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07/11/2006 - 01h13

Traficante que ordenou incêndio a ônibus é condenado a 444 anos de prisão

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da Folha Online

O traficante Anderson Gonçalves dos Santos, o Lorde, foi condenado nesta terça-feira a 444 anos e seis meses de prisão por ter ordenado o ataque a um ônibus da linha 350 (Passeio-Irajá) que matou cinco pessoas --sendo um bebê-- e feriu outras 16 em novembro de 2005, no Rio.

O 2º Tribunal do Júri condenou Lorde por cinco homicídios triplamente qualificados e 16 tentativas. Ele foi o segundo condenado pelo crime -- na semana passada, Alberto Maia da Silva, o Beto, foi condenado a 309 anos de prisão. Outros dois réus aguardam julgamento. Eles devem cumprir 30 anos de prisão, pena máxima permitida pela legislação brasileira.

O júri de Lorde teve início às 12h10 de segunda (6) e terminou no início da madrugada desta terça. O promotor Riscalla Abdenur disse que, na época do crime, Lorde comandava o tráfico de drogas na Vila Periqui e ordenou o incêndio do ônibus em protesto contra a morte de um de seus capangas, conhecido como Ciborg.

Segundo o depoimento de uma companheira de Lorde, lido pela acusação, o traficante teria sido avisado da morte de Ciborg por um telefonema de Beto, que na época era presidente da Associação de Moradores da Vila Periqui. "Desta vez, vamos fazer como a gente nunca fez", teria comentado o traficante ao ordenar o ataque, segundo a acusação.

O advogado de defesa, Maurício Neville, pediu a desclassificação do crime de Lorde, de homicídio para lesão corporal. Segundo ele, a ordem de Lorde era para incendiar um ônibus, não para matar os passageiros.

Segundo a defesa, Lorde não podia ser responsabilizado pelo crime, pois, no momento em que as pessoas eram queimadas, estava "em um churrasco a dois quilômetros de distância do local".

Crime

No dia 29 de novembro de 2005, o ônibus foi invadido por criminosos que espalharam gasolina pelos bancos e atearam fogo. Eles ainda bloquearam as portas e impediram que os ocupantes do ônibus descessem. Cinco pessoas morreram carbonizadas.

O crime causou grande revolta, inclusive entre outros traficantes. Em represália ao crime, o grupo criminoso CVRL (Comando Vermelho Rogério Lemgruber) matou quatro homens, dos quais dois foram reconhecidos por ocupantes do ônibus incendiado como autores do ataque.

Os corpos foram achados num carro, dois dias depois do ataque. O recado deixado pelos assassinos ao lado dos cadáveres fazia referência a Lorde: "Tá aí os que queimaram o ônibus. Nós do CVRL [grupo criminoso] não aceitamos ato de terrorismo. CVRL lado certo da vida errada. Fé em Deus. Só falta o safado do pela-saco do Lorde [sic]"

Os outros réus

Inicialmente, Lorde seria julgado ao lado de Sheila Messias Nogueira, também ré no processo, mas houve desmembramento. O julgamento de Sheila começará no próximo dia 4 de dezembro.

De acordo com o TJ (Tribunal de Justiça), os réus foram separados porque não houve consenso entre o Ministério Público e a defesa na escolha dos jurados.

Lorde e Sheila deveriam ter sido julgados no último dia 1º de novembro, ao lado de Alberto Maia da Silva, mas houve desmembramento devido à ausência de uma testemunha. Beto acabou sendo o primeiro condenado.

O quarto réu, Cristiano Dutra Medeiros, será julgado em outra data, pois recorreu da sentença de pronúncia, que determina os crimes imputados aos réus.

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