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Jogador Adriano nega ter dado moto à mãe de traficante, diz delegado
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DIANA BRITO
Colaboração para a Folha Online, no Rio
O jogador Adriano negou durante depoimento à polícia, nesta quinta-feira, ter presenteado com uma moto Marlene Pereira de Souza, mãe de Paulo Rogério de Souza Paes, o Mica, apontado como chefe do tráfico de drogas na favela da Chatuba, na Penha, zona norte do Rio. Responsável pelo caso, o delegado titular da 22ª DP (Penha), Jader Amaral, disse que o atleta afirmou que só tomou conhecimento dos fatos por meio da imprensa.
Amaral destacou também que Adriano admitiu que o amigo de infância Marcos José de Oliveira comprou duas motos a seu pedido. O atacante, porém, disse que uma moto seria para ficar em seu nome e a outra deveria ser registrada em nome de Marcos.
"As duas motos têm o nome do Adriano na nota fiscal porque o cartão dele é que foi utilizado. Mas só a [moto] vermelha foi registrada no nome dele. O Marquinhos falou que vendeu a vermelha para comprar peças para sua van", afirmou Amaral, revelando o acontecimento que selou o fim da amizade entre Adriano e Marcos.
No ano passado, o jogador registrou uma queixa por furto e apropriação indébita, na DRF (Delegacia de Roubos e Furtos). Já Marcos tem três anotações criminais e foi condenado a um ano e quatro meses pelos delitos de furto, porte ilegal de arma e por dirigir sem habilitação, segundo a polícia. O delegado não soube dizer se ele chegou a cumprir a pena.
Marcos Oliveira alegou durante depoimento na noite de quarta-feira (24) que o emplacamento da moto foi feito pelo despachante Jorge, identificado até o momento apenas pelo primeiro nome. O delegado Amaral destacou que o próximo passo da investigação é localizar o despachante Jorge para que ele explique quem entregou os documentos de Marlene e pediu que a moto fosse registrada no nome dela.
As motos avaliadas em R$ 35 mil cada foram adquiridas em 2008, em uma concessionária em Vicente de Carvalho, na zona norte do Rio. Após a compra, as motos foram levadas para a casa de Marcos, na Vila Cruzeiro, na Penha, no subúrbio do Rio, local onde o craque nasceu e foi criado.
Sem indiciamento
Amaral afirmou que Marcos deve ser convocado a depor novamente para esclarecer melhor a sua versão. Já o depoimento de Adriano foi considerado satisfatório pelo delegado.
Ainda de acordo com o delegado, por enquanto não há motivo para o indiciamento de Adriano em relação à compra das duas motos, mesmo que uma delas tenha sido colocada no nome da mãe de Mica.
"Tentei colocá-lo em contradição, mas não consegui. Inicialmente, estou satisfeito com as declarações do Adriano", disse o delegado.
Ao menos cem pessoas que estavam do lado de fora da delegacia tumultuaram a saída do jogador, que não falou com a imprensa. Já um dos advogados do Imperador limitou-se a dizer para os jornalistas que "está tudo esclarecido".
Envolvimento
A mãe de Mica prestou depoimento na quarta-feira, no mesmo local, e também saiu sem falar com a imprensa. Porém, Henrique Machado, advogado dela, explicou que sua cliente nunca soube da existência de uma moto em seu nome, comprada pelo jogador Adriano.
Ainda segundo ele, Marilene é analfabeta, não tem habilitação e não assinou qualquer documento de compra e venda de moto, o que o leva a acreditar que uma cópia de sua identidade possa ter sido usada para sacramentar a negociação.
Amigos de infância
O advogado da mãe de Mica disse à polícia que Adriano frequenta a casa de sua cliente desde criança, na Vila Cruzeiro, na Penha, zona norte do Rio. Segundo ele, o craque também estudou com Mica durante alguns anos.
O delegado Amaral disse que Adriano confirmou em seu depoimento que foi amigo de Mica durante a infância. Porém, atualmente, não tem mais contato e apenas o cumprimenta algumas vezes quando vai à favela.
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