
Em luto, os sindicatos dos agentes vão suspender as visitas aos presos no final de semana. Segundo as entidades, toda vez que um agente for atingido haverá uma paralisação de 24h.
A Secretaria da Administração Penitenciária disse não ter sido informada da paralisação.
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LUÍSA BRITO
da Folha de S.Paulo
O agente penitenciário José Carlos, 33, na profissão há seis, já decidiu: se morrer, morrerá sozinho. Desde o início da semana, despachou mulher e filhos para a casa da sogra, em outro bairro de São Paulo. Cadeiras sempre ficam encostadas nas portas da casa. "Se alguém bater na porta, dá para ouvir", diz. Com ele, um revólver --ilegal, porque agentes não podem andar armados. "Antes ser preso do que morto."
A sensação de pavor de José Carlos (o nome é fictício) virou regra para uma categoria que teme pela vida. Mortes e atentados consecutivos colocaram em alerta os cerca de 23 mil agentes penitenciários do Estado, gente que ganha em média R$ 1.600 mensais, trabalha em turnos de 12 horas, mora em geral na periferia e, desde o último dia 28, virou o principal alvo dos criminosos. "Tenho 28 anos de sistema, isso nunca aconteceu", afirma Carlos (nome também fictício), 54, mesma idade de Paulo Araújo, com quem, inclusive, trabalhou.
Carlos, funcionário de um CDP (Centro de Detenção Provisória) da zona leste diz estar em pânico. Para ele, no entanto, existe situação pior. Ontem, na unidade em que trabalha, dois agentes começaram na função. Vieram transferidos da Baixada Santista. Um deles foi expulso de casa, com toda a família, por ordem do PCC.
Mudança também foi a solução para Marcelo, que deixou a família no interior e foi para a capital. "Saí de casa na segunda. Tinha um carro estranho rondando a minha casa", afirmou. Embora tenha medo, ele decidiu não recuar diante dos ataques. "Uma hora eu vou "embora", pela mão de Deus ou do homem. Não vou me esconder." Marcelo é diretor de um dos sindicatos dos agentes penitenciários. Segundo ele, em ao menos quatro unidades os funcionários passaram a tapar, com panos, as placas dos carros. "As visitas chegam ao presídio, "puxam" a placa do carro e pegam sua ficha toda", disse. "Somos uma presa muito fácil."
Em luto, os sindicatos dos agentes vão suspender as visitas aos presos no final de semana. Segundo as entidades, toda vez que um agente for atingido haverá uma paralisação de 24h.
A Secretaria da Administração Penitenciária disse não ter sido informada da paralisação.
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