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23/02/2007 - 09h00

Golpe do seqüestro leva mãe ao aeroporto

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DANIELA TÓFOLI
da Folha de S.Paulo

Nem a voz calma do filho do outro lado da linha convenceu dona Joselma de que estava tudo bem. Vítima do golpe do falso seqüestro, a aposentada de 63 anos, moradora da City Lapa (zona oeste de SP), passou mais de três horas com criminosos no telefone acreditando que seu filho fora pego por bandidos na madrugada de ontem.

Só quando estava prestes a embarcar para o Rio de Janeiro, cumprindo a ordem dos criminosos, e viu o filho chegar são e salvo no aeroporto de Congonhas, ela se convenceu de que havia caído no golpe.

A aposentada foi mais uma vítima do golpe --segundo a polícia paulista, de 1º de janeiro a 14 de fevereiro, 3.150 pessoas registraram ocorrências no Estado. Mas o número real deve ser ainda maior --muita gente não registra o fato.

No último dia 12, outra aposentada, Mércia Mendes de Barros, 67, foi mais uma vítima. Cardíaca, morreu de enfarte ao negociar com os criminosos.

Negociações

Era 1h30 de ontem quando o telefone da casa de Joselma tocou. A ligação era a cobrar. Falsos seqüestradores com sotaque carioca diziam estar com seu filho, o analista Marcos, 31, e exigiam US$ 30 mil.

Desesperada com os gritos e o choro que acreditava serem do filho, dizia que não tinha o dinheiro. Após negociações, os criminosos já tinham reduzido o valor para US$ 10 mil. Na rua, o vigia estranhou a movimentação. Não era comum ver luzes acesas àquela hora. A polícia foi acionada.

Uma equipe da PM foi até a casa de dona Joselma, que, ainda mais tensa, se negou a recebê-la. Enquanto isso, seguia ao telefone com os bandidos, que exigiam que o pagamento fosse feito por meio de transferência pela internet. O problema, disse ela, é que não sabia mexer no computador. A saída foi propor entregar as jóias da família.

Com a ajuda da empregada, encheu uma sacola com o que tinha em casa e começou a se trocar. Os criminosos deram a instrução: ela deveria pegar um avião e ir até o Rio. Ao chegar lá, eles informariam onde as jóias deveriam ser entregues. Nos esparsos intervalos entre uma chamada e outra, Joselma tentou entrar em contato com o filho. Sem telefone fixo, seu celular não atendia. Marcos tinha esquecido o aparelho no shopping.

Com medo de os criminosos matarem o filho, ela foi a Congonhas sem aceitar falar com os policiais. À distância, alguns deles a seguiram enquanto outros descobriam com a empregada o endereço de Marcos. Uma terceira equipe foi até lá.

Ao chegar à casa de Marcos, a polícia constatou o que já imaginava: ele dormia tranqüilamente. Avisado, Marcos ligou para o celular da mãe. Mas, impressionada com os gritos que ouvia quando os bandidos ligavam, não acreditou.

Por volta das 4h30, já no aeroporto, ela passou mal ao saber que teria de esperar até as 5h para comprar a passagem. Menos de meia hora depois, quando era atendida no posto médico, viu o filho chegar com os policiais e, então, percebeu ter sido vítima do golpe. "Não quero nem imaginar o que teria acontecido se minha mãe tivesse embarcado", disse Marcos ontem à tarde. "Se não fosse a insistência dos policiais, o final não seria feliz."

O tenente Alexandre Vieira, que acompanhou a ação, disse que a polícia já sabe que as ligações partiram de um celular do Rio. As vítimas, diz ele, são escolhidas de modo aleatório.

"O ideal é que os parentes sempre se comuniquem, mantenham o telefone ligado e combinem uma senha ou uma palavra-chave entre si", disse. "Se algum falso criminoso ligar, basta pedir o código."

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