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15/11/2006 - 23h17

São Paulo será próximo lugar com problemas, diz controlador de vôo

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ANA PAULA RIBEIRO
da Folha Online, em Brasília

Os problemas causados pela insuficiência de controladores de tráfego aéreo em Brasília irão persistir nos próximos meses e deverão se repetir em São Paulo. Essa é a avaliação de controladores de tráfego aéreo ouvidos nesta quarta-feira pela reportagem.

Um grupo de controladores voltou a se reunir nesta quarta-feira, sob sigilo, para discutir o atual cenário do tráfego aéreo. A Folha Online teve acesso ao local. No dia 27 de outubro, integrantes da categoria também se encontraram, de forma isolada, no início da chamada operação-padrão dos profissionais.

Um controlador que atua em Brasília afirmou à reportagem nesta quarta, sob condição de não ter o nome revelado, que São Paulo "está no limite há muito tempo", por isso será o próximo lugar a ter problemas.

Ele explicou que recentemente o controle do tráfego de São Paulo --aeroportos de Cumbica e Congonhas-- precisou ceder sete controladores para outras áreas --quatro para Brasília e três para São José dos Campos (SP). O número equivale a quase uma equipe, formada em geral por 11 pessoas. Como não há excesso de pessoal, a previsão é que eles passem a sofrer também com a falta de profissionais.

De acordo com um controlador, Rio de Janeiro, Recife (PE) e Curitiba (PR) também enfrentam problemas semelhantes devido ao aumento do tráfego aéreo sem que o aumento de pessoal tenha ocorrido na mesma proporção.

Ele diz não acreditar em uma solução de curto prazo, já que o tempo de formação para um controlador de vôo é de no mínimo dois anos.

Acidente

De acordo com os controladores, a queda da aeronave da Gol --que causou a morte dos 154 ocupantes, em setembro-- apenas antecipou os atrasos que ficaram mais evidentes a partir de outubro. Um dos ouvidos disse que isso era previsível, já que os problemas eram conhecidos e apontados há ao menos cinco anos.

Com falta de pessoal, o Cindacta 1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo), com sede em Brasília, enfrenta problemas na escala --menos controladores para tomar conta do tráfego aéreo--, o que causa atrasos nos vôos. Esses problemas foram agravados pela ausência de diversos controladores, afastados por problemas de saúde desde a queda do avião que fazia o vôo 1907 da Gol.

O centro tem cerca de 300 controladores de tráfego aéreo, mas 27 estão afastados. A falta de controladores, no entanto, não é sinal de falta de segurança no espaço aéreo, disse um profissional à reportagem.

Controle

Com menos pessoas, a saída encontrada pelos controladores foi aumentar o espaço para pousos, que passou de 3 milhas para 5 milhas (de 6 para 10 quilômetros, aproximadamente). O limite, segundo eles, está dentro das normas de tráfego aéreo. No ar, a distância entre as aeronaves aumentou de 10 milhas para 15 milhas (de 20 para 30 quilômetros, aproximadamente).

Eles negam que essa atitude possa ser considerada uma "greve branca". Avaliam que a atitude é necessária porque, com menos pessoas trabalhando, as equipes precisam reduzir o número de aviões no radar e, conseqüentemente, o tempo em solo das aeronaves aumenta.

Para agravar, Brasília sofreu no ano passado a transferência de 14 controladores, contra dois ou três em anos anterior. Um dos controladores alega que mesmo com reposição, os novos controladores não têm experiência suficiente. Ele cita o caso de um supervisor que trabalha com nove controladores, mas cinco têm menos de dois anos na profissão --e, por exemplo, não sabem como proceder na eventualidade de uma falha no sistema de comunicação.

Reivindicações

Os controladores reclamam da sobrecarga de trabalho e do clima tenso --principalmente pelas duas convocações feitas pela Aeronáutica, no último dia 2, feriado de Finados, e na terça-feira (14), véspera do feriado da Proclamação da República.

Eles reivindicam contratação de mais profissionais, regulamentação da carreira e a desmilitarização do setor. Alguns profissionais ouvidos pela reportagem mostraram insatisfação com as negociações feitas com o governo federal.

Com LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online

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