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14/04/2007 - 20h19

PF já ouviu sete presos em operação contra jogos ilegais

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da Folha Online

Sete dos 25 suspeitos de participar de um esquema de exploração de jogos ilegais --principalmente bingos e caça-níqueis-- que envolve autoridades da Justiça, da Polícia Federal e do Carnaval do Rio já prestaram depoimento à PF em Brasília.

Os suspeitos foram presos ontem e começaram a ser ouvidos na tarde deste sábado. A PF não sabe até que horas prosseguirá com os depoimentos, mas informou que deve retomá-los amanhã. A assessoria do Ministério Público Federal informou que a subprocuradora-geral da República Claudia Sampaio acompanha alguns depoimentos na Superintendência da PF.

A Polícia Federal divulgou também neste sábado os valores e bens apreendidos: R$ 10 milhões em dinheiro, R$ 5 milhões em cheques, US$ 300 mil, 34 mil euros e 400 libras. Também foram retidos 51 carros. O mais caro, uma Mercedes-Benz CLK 500, está avaliado em R$ 550 mil.

Os documentos e computadores apreendidos pela Polícia Federal durante a Operação Hurricane (furacão, em inglês), no Rio de janeiro, serão encaminhados para Brasília amanhã, para serem analisados. Os 51 carros apreendidos também seguem para Brasília, em cinco caminhões cegonha, sob forte esquema de segurança.

Também hoje, as defesas do desembargador José Eduardo Carreira Alvim e do advogado Silvério Nery Cabral Júnior protocolaram, no início da noite , pedidos de relaxamento de prisão. A previsão é de que os pedidos sejam analisados pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Cezar Peluso.

Prisões

Do total de detidos, 23 saíram do Rio de Janeiro e dois, da Bahia. Eles estão na sede da Superintendência da PF em Brasília. Segundo a Polícia Federal, os depoimentos serão tomados o mais rápido possível para que provas não sejam destruídas e testemunhas não sejam intimidadas.

Entre os presos durante a Operação Hurricane, da PF, estão o ex-vice-presidente do TRF (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região, desembargador federal José Eduardo Carreira Alvim; o desembargador federal José Ricardo de Siqueira Regueira, também do TRF da 2ª Região; o juiz Ernesto da Luz Pinto Dória, do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 15ª Região, e o procurador regional da República do Rio João Sérgio Leal Pereira.

A operação prendeu ainda o delegado da PF em Niterói (RJ), Carlos Pereira; e a delegada da PF Susie Pinheiro, que atuava temporariamente como corregedora-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), além do delegado da PF aposentado Luiz Paulo Dias de Mattos.

O inquérito que investigou o esquema e culminou na operação foi presidido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Cezar Peluso, devido ao envolvimento de autoridades que têm foro privilegiado. Os mandados de prisão, inclusive, foram emitidos a pedido do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza.

Há ainda um grupo de suspeitos ligados à cúpula do Carnaval do Rio. São eles o presidente da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), Ailton Guimarães Jorge, chamado de capitão Guimarães; um sobrinho dele, identificado como Júlio Guimarães; o presidente do conselho da Liesa e presidente de honra da Beija-Flor de Nilópolis, Aniz Abraão David; além o bicheiro Antonio Petrus Kalil, o Turcão, de Niterói.

Entre os crimes atribuídos aos suspeitos estão exploração de jogos, corrupção, tráfico de influência, formação de quadrilha e receptação. 'A partir dos eventos de hoje, com certeza, ocorrerão desdobramentos', afirmou o diretor de Inteligência da PF de Brasília (DF), Renato Porciúncula.

Na operação, foram cumpridos 70 mandados de busca e apreensão no Rio, em São Paulo, na Bahia e no Distrito Federal. Uma grande quantia de dinheiro e carros e motos de luxo foram apreendidos.

Outro lado

Em nota divulgada na noite desta sexta-feira, o TRT da 15ª Região afirmou que o suposto envolvimento do juiz Ernesto da Luz Pinto Dória com o jogo ilegal 'não teria ligação com a sua atividade como juiz do trabalho'.

A assessoria de imprensa do TRF da 2ª Região ainda não se pronunciou. O desembargador preso na operação da PF entregou o cargo de vice-presidente do TRF ao colega Fernando Marques na quinta-feira (12). Durante a solenidade assumiram também o presidente do TRF da 2ª Região, Castro Aguiar, e o corregedor-geral da Justiça Federal da 2ª Região, Sérgio Feltrin. Eles permanecem nos cargos até 2009.

Carreira Alvim faz parte dos quadros do TRF da 2ª Região desde 1993. Antes, ele havia sido juiz em Minas, juiz-substituto do Trabalho da 3ª Região, procurador da República e juiz federal.

Carnaval

Por telefone, a reportagem da Folha Online não conseguiu entrar em contato com a assessoria de imprensa da Liesa ou da Beija-Flor para obter comentários sobre o suposto envolvimento do presidente da Liga e do presidente do conselho da Liga e presidente de honra da escola no caso.

'De uma conversa entre o então presidente da Unidos de Vila Isabel, Ailton Guimarães Jorge [atual presidente da Liesa que foi preso], com o amigo Castor de Andrade [famoso bicheiro carioca morto em 1996], presidente da Mocidade Independente de Padre Miguel, surgiu a luz que tiraria da escuridão as maiores escolas de samba da cidade', relata a Liesa em seu site.

'É impossível pensar na Beija-Flor sem estabelecer, de imediato, uma estreita relação com seu presidente de honra, Anísio Abrahão David', afirma o site da Beija-Flor.

No Carnaval deste ano, a Beija-Flor de Nilópolis foi a grande campeã no Rio com o enredo 'Áfricas: do berço real à corte brasiliana'. Antes, a escola havia sido tricampeã entre 2003 e 2005.

STF

O Supremo Tribunal Federal recebeu neste sábado pedidos de relaxamento de prisão do advogado Silvério Nery Cabral Júnior e do desembargador federal José Eduardo Carreira Alvim, ex-vice-presidente do TRF da 2ª Região. Não há previsão de quando os pedidos serão analisados.

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