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13/07/2006 - 14h54

PM conclui que ônibus são principal alvo de ataques do PCC

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da Folha Online

O comandante-geral da PM, coronel Eliseu Eclair Teixeira, admitiu nesta quinta-feira que os ônibus são o principal alvo da nova série de ataques promovida pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). Dos 106 ataques contra 121 alvos registrados até as 12h desta quinta em todo o Estado, 68 foram incêndios ou disparos contra ônibus --mais de 64%.

Os crimes assustaram os empresários do setor e, às 12h, somente cerca de 15% da frota estava em circulação, segundo o comandante-geral.

Na tentativa de reprimir os ataques, a partir da tarde desta quinta, PMs de uma tropa de elite da corporação serão colocados --armados e à paisana-- entre usuários de ônibus das 20 principais linhas da cidade. Eles também trabalharão na escolta de ônibus e no policiamento ostensivo.
Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Criminosos queimam carro em frente à agência bancária em São Paulo, em meio a ataques
Criminosos queimam carro em frente à agência bancária em São Paulo, em meio a ataques


Segundo o comandante-geral, os PMs que irão fingir ser passageiros foram orientados a monitorar os ataques e preservar a segurança. "Prender não é o principal, quando a vida dos usuários estiver em perigo." Questionado sobre o uso de armas, porém, ele foi incisivo: "PM sempre está armado".

Para o coronel da PM, os incendiários são principalmente rapazes com idades entre 18 e 20 anos. Para ele, os crimes foram "terceirizados".

Em entrevista concedida à imprensa nesta quinta na sede do Comando Geral da PM, no centro de São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab (PFL) descartou a hipótese de que parte dos ataques contra ônibus tenha sido encomendada por empresários rivais ou cooperativas de vans e microônibus. "A origem é o PCC, é o crime organizado."

Ele anunciou a criação de um grupo de estudo que irá mapear os ataques e determinar ações preventivas.

Com poucos ônibus em circulação, a prefeitura decidiu suspender o rodízio de veículos durante todo o dia. Com isso, veículos com placas finais 7 e 8 podem circular normalmente no centro expandido da cidade nos horários de pico --das 7h às 10h e das 17h às 20h.

Ataques

Ataques incendiários contra ônibus ocorridos entre a noite de terça e esta quarta feriram quatro mulheres e um menino de dois anos, em São Vicente (litoral) e na Vila Madalena (zona oeste de São Paulo).

Com as novas ações, já passa de cem o número de ataques contra forças de segurança, ônibus e prédios públicos e particulares registrados em mais de 20 cidades do Estado de São Paulo, desde a noite da última terça.

O caso mais grave ocorreu em São Vicente, por volta de 21h de ontem. A cobradora, de 34 anos, e dois passageiros --uma fotógrafa de 24 anos e um menino de dois-- sofreram queimaduras antes de saírem do ônibus em chamas.

As vítimas foram hospitalizadas. A cidade de São Vicente registrou um total de sete incêndios criminosos: cinco contra ônibus e os demais contra fachadas de supermercados.

Na Vila Madalena, três homens entraram como passageiros em um ônibus da empresa Urubupungá, que fazia a linha Vila Munhoz-Vila Madalena, por volta das 23h. Na esquina das ruas Aspicuelta e Fidalga, o trio jogou um líquido inflamável no piso do ônibus e ateou fogo.

Segundo a Polícia Civil, duas mulheres, de 39 e 27 anos, sofreram queimaduras leves. O atentado gerou pânico no local, um dos principais bairros boêmios da classe média paulistana, e levou vários bares a fecharem as portas mais cedo.

Balanço

O último balanço divulgado pela Secretaria da Segurança --por volta das 22h de quarta-- aponta seis pessoas mortas nos ataques: um policial militar, sua irmã (mortos na zona norte de São Paulo), três vigilantes particulares (no Guarujá) e um guarda municipal (em Cabreúva).

As mortes de um agente prisional, em Campinas, e do filho de um investigador, em São Vicente, não entraram nas estatísticas oficiais.

Conforme os últimos dados, ocorreram 15 ataques contra bancos, seis contra revendedoras de veículos, dois supermercados, uma loja, um sindicato e três casas de policias militares, entre outros. Em alguns ataques foram usados coquetéis molotov e em outros, disparados tiros.

As ações ocorreram, além de São Paulo, em municípios como Santos, Guarujá, Praia Grande, Santa Isabel, Ferraz de Vasconcelos, Suzano, Osasco, Guarulhos, Mauá, Taubaté, Embu, Taboão da Serra e Pindamonhangaba.

Apesar de divulgar os números, o governo estadual não informou todos os locais onde ocorreram os ataques. O motivo seria não aumentar a sensação de insegurança, de acordo com o comandante-geral da PM.

A polícia deteve sete suspeitos de participação nas ações criminosas, entre eles dois adolescentes. Um dos presos é Emivaldo Silva Santos, 30, o BH, apontado como o "general" do facção na região do ABC. Ele foi capturado horas antes do início dos ataques, na rodovia Imigrantes, em uma operação conjunta das polícias Civil e Militar.

Em outra ação, quatro homens que possivelmente promoveriam um ataque também foram presos após denúncia de um agente penitenciário.

Suspeita

Um possível plano de transferência de presos para a penitenciária federal de Catanduvas (PR) teria sido o motivo da nova onda de ataques --a maior desde as ações de maio.

Reportagem publicada nesta quinta-feira pela Folha mostra que a nova onda de ataques foi uma represália contra a tortura, os maus-tratos a parentes e às condições dos presídios, conforme o ex-policial civil Ivan Raymondi Barbosa, presidente da ONG Nova Ordem, investigada pelo Ministério Público por suposta ligação com a facção criminosa.

Maio

Na maior série de atentados promovida pelo PCC, entre 12 e 19 de maio, o PCC promoveu uma onda de rebeliões que atingiu 82 unidades do sistema penitenciário paulista e realizou 299 ataques, incluindo incêndios a ônibus.

Na ocasião, a onda de violência seria uma resposta à decisão do governo estadual de isolar líderes da facção criminosa em prisões.

Somadas aos ataques iniciados em 12 de maio, a nova onda de ações deixou o seguinte saldo: cerca de 370 atentados, 42 membros das forças de segurança do Estado e quatro civis assassinados, ao menos 92 pessoas acusadas de ligação com as ações da facção foram mortas pelas polícias.

A partir de 28 de junho, os atentados passaram a atingir também agentes penitenciários. Desde então, seis agentes penitenciários e um carcereiro foram mortos. Outros dois agentes sofreram tentativas de homicídio.

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