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01/10/2006 - 18h57

Equipes encontram corpos em local de acidente aéreo e ampliam área de buscas

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da Folha Online

Equipes da FAB (Força Aérea Brasileira) que realizam as buscas às vítimas do acidente com o Boeing da Gol que caiu na última sexta-feira (29) em uma área de mata fechada de Mato Grosso chegaram ao local neste domingo e já encontraram corpos. O avião, que fazia o vôo 1907, transportava 154 pessoas --148 passageiros e seis tripulantes. A Aeronáutica considera "remotíssima" a possibilidade de encontrar sobreviventes.

A assessoria de imprensa da FAB informou que, até o início da noite, dois corpos haviam sido localizados. Os destroços estão espalhados por uma extensa região. Inicialmente, as buscas seriam feitas em uma área de aproximadamente 10 quilômetros, agora ampliada para 20 quilômetros quadrados.

As equipes de resgate ainda abrem clareiras na mata e contam com o apoio de cinco helicópteros e um avião Bandeirante, de acordo com a FAB. No total, 75 militares atuam na região e cerca de 30 passarão a noite e madrugada no local.

O trabalho de resgate deve levar uma semana, segundo o presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi. Muitas vítimas teriam sido mutiladas.

Parentes de vítimas

Parentes das vítimas divulgaram neste domingo uma carta para cobrar das autoridades "uma posição mais clara e imediata da situação real do acidente". Eles afirmam que querem uma audiência com o ministro da Defesa, Waldir Pires.

"O momento é de dor e sofrimento para todos os familiares, mas não podemos deixar de pensar em resolver as questões práticas que envolveram um acidente dessa natureza", afirmam os parentes no documento, assinado por sete pessoas.

Acidente

O Boeing, que havia saído de Manaus com destino ao Rio, deveria fazer uma escala em Brasília. Ele perdeu contato por volta das 17h de sexta-feira, após um incidente não esclarecido com um jato executivo Legacy, fabricado pela Embraer. Os destroços do avião foram encontrados por volta das 9h de sábado, em uma área de mata muito fechada, a 200 km do município de Peixoto de Azevedo (MT). As equipes de resgate chegaram ao local aproximadamente 20 horas após o horário estimado da queda.
Divulgação/Anac
Imagem (acima) mostra Legacy avariado após choque com Boeing; abaixo, aeronave normal
Imagem (acima) mostra Legacy avariado após choque com Boeing; abaixo, aeronave normal


Apesar de danos na asa, o Legacy conseguiu pousar na base aérea de Cachimbo. A aeronave, que seguia para os Estados Unidos, era ocupada por sete pessoas --piloto, co-piloto, dois funcionários da Embraer, um jornalista do "The New York Times" e dois funcionários da Excel Aire, empresa que comprou o jato.

Em depoimento, os pilotos --que são americanos-- disseram não ter visto o Boeing, apesar de terem sentido um pequeno impacto. "Viram uma sombra e [ouviram] um barulho", disse Zuanazzi. Para ele, o fato pode ser justificado pela velocidade das duas aeronaves no momento da colisão.

A caixa-preta do Legacy seguiu neste domingo para análise em São José dos Campos (SP). Segundo o presidente da Anac, apenas a análise da caixa-preta pode dar um "acabamento" melhor para se chegar às causas do acidente.

Acidente

Este é o primeiro acidente grave na história da Gol, que começou a voar no início de 2001, e o maior da história do país. Antes, o pior acidente havia sido registrado em junho de 1982, quando um Boeing 727-200 da Vasp bateu em uma montanha da serra de Aratanha, a 30 quilômetros de Fortaleza, causando a morte de 137 pessoas.
Divulgação/Anac
Local de mata fechada onde caiu Boeing da Gol com 155 pessoas a bordo
Local de mata fechada onde caiu Boeing da Gol com 155 pessoas a bordo


Segundo o tenente-brigadeiro José Carlos Pereira, piloto experiente, é preciso descobrir o motivo de dois aviões bem equipados e novos estarem no mesmo nível, quando deveriam estar a uma distância mínima de 300 metros. "São aviões com equipamentos anticolisão. Precisamos saber por que eles não evitaram o acidente", disse o tenente-brigadeiro.

Pereira também levantou a necessidade de esclarecimentos acerca do fato de qual avião estaria acima ou abaixo do nível correto, e ressaltou que a altura das aeronaves, entre 36 e 37 mil pés, é completamente visualizada por radares.

Na velocidade em que os aviões estavam, de acordo com Pereira, seria impossível aos pilotos fazerem qualquer identificação visual de outro avião. No entanto, os equipamentos deveriam ter alertado sobre a possibilidade de rotas coincidentes.

Quando isso acontece, o sistema alerta o piloto com sinais sonoros e luminosos, além de orientar o procedimento. "O piloto não precisa raciocinar, basta seguir a orientação", explicou.

Para o comandante Marques Peixoto, agente de segurança de vôo e diretor do Sindicato dos Aeronautas, o acidente pode ter sido causado por uma conjunção de fatores. Segundo ele, ocorrências como essa não ocorrem em função de um único fator, "mas de quatro a sete fatores que se alinham". Todas as possibilidades, segundo Peixoto, têm de ser analisadas.

Com LÍVIA MARRA, Editora de Cotidiano da Folha Online

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