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03/11/2006
-
09h23
LEILA SUWWAN
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Em 2001, o Comando da Aeronáutica reconheceu em documento público e oficial que o número de controladores de tráfego aéreo não era suficiente e estimou que era necessário duplicar a capacidade de formação desses profissionais para atender à demanda. Apesar disso, cinco anos depois, o número de controladores subiu de 2.540 para apenas 2.683.
Na atual crise, a Aeronáutica fala de "erro de planejamento", por um desfalque de um semestre na formação de controladores militares, mas nega que exista uma carência crônica no número total de profissionais.
O problema, porém, foi assunto de discussões no Congresso em 2001, após denúncias sobre a precariedade das condições de trabalho, a baixa remuneração e o exercício de atividades paralelas. O ministro da Defesa, Geraldo Quintão (2000-2002), foi cobrado.
Na resposta, assinada pelo comandante da Aeronáutica à época, Carlos de Almeida Baptista, há o reconhecimento do problema: "Hoje o número de controladores de tráfego aéreo no Brasil não é suficiente".
Segundo o diagnóstico, a previsão de crescimento do movimento aéreo foi subestimada entre 1994 e 2001. Esperava-se um acréscimo médio de 3% ao ano, mas foi de 8% devido à estabilização econômica.
A Defesa duplicou a formação de controladores militares pela Escola de Especialistas da Aeronáutica, de 80 para 160 ao ano, mas admite que "um dos grandes problemas" é que não consegue reter os profissionais.
No documento de 2001, a Aeronáutica afirmou que alertou controladores sobre punições disciplinares para aqueles que exerçam trabalhos paralelos. Hoje, a assessoria da Força confirma que os controladores trabalham na função apenas os cinco anos obrigatórios.
"Muitos aproveitam a função para cursar a faculdade e depois fazem concurso público e optam por outra carreira", informou a assessoria.
Um controlador ouvido pela Folha afirmou que a evasão é forte já no treinamento e que entre 20 e 30 deixam a turma ainda na escola. A maior parte do restante fica apenas os cinco anos enquanto faz faculdade ou curso para concurso público. O motivo seria o baixo salário.
Apesar disso, a Aeronáutica diz que a modernização de radares e equipamentos faz com que o mesmo número de profissionais administre um fluxo superior de aeronaves com o mesmo nível de segurança.
A norma internacional prevê que cada controlador administre 14 aviões de uma vez e mantenha um espaçamento regulamentar entre os aviões --a aplicação rigorosa dessas regras é a base da atual operação-padrão dos controladores de Brasília.
Segundo dados da Infraero, a movimentação aérea no país subiu em média 2% ao ano entre 2003 e 2005.
Controladores alegam que cada setor cuidava de 30 a 40 aviões em horários críticos e que, às vezes, o espaçamento chegava a ser de só um minuto.
Os controladores também culpam a estrutura militar pelas deficiências em língua inglesa, necessária para contatos com pilotos estrangeiros.
Segundo um controlador, poucos se formam com fluência no idioma e os poucos cursos oferecidos são tratados como prêmios ou privilégios. Está sendo negociado um convênio com uma escola de inglês em Brasília. A Aeronáutica nega e sustenta que todos os controladores são fluentes e passam em provas anuais do idioma.
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Em 2001, Comando da Aeronáutica já admitia carência
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
Em 2001, o Comando da Aeronáutica reconheceu em documento público e oficial que o número de controladores de tráfego aéreo não era suficiente e estimou que era necessário duplicar a capacidade de formação desses profissionais para atender à demanda. Apesar disso, cinco anos depois, o número de controladores subiu de 2.540 para apenas 2.683.
Na atual crise, a Aeronáutica fala de "erro de planejamento", por um desfalque de um semestre na formação de controladores militares, mas nega que exista uma carência crônica no número total de profissionais.
O problema, porém, foi assunto de discussões no Congresso em 2001, após denúncias sobre a precariedade das condições de trabalho, a baixa remuneração e o exercício de atividades paralelas. O ministro da Defesa, Geraldo Quintão (2000-2002), foi cobrado.
Na resposta, assinada pelo comandante da Aeronáutica à época, Carlos de Almeida Baptista, há o reconhecimento do problema: "Hoje o número de controladores de tráfego aéreo no Brasil não é suficiente".
Segundo o diagnóstico, a previsão de crescimento do movimento aéreo foi subestimada entre 1994 e 2001. Esperava-se um acréscimo médio de 3% ao ano, mas foi de 8% devido à estabilização econômica.
A Defesa duplicou a formação de controladores militares pela Escola de Especialistas da Aeronáutica, de 80 para 160 ao ano, mas admite que "um dos grandes problemas" é que não consegue reter os profissionais.
No documento de 2001, a Aeronáutica afirmou que alertou controladores sobre punições disciplinares para aqueles que exerçam trabalhos paralelos. Hoje, a assessoria da Força confirma que os controladores trabalham na função apenas os cinco anos obrigatórios.
"Muitos aproveitam a função para cursar a faculdade e depois fazem concurso público e optam por outra carreira", informou a assessoria.
Um controlador ouvido pela Folha afirmou que a evasão é forte já no treinamento e que entre 20 e 30 deixam a turma ainda na escola. A maior parte do restante fica apenas os cinco anos enquanto faz faculdade ou curso para concurso público. O motivo seria o baixo salário.
Apesar disso, a Aeronáutica diz que a modernização de radares e equipamentos faz com que o mesmo número de profissionais administre um fluxo superior de aeronaves com o mesmo nível de segurança.
A norma internacional prevê que cada controlador administre 14 aviões de uma vez e mantenha um espaçamento regulamentar entre os aviões --a aplicação rigorosa dessas regras é a base da atual operação-padrão dos controladores de Brasília.
Segundo dados da Infraero, a movimentação aérea no país subiu em média 2% ao ano entre 2003 e 2005.
Controladores alegam que cada setor cuidava de 30 a 40 aviões em horários críticos e que, às vezes, o espaçamento chegava a ser de só um minuto.
Os controladores também culpam a estrutura militar pelas deficiências em língua inglesa, necessária para contatos com pilotos estrangeiros.
Segundo um controlador, poucos se formam com fluência no idioma e os poucos cursos oferecidos são tratados como prêmios ou privilégios. Está sendo negociado um convênio com uma escola de inglês em Brasília. A Aeronáutica nega e sustenta que todos os controladores são fluentes e passam em provas anuais do idioma.
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