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31/03/2003 - 20h58

Indústria responsável por vazamento tóxico é interditada em MG

PAULO PEIXOTO
THIAGO GUIMARÃES
da Agência Folha, em Belo Horizonte

A Secretaria do Meio Ambiente de Minas Gerais determinou nesta segunda-feira a interdição da indústria Cataguases Papel, na zona rural da cidade de Cataguases (311 km de Belo Horizonte), por causa do vazamento, no último sábado, de uma represa contendo rejeitos sólidos, com volume superior a 20 milhões de litros. Houve mortandade de peixes e há riscos para a saúde da população ribeirinha.

Apesar de a empresa e a Secretaria do Meio Ambiente de Cataguases terem minimizado o fato, o secretário estadual do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, disse que o acidente teve "danos ambientais expressivos".

"Os riscos iminentes para a população estão no contato com a água contaminada e no consumo de peixes contaminados", afirmou Carvalho.

A Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) informou, no entanto, que a população daquela região não será prejudicada com o abastecimento de água, já que a captação que ela faz ocorre em um ponto do rio Pomba que não foi contaminado pelos resíduos.

Até agora ninguém divulgou com clareza quais os componentes químicos presentes na mistura. A única referência sobre isso está no boletim de ocorrência feito pela PM, que, com base em informações de um "ex-funcionário" da indústria que produziu os rejeitos sólidos (a falida Companhia Mineira de Papel, do grupo Matarazzo), listou: "hipoclorito de cálcio, aniquilina (nome que não consta em dicionários), soda de madeira, enxofre e antraquinona".

A soda de madeira contém resíduos de soda cáustica, que é usada no processo de cozimento da madeira. A antraquinona é um químico usado na fabricação de corantes. Do processo para produção da celulose resultava um líquido preto, que ficava estocado no reservatório.

A Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente), segundo Carvalho, enviou técnicos para a área para colher amostras de peixes mortos e da água. Somente com os exames será possível determinar os componentes.

Pela ocorrência da PM, o vazamento atingiu uma extensão de dez quilômetros. A secretária municipal do Meio Ambiente, Maristela Vidigal, havia dito neste domingo que 16 fazendas tiveram suas áreas de pastagem alagadas.

Por conta do acidente, técnicos de Minas e do Rio se reuniram na divisa dos dois Estados para tratar do problema. A interdição da indústria, segundo o secretário, vai durar "até que haja segurança ambiental com relação ao funcionamento" da empresa.

A empresa não se manifestou, apesar de procurada até o início da noite. A informação era que os responsáveis estavam em reunião e depois falariam, mas isso não aconteceu.

Neste domingo, o diretor da indústria, João Gregório do Bem, procurado pela reportagem, minimizou o vazamento, afirmando não haver riscos para a população. Ele disse que o volume de produtos químicos contidos na mistura era de "2% ou menor", portanto, insuficiente para causar danos à saúde das pessoas.


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