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21/09/2006 - 09h19

Em gravação, chefe do PCC confessa ataques e suborno

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GILMAR PENTEADO
da Folha de S.Paulo

Gravação feita por um agente penitenciário flagrou conversa na qual o preso Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, integrante da cúpula do PCC, confessa que a facção criminosa está por trás dos atentados em São Paulo e que o PCC tem um esquema de corrupção na Secretaria da Administração Penitenciária para conseguir contracheques e endereços de funcionários.

Segundo relatório confidencial da própria secretaria, Julinho Carambola afirmou, na conversa gravada, que esses dados seriam usados para matar agentes fora das prisões.

O diálogo foi gravado, sem Julinho Carambola saber, no dia 12 de maio, na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP), horas antes da primeira onda de atentados.

Desde então, 15 agentes penitenciários foram mortos, segundo o sindicato da categoria. Pelo menos oito deles foram atacados quando estavam perto de casa --na época, agentes e policiais reclamaram que o governo sabia do risco de ataques, mas nada fez para preveni-los.

Um funcionário do serviço de inteligência da secretaria, com um gravador escondido, iniciou uma conversa com Julinho Carambola. Indignado com a transferência de cerca de 800 presos ligados ao PCC no dia anterior, incluindo ele, para uma penitenciária em Presidente Venceslau, ele anunciou que uma onda de atentados do lado de fora das cadeias estava por vir, ameaçou funcionários e disse que tinha acesso a dados para localizar os agentes na rua.

"De hoje em diante, o que você você vai ver na rua, você não vai acreditar!", disse Carambola na conversa. "É para acabar com o Estado de São Paulo."

Em outro trecho, ele afirma que tem "gente na secretaria que puxa no computador" dados sobre contracheques e endereços de funcionários. "O dinheiro compra tudo", explicou.

É a primeira vez que um integrante da cúpula do PCC é flagrado em uma gravação falando sobre as ações da facção. Julinho Carambola e o preso Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como chefe máximo, negam na Justiça a liderança da facção e o envolvimento nos atentados.

A conversa gravada foi transcrita em um relatório confidencial da coordenadoria das unidades prisionais da região oeste. O documento foi anexado pelo Ministério Público ao processo criminal que apura a morte do bombeiro José Alberto da Costa, ocorrida no dia 13 de maio, na capital paulista.

O juiz Richard Chequini, do 1º Tribunal do Júri, disse que cópia do relatório, sem a fita, foi anexada ao processo e que advogados de defesa ainda vão se manifestar sobre o documento.

Para a Promotoria, o relatório é uma prova de que os atentados foram ordenados pela cúpula do PCC e que ela tem de ser responsabilizada pelos assassinatos. "A conversa gravada é uma prova definitiva da participação do Julinho Carambola no comando da facção criminosa e nos atentados", afirmou o promotor Marcelo Milani.

Julinho Carambola e Marcola são réus no processo, além de outras sete pessoas acusadas de serem os executores do crime. Segundo Milani, três dos suspeitos afirmaram que não receberam a ordem diretamente da cúpula, mas disseram que sabiam quem eram os chefes do PCC e que a ordem para o atentado tinha vindo deles.

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