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Penitenciária é favorável a liberdade de Suzane; especialista minimiza análise de prisão
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MARINA NOVAES
da Folha Online
Embora o parecer da Promotoria tenha sido contrário à progressão de Suzane von Richthofen ao regime semiaberto, o parecer técnico da penitenciária de Tremembé (a 147 km de São Paulo) --onde ela está presa-- foi favorável à liberdade da jovem. A avaliação da prisão foi um dos quesitos analisados pelo promotor Paulo José de Palma, da VEC (Vara de Execuções Criminais) de Taubaté (a 140 km de São Paulo), para compor seu parecer, emitido nesta segunda-feira.
Suzane foi condenada a 38 anos de prisão em regime fechado por participar do homicídio dos pais --ocorrido em 2002. Além da avaliação da prisão, a jovem foi submetida a exames criminológicos, realizados por dois psicólogos, um assistente social e dois psiquiatras.
André Porto-21.jul.2006/Folha Imagem |
Suzane, que tenta ir para o regime semiaberto, durante julgamento pelo crime |
Para o psiquiatra forense Guido Palomba, no entanto, o parecer da penitenciária não tem relevância quando se mede a periculosidade de um preso. "O parecer da penitenciária, para fins de periculosidade, não tem valor nenhum", afirmou.
"Comportamento bom de prisioneira não quer dizer absolutamente nada. As circunstâncias dos piores presidiários, aqueles que são articulados, são manipuladores, são irrecuperáveis, é o bom comportamento. Eles sempre mostram bom comportamento, principalmente os manipuladores", disse o especialista.
"Manipulador" também foi adjetivo usado pelo promotor da VEC de Taubaté para descrever Suzane e, por consequência, dar um parecer contrário à liberdade dela. "Ela tem um comportamento dissimulador e manipulador e, portando, não reúne condições para voltar à liberdade, pelo menos, não neste momento", disse.
Para compor o parecer técnico sobre a detenta, participaram sete funcionários da penitenciária de Tremembé, sendo que todos consideraram que ela já possui os requisitos necessários para migrar para o regime semiaberto.
Recuperação
Já os membros da comissão responsável pelos exames criminológicos tiveram opiniões divergentes: enquanto os psiquiatras consideraram que ela está apta a progredir para o regime semiaberto, os psicólogos e o assistente social julgaram que ela ainda não está pronta para deixar a prisão.
Pela análise do psiquiatra ouvido pela Folha Online, para recuperação de um preso envolvido em um crime como este --a morte dos próprios pais-- seriam necessários cerca de 20 anos de detenção.
Isso porque, segundo o especialista, a recuperação depende da mudança da faixa etária, o que ainda não é o caso de Suzane, na opinião de Palomba.
"É impossível ela receber um parecer favorável tendo cometido o crime que cometeu com uma distância tão pequena em número de anos. A pessoa precisa mudar de faixa etária para haver uma recuperação, para que o indivíduo ultrapasse determinadas barreiras graves", avaliou.
Decisão
Procurado pela reportagem, o advogado da jovem, Denivaldo Barni Junior, afirmou que ainda não teve acesso aos resultados dos exames e que só irá se pronunciar sobre o parecer da Promotoria após a análise dos laudos.
O parecer técnico da penitenciária e o laudo dos exames criminológicos seguem agora para análise da defesa de Suzane. Os advogados da jovem terão também cinco dias para expor seus argumentos sobre os resultados. Na sequência, os laudos seguem para a Justiça, que tem o mesmo prazo tomar sua decisão.
Suzane foi condenada por participar do homicídio dos pais, Marísia e Manfred. Ela confessou ter auxiliado o namorado na época, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian --ambos também condenados.
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