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02/11/2006 - 16h38

Aeronáutica convoca força-tarefa e conta com reforços contra atrasos em vôos

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LÍVIA MARRA
Editora de Cotidiano da Folha Online

No sétimo dia de caos nos aeroportos do país, o comando da FAB (Força Aérea Brasileira) convocou, nesta quinta-feira, controladores de tráfego aéreo que trabalham no Cindacta 1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), com sede em Brasília, como medida emergencial para tentar pôr fim ao caos nos aeroportos.

A convocação é obrigatória e atinge 149 controladores --o não-cumprimento pode resultar em punição e prisão. A medida foi tomada depois de ter sido detectado um colapso no tráfego aéreo, às 3h desta quinta --o que levou o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, a intervir na operação-padrão dos controladores.

Além disso, o controle do tráfego aéreo foi reforçado por mais 18 pessoas --11 militares da reserva, quatro remanejados do Rio, São Paulo e Curitiba e três transferidos de operações militares para civis.

Outras ações para tentar pôr fim aos problemas nos aeroportos foram anunciadas nesta semana pelo governo federal, ainda sem surtir efeito. Nesta quinta, feriado de Finados, os principais terminais ficaram lotados e tumultos foram registrados por causa dos atrasos e cancelamentos de vôos, em um efeito cascata pelo país. A espera persistia à tarde.
Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Passageiros lotam saguão do aeroporto de Congonhas, em SP, na manhã desta quinta
Passageiros lotam saguão do aeroporto de Congonhas, em SP, na manhã desta quinta


Com a convocação para a força-tarefa, feita por volta das 8h desta quinta, os controladores deverão permanecer no Cindacta 1 até que seja montada uma escala de plantão que assegure a normalização dos vôos. Os profissionais deverão ser acompanhados por um médico e por psicólogos.

Muitos passageiros passaram a madrugada nos saguões. No aeroporto internacional de São Paulo, em Cumbica (Guarulhos), a espera passou de 15 horas. No Tom Jobim, no Rio, passageiros revoltados danificaram o balcão da Gol. Cansados, muitos desistiram das viagens e deixaram os aeroportos.

A crise começou na última sexta-feira (27), quando controladores de tráfego aéreo de Brasília decidiram iniciar uma operação-padrão e elevaram a distância entre os aviões, reduzindo para 14 o número de aeronaves vigiadas por controlador. Eles afirmam que a medida foi tomada em adequação às recomendações internacionais de segurança. O área sob responsabilidade do Cindacta 1 atinge o espaço aéreo dos Estados de São Paulo, Rio, Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás, parte do Mato Grosso e parte do Mato Grosso do Sul.

Controladores

Controladores de tráfego aéreo ouvidos nesta quinta pela reportagem afirmaram que a convocação para o trabalho deve continuar durante todo o feriado prolongado. Eles disseram que a medida teria atingido também controladores que trabalharam durante e que acabaram retidos no Cindacta pela manhã. A Aeronáutica afirma que, apesar da convocação emergencial, o descanso dos militares será respeitado e que todos foram obrigados a permanecer no local para uma reunião, mas aqueles que não foram convocados estão liberados.

Controladores chegaram a falar em aquartelamento, mas a FAB afirma que houve apenas uma convocação.

Profissionais ouvidos pela reportagem afirmaram que a medida elevou a tensão entre os militares. Nesta semana, o ministro da Defesa, Waldir Pires, disse que a crise no tráfego aéreo tinha "natureza emocional" e pediu "ânimo" aos controladores. A tensão seria resultado da queda do Boeing da Gol, em 29 de setembro, que resultou na morte dos 154 ocupantes do avião --o maior acidente do país.

Medidas

Nos últimos dias, o governo federal anunciou medidas para tentar conter a crise, mas nenhuma surtiu efeito ainda. Entre as ações estão o remanejamento de rotas --o que pode aumentar o trajeto dos vôos-- e a criação de um grupo formado por representantes de empresas aéreas, controladores de radar e funcionários da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para avaliar as prioridades dos vôos.

Além disso, de acordo com informações do Ministério da Defesa, na sexta-feira (3), circulará no "Diário Oficial" da União medida provisória que autoriza a contratação de 60 pessoas, por prazo determinado, "imprescindível ao controle do tráfego aéreo". As contratações terão duração máxima até 31 de dezembro de 2007.

Na quarta-feira (1), o presidente da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), brigadeiro José Carlos Pereira, disse acreditar que a situação voltará ao normal somente no Natal. Para ele, as medidas anunciadas trarão "melhorias gradativas". Já para o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Vôo, Jorge Carlos Botelho, a crise deve durar mais dez dias, aproximadamente --prazo previsto para treinamento de controladores remanejados para o Cindacta 1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo), com sede em Brasília. O setor está desfalcado desde o afastamento de oito controladores, após a queda do Boeing da Gol que deixou 154 mortos em Mato Grosso.

Também na quarta, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) anunciou a ampliação do horário de pousos e decolagens de vôos comerciais no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A medida emergencial, com validade por 30 dias, visa a diminuir os atrasos generalizados em vôos. Pousos e decolagens serão permitidos até 1h30 --antes, o horário limite era 23h.

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