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Ceará registra 108 tremores em 9 horas
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KAMILA FERNANDES
da Agência Folha, em Sobral
O interior do Ceará voltou a ser atingido por tremores de terra na madrugada de ontem, com abalos de até 3,9 graus na escala Richter. Segundo a Defesa Civil do Estado, entre a 0h e as 9h de ontem foram registrados 108 abalos sísmicos. O mais forte, de 3,9 graus, ocorreu à 1h50 e alcançou 200 km. Efeitos foram sentidos no Piauí.
Além do temor dos moradores das áreas atingidas de ficar dentro de casa, o saldo foi de oito casas com rachaduras graves e risco de desabamento e outras 200 com fissuras leves, segundo líderes comunitários.
O epicentro dos tremores foi a comunidade de Jordão, em Sobral (240 km de Fortaleza), onde há 14 dias ocorreram abalos mais fracos, de até 3,5 graus.
O abalo de ontem foi o mais forte já registrado nessa região. O de ontem, de 3,9 graus, é considerado de baixa intensidade.
O medo dos moradores do local ainda era visível na tarde de ontem. E piorava a cada novo abalo, que, apesar de leves, ainda eram sentidos.
Enquanto a reportagem esteve no local, das 15h40 às 17h50, houve um pequeno sismo -a sensação foi de desequilíbrio.
Como a maioria dos moradores se recusava a entrar em casa, a saída encontrada pela Defesa Civil foi distribuir lonas.
Ontem à noite, havia previsão de entrega de 600 m de lona para abrigar 120 famílias --cada uma teria direito a 5 m. Em muitos casos, duas famílias precisam dividir o abrigo.
O líder comunitário Rogério Moura de Mendonça, 42, disse que orienta quem ficou em casa a dormir com a porta aberta. "Mas, na maioria dos casos, é melhor sair, pelo perigo de queda do telhado."
Monitoramento
O Ceará tem quatro locais de monitoramento de abalos sísmicos, um deles em Sobral. A análise dos dados é feita pela Defesa Civil, com apoio da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).
A região, segundo Francisco Brandão Neto, da Defesa Civil, tem atividade sísmica freqüente, causada por falhas geológicas e acomodação periódica da terra. Na maior parte dos casos, o fenômeno é imperceptível.
Como não é possível prever a ocorrência de novos abalos, a orientação dada aos moradores é aprender a conviver com eles.
"Mas como a gente vai se acostumar com isso? Parece que o chão está se abrindo. Só Deus mesmo pode nos ajudar", disse Cláudia Cavalcante, 35, mãe de cinco filhos.
Antiterremoto
Morador de Jundiaí (SP), o alemão Hellmut von Schwerin, 81, que desenvolveu o projeto de uma casa que, à primeira vista, parece um iglu. Mas tem estrutura de arame, placas de espuma rígida, seis janelas, duas portas. E o principal: é antiterremoto. "Meu objetivo é ajudar as pessoas a viver com total segurança", diz Schwerin, que já entrou em contato com a UN-Habitat, da ONU (Organização das Nações Unidas), que desenvolve projetos habitacionais para populações em áreas de potenciais catástrofes naturais.
Colaborou CÍNTIA ACAYABA da Agência Folha, em Jundiaí
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