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28/03/2003 - 18h53

Beira-Mar come cuscuz no café da manhã e passa o dia isolado na PF

FÁBIO GUIBU
TIAGO ORNAGHI
da Agência Folha, em Maceió

O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, 35, passou seu primeiro dia na carceragem da Polícia Federal de Maceió (AL) isolado em uma cela e vigiado por câmeras e policiais armados com metralhadoras e fuzis.

O traficante dormiu em um colchão colocado sobre uma cama de concreto. Pela manhã, tomou café e comeu cuscuz com ovo, pão e um pedaço de presunto. Recusou leite. Mais tarde, almoçou.

Ele não tomou banho de sol nesta sexta-feira. À tarde, recebeu a visita de sua advogada.

O preso está em uma cela com cerca de 10 m², a cerca de 300 metros da beira do mar. No local, além da cama de concreto com colchão, existe uma mesa e um vaso sanitário.

O acesso à carceragem é controlado por meio de senhas eletrônicas. Os portões que ligam às celas não abrem simultaneamente, para dificultar uma eventual tentativa de fuga ou resgate.

Pelo menos 60 policiais federais de outros Estados foram deslocados para reforçar a segurança. O acesso à parte interna da superintendência é restrito. Homens armados com fuzis norte-americanos (AR-15) e alemães (HK) controlam a movimentação.

Na parte externa, os 8.500 m² do prédio, localizado no bairro Jaraguá, zona portuária de Maceió, foram cercados por grupos de elite das polícias Civil e Militar. Os policiais trabalham com coletes à prova de bala e carregam metralhadoras, pistolas e bombas de efeito moral.

A avenida em frente à PF foi parcialmente isolada. Observados por policiais, os veículos são obrigados a andar em fila indiana, passando ao lado de cones de borracha. Ninguém pode parar no local.

"Posso garantir que a nossa condição para dar essa custódia temporária, se não for melhor, é pelo menos igual ao local de onde ele saiu", afirmou o superintendente da PF em Alagoas, José Paulo Rubim Rodrigues.

Beira-Mar foi transferido nesta quinta-feira do presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes (SP). O traficante permanecerá cerca de 40 dias em Alagoas, até que sejam concluídas as obras na penitenciária de Teresina (PI), para onde ele será levado.

Desconfiança

O aparato policial montado tem provocado dupla reação na população que, por um lado, se sente mais segura, mas, por outro, acredita que o policiamento revela a chance de um confronto.

Vizinhos do prédio da PF, que foi construída em uma área de casarões antigos revitalizados, próxima ao centro, evitam até se identificar quando criticam a vinda do traficante para Maceió. "Dá medo, parece até que vai ter guerra", disse um dos vizinhos, que se identificou apenas como José.

Quase em frente à sede da PF alagoana, clientes de uma das maiores e mais sofisticadas academias de ginástica de Maceió, a Acqua-Ball, afirmaram ontem também estar preocupados com a presença de Beira-Mar a poucos metros dali.

"Aqui dentro todo mundo só fala nisso", disse o estudante Maurício Coutinho, 19, cliente da academia. "Todos estão preocupados, com uma certa apreensão", declarou. "Ele pode trazer criminosos para cá, e pode haver um tiroteio aqui em frente."

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Estado também manifestou preocupação com a vinda do traficante. Segundo o presidente da Comissão de Direitos Humanos da seção alagoana, Pedro Montenegro, há risco de a criminalidade aumentar.

"Já passamos por situação semelhante antes, quando os sequestradores de Wellington Camargo [irmão do cantor Zezé di Camargo] vieram presos para cá e um deles fugiu", disse. "Os sequestros só começaram a acontecer no Estado depois disso."


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