Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
09/02/2007 - 10h07

No enterro, irmã de menino arrastado em roubo até a morte se desespera

Publicidade

da Folha de S.Paulo, no Rio

Um roubo de carro na zona norte do Rio terminou com a morte bárbara de um menino de 6 anos, arrastado e dilacerado por 14 ruas, de 4 bairros. No enterro de João Hélio Fernandes Vieites, no Jardim da Saudade, em Sulacap, zona norte do Rio, a irmã dele, Aline Fernandes, era a mais transtornada. Enquanto o caixão descia, ela, que estava no carro durante o assalto, gritava: "A culpa foi minha! Eu fui muito burra! Quero ir com ele!".

No início do cortejo, a avó Nelma Vieites, antes calma, berrou: "Até quando, meu Deus? Quando vai acabar tanta gente sofrendo?".

Presente ao enterro, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Ubiratan de Oliveira Angelo, afirmou que o menino não morreu por falta de policiamento, mas porque foi assassinado.

O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, também esteve no sepultamento. Diferentemente do coronel, assumiu que o policiamento precisa ser melhorado. "Sou pai e posso fazer a dimensão da dor desta família. Estou revoltado com a atitude animalesca [dos criminosos] (...) Temos de rever o policiamento."

Andréia Tavares, amiga da família, antes do enterro, não sabia mais qual seria a solução. "A polícia está trabalhando, mas parece que não está adiantando. Eles [os criminosos] se multiplicam feito carrapatos".

O motorista Almir de Araújo, 53, que estava num bar em Cascadura, disse ter visto o carro passar em alta velocidade e com algo pendurado. Inicialmente, pensou que fosse um boneco. "Vimos o carro passar e começou uma gritaria. "Tem algo pendurado." Corremos atrás do carro, mas não adiantou."

A PM informou ter sido alertada após o crime sobre o trajeto feito pelos ladrões e resolveu segui-lo. Entretanto, só conseguiu localizar o carro quando este já tinha sido abandonado.

Crime

Às 21h de quarta-feira (7), a comerciante Rosa Cristina Fernandes Vieites, 41, voltava em seu Corsa Sedan de um culto em um centro espírita, com os filhos João Hélio e Aline, 13. Ao passar pela rua João Vicente, em Oswaldo Cruz, foi abordada por dois homens --que mais tarde, presos, diriam a polícia estarem armados com revólver de plástico.

Rosa e Aline saíram rapidamente do carro, mas a mãe não conseguiu retirar o filho de 6 anos, que sofria de hiperatividade e tinha dificuldades motoras e de fala. No banco traseiro e com cinto de segurança, João Hélio tentava sair do carro quando os ladrões arrancaram. Ficou pendurado no veículo e foi arrastado por um percurso de sete quilômetros, com o carro em alta velocidade e pessoas na rua gritando: "Pára, pára". Os pneus do carro passaram várias vezes sobre o corpo que ficou dilacerado, com vários ossos expostos e sem a cabeça.

"Foi a pior coisa que vi na minha vida", afirmou o delegado Hércules Pires do Nascimento, há 30 anos na polícia.

Três suspeitos foram presos na tarde de quinta (8) --sendo dois acusados de participação direta no crime, um deles de 16 anos. Ambos confessaram o crime, segundo a Secretaria de Segurança. A participação do terceiro, identificado como Tiago, é investigada.

Desespero

Após o assalto, vendo o desespero da família Fernandes, um motociclista que estava a 200 metros do local do roubo, chegou a perseguir os ladrões, mas desistiu após ter sido ameaçado. Ele ajudou a montar o retrato falado dos suspeitos e contou que eles chegaram a andar em ziguezague para se livrar do corpo.

Suspeitos

Na fuga, antes de ir para o morro São José da Pedra, em Madureira --onde os suspeitos foram presos--, a dupla atirou documentos de Rosa e das crianças em um galpão abandonado. Um dos presos, Diego Nascimento Silva, 18, ainda passou em casa depois do crime, tomou banho, trocou de roupa, bebeu água e foi embora. E, segundo os policiais, os dois ainda participaram de uma festa.

O pai de Diego afirmou que o filho não trabalhava e tinha comportamento rude. Ele já tinha passagem na polícia por roubo e, se for condenado, pode ficar de 20 a 30 anos na prisão. O adolescente pode ficar no máximo três anos apreendido. Para o delegado, ambos estariam sob o efeito de drogas.

Com MARIO HUGO MONKEN, da Folha de S.Paulo, no Rio

Leia mais
  • Erramos: No enterro, irmã de menino arrastado em roubo até a morte se desespera
  • Criminoso mata repórter fotográfico com oito tiros no Rio
  • PM prende três suspeitos de arrastar criança durante fuga no Rio
  • Disque-Denúncia oferece R$ 4.000 por informações sobre morte de menino
  • Criança morre depois de ser arrastada por carro durante assalto

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre assaltos

  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página