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04/02/2007
-
11h45
RAPHAEL GOMIDE
da Folha de S.Paulo, no Rio
A Convenção de Genebra, que rege leis internacionais de direitos humanos em tempos de guerra, estabelece que "as ambulâncias e os hospitais militares serão reconhecidos como neutros e, assim, protegidos e respeitados pelos beligerantes enquanto acomodarem feridos e doentes".
No Rio da guerra entre policiais e traficantes, a convenção não vale, contam PMs do Gesar (Grupamento Especial de Salvamento e Ações de Resgate), responsáveis por resgatar policiais feridos em confronto.
"Bandido não tem respeito nenhum. Em guerra, respeitam ambulâncias. Aqui não tem essa", afirmou o tenente-médico Armando Santos. "Está tatuado bem grande na ambulância: Polícia Militar", afirma o soldado Antônio Maia.
Vítimas de ataques de criminosos, os 75 integrantes --médicos e socorristas-- do Gesar só trabalham com pistolas e fuzis e pedem ambulâncias blindadas. Nenhuma das quatro unidades UTIs, duas ano 2001 e duas 1997, tem blindagem.
"Se Deus quiser, vamos conseguir ter uma ambulância blindada. É um colete à prova de balas coletivo", afirmou o major André Luiz Vidal, há oito anos comandante da unidade. "Se tiver conhecimento com o governador, põe aí: precisamos de ambulância blindada", pede um praça ao repórter.
O comandante-geral da PM, coronel Ubiratan Ângelo, afirmou à Folha que a ambulância blindada é um pleito da corporação ao governo.
Prestes a completar 12 anos, o Gesar tem atuação única no resgate com risco no país, diz major Vidal. Faz mais de mil atendimentos --entre socorros e transferências hospitalares-- por ano, boa parte dos atendimentos por trauma provocado por tiros.
PMs por formação e socorristas por especialização, os integrantes do Gesar treinados para salvar vidas muitas vezes têm de, paradoxalmente, trocar tiros para cumprir a missão de resgatar colegas baleados em outros tiroteios.
"Nosso lema é seringa e luva numa mão e pistola na outra", explica o cabo Marçal, enfermeiro, que dá instrução e palestras sobre a atuação do grupamento nas Forças Armadas.
"Todos trabalham armados: é uma questão de sobrevivência", diz o major Vidal, que, curiosamente, é dentista.
Os socorristas tampouco vestem o branco tradicional dos profissionais da saúde. Só usam jaleco em transferências para o Hospital Central da PM. "O branco chama muito a atenção e nos deixa expostos", explica Maia, um dos cinco membros do Gesar que integram a Força Nacional de Segurança.
À primeira vista, os integrantes do Gesar parecem PMs comuns ao saírem para resgates. Uniforme cinza, colete preto à prova de balas e uma ou duas pistolas.
O Gesar está centralizado no Batalhão de Choque, mas mantém duas outras unidades: uma no Cefap (Centro de Formação de Praças) e uma no 12º Batalhão da corporação, em Niterói.
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da Folha de S.Paulo, no Rio
A Convenção de Genebra, que rege leis internacionais de direitos humanos em tempos de guerra, estabelece que "as ambulâncias e os hospitais militares serão reconhecidos como neutros e, assim, protegidos e respeitados pelos beligerantes enquanto acomodarem feridos e doentes".
No Rio da guerra entre policiais e traficantes, a convenção não vale, contam PMs do Gesar (Grupamento Especial de Salvamento e Ações de Resgate), responsáveis por resgatar policiais feridos em confronto.
"Bandido não tem respeito nenhum. Em guerra, respeitam ambulâncias. Aqui não tem essa", afirmou o tenente-médico Armando Santos. "Está tatuado bem grande na ambulância: Polícia Militar", afirma o soldado Antônio Maia.
Vítimas de ataques de criminosos, os 75 integrantes --médicos e socorristas-- do Gesar só trabalham com pistolas e fuzis e pedem ambulâncias blindadas. Nenhuma das quatro unidades UTIs, duas ano 2001 e duas 1997, tem blindagem.
"Se Deus quiser, vamos conseguir ter uma ambulância blindada. É um colete à prova de balas coletivo", afirmou o major André Luiz Vidal, há oito anos comandante da unidade. "Se tiver conhecimento com o governador, põe aí: precisamos de ambulância blindada", pede um praça ao repórter.
O comandante-geral da PM, coronel Ubiratan Ângelo, afirmou à Folha que a ambulância blindada é um pleito da corporação ao governo.
Prestes a completar 12 anos, o Gesar tem atuação única no resgate com risco no país, diz major Vidal. Faz mais de mil atendimentos --entre socorros e transferências hospitalares-- por ano, boa parte dos atendimentos por trauma provocado por tiros.
PMs por formação e socorristas por especialização, os integrantes do Gesar treinados para salvar vidas muitas vezes têm de, paradoxalmente, trocar tiros para cumprir a missão de resgatar colegas baleados em outros tiroteios.
"Nosso lema é seringa e luva numa mão e pistola na outra", explica o cabo Marçal, enfermeiro, que dá instrução e palestras sobre a atuação do grupamento nas Forças Armadas.
"Todos trabalham armados: é uma questão de sobrevivência", diz o major Vidal, que, curiosamente, é dentista.
Os socorristas tampouco vestem o branco tradicional dos profissionais da saúde. Só usam jaleco em transferências para o Hospital Central da PM. "O branco chama muito a atenção e nos deixa expostos", explica Maia, um dos cinco membros do Gesar que integram a Força Nacional de Segurança.
À primeira vista, os integrantes do Gesar parecem PMs comuns ao saírem para resgates. Uniforme cinza, colete preto à prova de balas e uma ou duas pistolas.
O Gesar está centralizado no Batalhão de Choque, mas mantém duas outras unidades: uma no Cefap (Centro de Formação de Praças) e uma no 12º Batalhão da corporação, em Niterói.
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