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13/07/2006 - 11h56

Após ataques, SP coloca policiais à paisana para conter violência em ônibus

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da Folha Online

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), anunciou que policiais militares serão colocados armados e à paisana dentro dos ônibus, ainda nesta quinta-feira, para coibir a violência no sistema municipal. Desde a noite da última terça (11), quando o Estado voltou a viver uma onda de ataques atribuída ao PCC, 44 ônibus foram queimados ou baleados, de acordo com balanço da SPTrans (empresa que gerencia o transporte coletivo).

Os ônibus são o principal alvo das ações criminosas. Dos 106 ataques contra 121 alvos registrados entre a noite de terça e as 12h desta quinta em todo o Estado, 68 foram incêndios ou disparos contra ônibus --mais de 64%.

Segundo o prefeito, os policiais ficarão nas principais linhas e enfrentarão o crime até as "últimas conseqüências". Kassab anunciou ainda a criação de um grupo de trabalho que envolverá a prefeitura e o governo do Estado --com a atuação da Polícia Militar--, para coibir a violência nos ônibus municipais.

As medidas foram anunciadas pelo prefeito no Quartel Central da PM, no centro da cidade, onde participou de uma reunião. Segundo ele, o grupo de trabalho será coordenado pelo comandante-geral da PM, coronel Eliseu Eclair Teixeira, e o secretário dos Transportes, Frederico Bussinger.
Folha Imagem
Um dos ônibus atacados durante a nova onda de violência atribuída ao PCC em São Paulo
Um dos ônibus atacados durante a nova onda de violência atribuída ao PCC em São Paulo


O prefeito afirmou que, juntos, os órgãos vão partir "para o enfrentamento rigoroso contra o crime".

Violência

Ataques atribuídos à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) voltaram a ser registrados entre a noite de quarta e a madrugada desta quinta-feira em São Paulo.

Desde o início dos ataques, forças de segurança, prédios públicos e particulares e ônibus foram alvos dos criminosos.

Devido à violência, 13 empresas não saíram das garagens na manhã desta quinta. Apenas três empresas circulavam --uma na zona leste e duas na zona oeste. Conforme a SPTrans, os microônibus do setor local (entre bairros) operam normalmente. Trens e metrô circulam sem problemas.

O número de pessoas prejudicadas pela paralisação não foi confirmado pela SPTrans. O sistema transporta, no total, 5,5 milhões de pessoas diariamente.

A administração municipal decidiu suspender o rodízio de veículos durante todo o dia. Com isso, veículos com placas finais 7 e 8 podem circular normalmente no centro expandido da cidade nos horários de pico --das 7h às 10h e das 17h às 20h.

Ataques

Ataques incendiários contra ônibus ocorridos entre a noite de terça e esta quarta feriram quatro mulheres e um menino de dois anos, em São Vicente (litoral) e na Vila Madalena (zona oeste de São Paulo).

Com as novas ações, já passa de cem o número de ataques contra forças de segurança, ônibus e prédios públicos e particulares registrados em mais de 20 cidades do Estado de São Paulo, desde a noite da última terça.

O caso mais grave ocorreu em São Vicente, por volta de 21h de ontem. A cobradora, de 34 anos, e dois passageiros --uma fotógrafa de 24 anos e um menino de dois-- sofreram queimaduras antes de saírem do ônibus em chamas.

As vítimas foram hospitalizadas. A cidade de São Vicente registrou um total de sete incêndios criminosos: cinco contra ônibus e os demais contra fachadas de supermercados.

Na Vila Madalena, três homens entraram como passageiros em um ônibus da empresa Urubupungá, que fazia a linha Vila Munhoz-Vila Madalena, por volta das 23h. Na esquina das ruas Aspicuelta e Fidalga, o trio jogou um líquido inflamável no piso do ônibus e ateou fogo.

Segundo a Polícia Civil, duas mulheres, de 39 e 27 anos, sofreram queimaduras leves. O atentado gerou pânico no local, um dos principais bairros boêmios da classe média paulistana, e levou vários bares a fecharem as portas mais cedo.

Alvos

Ao contrário do que ocorreu na primeira leva de ataques do PCC, em maio, a nova série de ataques priorizou os alvos civis, como ônibus, bancos, postos de gasolina e ambulâncias, no lugar das forças de segurança.

Até uma ambulância foi queimada nos atentados. Atraída por uma chamada falsa, a ambulância foi até a Estrada do Pedregulho, na Vila Esperança, em Santana do Parnaíba (Grande São Paulo). Ali, o veículo foi cercado por três homens, que obrigaram o motorista a descer e atearam fogo ao veículo.

