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21/07/2006 - 20h21

Defesa de Suzane marginaliza Cravinhos e insinua preconceito social

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GABRIELA MANZINI
TATHIANA BARBAR
da Folha Online

Os argumentos apresentados em defesa de Suzane von Richthofen, 22, reafirmaram a impressão de que, em determinado grau, busca apoio no preconceito social para convencer os jurados de que a "menina milionária" --que vivia isolada em uma atmosfera de conforto-- foi dominada e convencida pelo então namorado, Daniel Cravinhos, 25, a participar da morte dos pais, em 2002, em São Paulo.

Os argumentos foram apresentados nesta sexta-feira, quinto dia do júri, durante a fase de debates. Além de Suzane e Daniel, o irmão dele, Cristian, também é réu confesso no processo que os acusa de ter matado Manfred e Marísia von Richthofen, pais da jovem.

André Porto/Folha Imagem
Suzane von Richthofen deixa delegacia rumo ao fórum da Barra Funda, em São Paulo
Suzane von Richthofen deixa delegacia rumo ao fórum da Barra Funda, em São Paulo
"Experimenta colocar o filho que é trancado em casa, por uma fatalidade, ter que conviver com uma criança de 10 anos, na rua. Veja se ela não consegue dominar a mente do seu filho", disse o advogado Mário Sérgio de Oliveira Filho, defensor de Suzane. "Eles [os irmãos Cravinhos] já conheciam a vida."

Oliveira Filho destacou a cena da filmagem da reconstituição do crime, feita ainda em 2002, pela Polícia Civil de São Paulo, em que os peritos pedem que Cristian simule sua entrada na casa dos Richthofen, pela janela, e ele coloca os pés no parapeito com extrema facilidade.

O raciocínio do advogado foi interrompido pelo promotor Roberto Tardelli, que atentou para o perigo de que a afirmação soasse preconceituosa, o que o advogado negou repetidamente.

Minutos antes, a filha do advogado Mauro Nacif, Eleonora Nacif, havia acusado Daniel de ter um "histórico de marginalidade". "A inteligência de Daniel era muito maior que a de Suzane, para o crime." Ela o acusou de ter fabricado bombas caseiras; de introduzir Suzane e o irmão caçula dela, Andreas, no "mundo das drogas"; e de ter adulterado as placas de um carro.

No plenário, Eleonora disse que Suzane "é uma menina extremamente comum" e que "o erro dela foi ter se apaixonado por uma pessoa de mau caráter".

Segundo a tese da defesa de Suzane, Daniel usou seu envolvimento sexual com a moça e o uso de drogas para convencê-la a participar do crime. Disse ainda que os dois irmãos planejaram matar os Richthofen por interesse financeiro, em busca de conforto. "Suzane não tinha motivo para cometer o crime", disse Nacif.

Para provar que Suzane era a maior provedora das "mordomias" adquiridas por Daniel durante o namoro --como carro e viagens-- ele relatou que ela e o irmão tinham acesso irrestrito à carteira do pai, portanto, a quantias de cerca de R$ 5.000. O valor seria justificado por uma ocasião em que Manfred, foi surpreendido sem dinheiro, em um seqüestro relâmpago.

"Caiu a ficha"

No trecho final de sua fala, Nacif relatou uma suposta conversa que teria havido entre Suzane e os irmãos Cravinhos pouco antes do primeiro depoimento no qual eles acusaram Manfred de abusar sexualmente dos filhos. Segundo o defensor, Suzane "ficou horrorizada com tamanha mentira". "Caiu a ficha dela."

Quando restavam apenas alguns minutos para o término de seu tempo de fala, Nacif pediu ao juiz, Alberto Anderson Filho, que consultasse os jurados sobre a vontade de visitar a cela onde a conversa teria ocorrido, ao que um deles respondeu afirmativamente. Ele foi, então, levado à carceragem.

Sobre o argumento do Ministério Público de que o fato de Suzane ter estudado o próprio processo é um indicativo de seu distanciamento dos pais, Nacif afirmou que o procedimento é "extremamente comum". "Ela não estudou de forma macabra. Fui eu mesmo que levei o processo para ela, e levaria outras mil vezes", afirmou.

Ministério Público

Durante suas declarações, horas antes, Tardelli havia usado o argumento do preconceito social para convencer os jurados de que Suzane é esnobe.

Ele fez referências às primeiras versões dadas por ela para o crime, que apontavam ex-empregados como suspeitos; e ao "espírito do nêgo". Segundo Suzane, Daniel relatava ameaças feitas pelo tal espírito que exigiam o "sacrifício" dos pais dela. Suzane teria acreditado nas exigências sobrenaturais.

"Na mente superior, eram pessoas facilmente culpáveis [os ex-empregados]. 'O crime foi cometido por uma gentalha'. Sabe aquela chamada de empregados domésticos, que a gente dá tudo e trai a gente? Então. 'Nêgo da favela, traficante, que aparece para o Daniel e eu acreditava'."

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