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10/12/2002
-
21h15
da Folha de S.Paulo, no Rio
A falta de vontade política é uma das principais causas de tragédias como a ocorrida em Angra dos Reis. Com medo da impopularidade e, portanto, do fracasso nas urnas, as autoridades preferem não agir para desocupar as encostas em situação de risco. Essa é a opinião do coronel Jorge Lopes, assessor da Secretaria de Defesa Civil do Estado do Rio.
"Remédio que dói a gente não gosta de tomar. Não interessa a um governante retirar pessoas desses locais porque isso cria uma animosidade e essas pessoas votam. Há uma conivência das autoridades municipais, que mantêm essa pessoas nas encostas por causa de interesses políticos. Os acidentes acontecem por causa disso."
Para Lopes, a tendência é de agravamento da situação. Se voltar a chover forte, novas tragédias vão acontecer "com certeza".
"A ocupação das encostas vêm aumentando. Eu vou a Angra periodicamente. A cada vez muda tudo, surge outra favela, outro local invadido. Aqui no município do Rio existe uma tentativa de se conter essa invasão. Nos outros municípios, não sei se existe esse trabalho", disse.
Lopes estima que 60% da população de Angra vive em encostas. No Estado inteiro, esse número chega, segundo ele, a 40% da população, na maior parte dos casos em situação de perigo. Lopes afirma ainda que a situação é especialmente crítica em Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, cidades da região serrana, assim como em pontos da capital.
Planejamento
Não há estatísticas sobre quantas pessoas vivem em encostas no Estado do Rio, mas, para o professor Willy Lacerda, do Laboratório de Geotecnia da Coppe/UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), o percentual deve ser alto, devido ao perfil geográfico da região.
Ele enfatiza a importância de uma fiscalização ativa, que verifique as condições de segurança dos projetos de construção nas encostas.
A Cehab (Companhia Estadual de Habitação) informou que é competência de cada município fiscalizar a ocupação de seu solo.
O problema é que nem sempre existe um órgão preparado para cuidar especificamente da fiscalização de obras feitas em encostas. No município do Rio, essa responsabilidade cabe à Fundação Geo-Rio, que, além de analisar locais de risco, executa as obras de contenção necessárias. Segundo Ricardo Dorsi, gerente da instituição, outros municípios costumam recorrer à fundação.
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Autoridades não desocupam encostas por interesse político, diz coronel
HENRI CARRIÈRESda Folha de S.Paulo, no Rio
A falta de vontade política é uma das principais causas de tragédias como a ocorrida em Angra dos Reis. Com medo da impopularidade e, portanto, do fracasso nas urnas, as autoridades preferem não agir para desocupar as encostas em situação de risco. Essa é a opinião do coronel Jorge Lopes, assessor da Secretaria de Defesa Civil do Estado do Rio.
"Remédio que dói a gente não gosta de tomar. Não interessa a um governante retirar pessoas desses locais porque isso cria uma animosidade e essas pessoas votam. Há uma conivência das autoridades municipais, que mantêm essa pessoas nas encostas por causa de interesses políticos. Os acidentes acontecem por causa disso."
Para Lopes, a tendência é de agravamento da situação. Se voltar a chover forte, novas tragédias vão acontecer "com certeza".
"A ocupação das encostas vêm aumentando. Eu vou a Angra periodicamente. A cada vez muda tudo, surge outra favela, outro local invadido. Aqui no município do Rio existe uma tentativa de se conter essa invasão. Nos outros municípios, não sei se existe esse trabalho", disse.
Lopes estima que 60% da população de Angra vive em encostas. No Estado inteiro, esse número chega, segundo ele, a 40% da população, na maior parte dos casos em situação de perigo. Lopes afirma ainda que a situação é especialmente crítica em Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, cidades da região serrana, assim como em pontos da capital.
Planejamento
Não há estatísticas sobre quantas pessoas vivem em encostas no Estado do Rio, mas, para o professor Willy Lacerda, do Laboratório de Geotecnia da Coppe/UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), o percentual deve ser alto, devido ao perfil geográfico da região.
Ele enfatiza a importância de uma fiscalização ativa, que verifique as condições de segurança dos projetos de construção nas encostas.
A Cehab (Companhia Estadual de Habitação) informou que é competência de cada município fiscalizar a ocupação de seu solo.
O problema é que nem sempre existe um órgão preparado para cuidar especificamente da fiscalização de obras feitas em encostas. No município do Rio, essa responsabilidade cabe à Fundação Geo-Rio, que, além de analisar locais de risco, executa as obras de contenção necessárias. Segundo Ricardo Dorsi, gerente da instituição, outros municípios costumam recorrer à fundação.
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