Uma granada foi atirada contra um posto de combustíveis na Avenida Adélia Chohfi, próximo ao terminal de ônibus de São Mateus, no início da madrugada. O artefato falhou e não explodiu. Policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) interditaram o posto e recolheram a granada.

Prédios públicos não foram poupados. A Câmara Municipal de Juquitiba (Grande SP) foi alvo de um atentado a bomba. Criminosos num carro e numa moto lançaram a bomba contra o prédio por volta das 23h de quarta-feira. A explosão, destruiu as vidraças e parte do teto.

Em Jundiaí (60 km a noroeste de São Paulo), criminosos atiraram às 0h50 contra o 3º Distrito Policial, na avenida São João.

O 5º Distrito Policial de Piracicaba (162 km a noroeste de São Paulo) foi metralhado por volta das 22h de quarta. A delegacia estava vazia, pois fecha às 18h. Na mesma cidade, foram registrados três ataques incendiários, que atingiram uma agência do Bradesco, também em Santa Terezinha, e dois ônibus da Viação Paulicéia.

Os atentados atingiram várias agências bancárias. Em São Sebastião (litoral), uma agência do Bradesco foi incendiada por volta das 0h. Na zona leste de São Paulo, outras duas agências do Bradesco foram metralhadas, uma na avenida Carrão, Tatuapé, e outra na rua Tibúrcio de Souza, no Itaim Paulista.

Balanço

O último balanço divulgado pela Secretaria da Segurança --por volta das 22h de quarta-- aponta seis pessoas mortas nos ataques: um policial militar, sua irmã (mortos na zona norte de São Paulo), três vigilantes particulares (no Guarujá) e um guarda municipal (em Cabreúva).

As mortes de um agente prisional, em Campinas, e do filho de um investigador, em São Vicente, não entraram nas estatísticas oficiais.

Conforme os últimos dados, ocorreram 11 ataques contra bancos, seis contra revendedoras de veículos, dois supermercados, uma loja, um sindicato e três casas de policias militares, entre outros.

Em alguns ataques foram usados coquetéis molotov e em outros, disparados tiros. As ações ocorreram, além de São Paulo, em municípios como Santos, Guarujá, Praia Grande, Santa Isabel, Ferraz de Vasconcelos, Suzano, Osasco, Guarulhos, Mauá, Taubaté, Embu, Taboão da Serra e Pindamonhangaba.

Apesar de divulgar os números, o governo estadual não informou todos os locais onde ocorreram os ataques. O motivo seria não aumentar a sensação de insegurança, de acordo com o comandante da PM, Eliseu Eclair Teixeira.

A polícia deteve sete suspeitos de participação nas ações criminosas, entre eles dois adolescentes. Um dos presos é Emivaldo Silva Santos, 30, o BH, que é apontado como o "general" do facção na região do ABC. Ele foi capturado horas antes do início dos ataques, na rodovia Imigrantes, em uma operação conjunta das polícias Civil e Militar.

Em outra ação, quatro homens que possivelmente promoveriam um ataque também foram presos após denúncia de um agente penitenciário.

Suspeita

Um possível plano de transferência de presos para a penitenciária federal de Catanduvas (PR) teria sido o motivo da nova onda de ataques --a maior desde as ações de maio.

Reportagem publicada nesta quinta-feira pela Folha mostra que a nova onda de ataques foi uma represália contra a tortura, os maus-tratos a parentes e às condições dos presídios, conforme o ex-policial civil Ivan Raymondi Barbosa, presidente da ONG Nova Ordem, investigada pelo Ministério Público por suposta ligação com a facção criminosa.

Maio

Na maior série de atentados promovida pelo PCC, entre 12 e 19 de maio, o PCC promoveu uma onda de rebeliões que atingiu 82 unidades do sistema penitenciário paulista e realizou 299 ataques, incluindo incêndios a ônibus.

Na ocasião, a onda de violência seria uma resposta à decisão do governo estadual de isolar líderes da facção criminosa em prisões.

Somadas aos ataques iniciados em 12 de maio, a nova onda de ações deixou o seguinte saldo: cerca de 370 atentados, 42 membros das forças de segurança do Estado e quatro civis assassinados, ao menos 92 pessoas acusadas de ligação com as ações da facção foram mortas pelas polícias.

A partir de 28 de junho, os atentados passaram a atingir também agentes penitenciários. Desde então, seis agentes penitenciários e um carcereiro foram mortos. Outros dois agentes sofreram tentativas de homicídio.

Colaboraram LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online, os repórteres GABRIELA MANZINI e FAUSTO SALVADORI, da Folha Online e a Agência Folha

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