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21/09/2006 - 09h21

Preso insinua ligação com morte de juiz

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GILMAR PENTEADO
da Folha de S.Paulo

O preso Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, deu a entender, na conversa gravada por um agente penitenciário, que o PCC (Primeiro Comando da Capital) ordenou a morte do juiz Antonio José Machado Dias, em março de 2003. E que o assassinato do magistrado ajudou a abrandar o tratamento dado aos presos.

Na conversa, transcrita em um relatório confidencial da Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo, o funcionário questiona o preso: "Vocês mataram o dr. Machado, e não adiantou?", referindo-se às condições dadas aos chefes de facção.

"Melhorou, melhorou, melhorou. Até o dia em que eles aprenderem que o preso deve ser tratado como homem, tendo o direito dele mantido", respondeu Julinho Carambola, que não negou o envolvimento do PCC no crime.

O juiz-corregedor fiscalizava o CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes (589 km da capital paulista), apontado, na época, como o presídio mais rígido do país. Julinho Carambola e o preso Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como principal chefe da facção, foram transferidos para o CRP depois da onda de atentados.

Machado era conhecido como um juiz rigoroso. Com cela individual, duas horas diárias de banho de sol, sem acesso a jornais, rádio ou televisão e sem visita íntima, o CRP de Bernardes é temido pelos líderes da facção criminosa.

O juiz foi vítima de uma emboscada quando deixava o fórum em Presidente Prudente (565 km da capital) --cidade vizinha de Presidente Bernardes.

"A resposta de Julinho Carambola deixa claro que a cúpula do PCC está envolvida na morte do juiz", afirmou o promotor Marcelo Milani.

Até agora, ninguém foi condenado pelo crime. Em agosto, a Justiça adiou para fevereiro do ano que vem o julgamento de João Carlos Rangel Luisi, acusado de ser um dos executores da ação.
A polícia paulista tentou mostrar que a morte do juiz-corregedor foi ordenada pela facção, mas não conseguiu provas da participação da cúpula do PCC no assassinato.

PSDB

Na conversa transcrita no relatório da secretaria, Julinho Carambola também afirma que a onda de violência que estaria por vir em protesto à transferência de presos para uma única penitenciária em Presidente Venceslau poderia atingir comitês do PSDB.

No final de semana da primeira onda de atentados cometidos pela facção, deputados do PSDB chegaram a receber escoltas policiais para cumprir suas agendas públicas. A escolta foi dada depois de a polícia interceptar ligações de criminosos ligados ao PCC.

Paulo Sérgio Batista, conhecido como Paulinho da Lanchonete, vereador tucano em Mairinque (66 km de São Paulo), foi morto a tiros. Uma investigação policial aponta para o envolvimento de membros da facção criminosa.

Para Milani, no entanto, a violência contra integrantes do PSDB não foi maior porque os "soldados" da facção criminosa não compreenderam as ordens. "É mais fácil entender que é para atacar delegacias e bases da PM do que comitês políticos", disse o promotor.
Na conversa gravada, Julinho Carambola também cita nomes de diretores de presídios e coordenadores, os quais ele chama de "cadáveres ambulantes". Mas nenhum deles sofreu atentado.

Entre os citados pelo preso, estava Roberto Medina, diretor de uma penitenciária em Araraquara (273 km de SP). No dia 8 de agosto, a Polícia Militar matou um homem que, segundo investigação policial, estaria na cidade para matar o diretor do presídio.

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