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22/07/2003
-
21h10
da Agência Folha
Dez de 11 corpos analisados pelo IML (Instituto Médico Legal) de Goiânia apresentaram altas quantidades de bário. Nove das mortes teriam relação direta com o contraste Celobar, utilizado para realização de exames de raio-X.
Investigações realizadas pela Anvisa e pela Vigilância do Rio apontaram que houve adulteração do produto Celobar durante a fabricação.
O laboratório responsável, Enila, teria realizado irregularmente experiências para tentar transformar o carbonato de bário em sulfato de bário. O carbonato de bário é uma substância utilizada em veneno para ratos.
O IML goiano demorou aproximadamente um mês para analisar e comparar as vísceras das vítimas para chegar ao resultado final.
Os 11 corpos verificados foram selecionados porque as mortes ocorreram em períodos próximos, e as vítimas apresentaram os mesmos sintomas: náuseas, vômitos, rigidez muscular facial, dor abdominal e tremor muscular.
De acordo com um dos peritos do IML, Marcos Antônio Cândido, 31, não há registros na medicina de quantidades possíveis de bário no organismo.
Então, a perícia comparou seis corpos que não tinham histórico de ingestão do elemento e que não haviam sido submetidos a exames de raio-X, para relacionar as quantidades encontradas.
O superintendente da polícia técnico-científica do IML, Décio Marinho, disse que a quantidade de bário suportável no corpo humano é de 2 a 3 miligramas por quilo de tecido. Nos corpos periciados foram encontrados de 140 a 200 miligramas por quilo de tecido.
O delegado Carlos Fernandes de Araújo, encarregado do caso em Goiás, receberá o laudo apenas na sexta-feira, quando poderá intimar os farmacêuticos responsáveis pelo Celobar. "Agora vamos concluir os inquéritos um a um."
A promotora Mônica Campos, do Ministério Público do Rio de Janeiro, disse que o processo está sendo analisado e que ainda não há novidades.
Doentes
O diretor da Vigilância Sanitária do Goiânia, Paulo Elian, disse que "tem que haver punição, porque são vidas e sentimentos que estão envolvidos. O que me preocupa é a impunidade do nosso país".
Ainda em Goiânia existem pessoas supostamente doentes pela ingestão do Celobar. O Centro de Informação Toxicofarmacológica de Goiânia, que realiza um estudo sobre a reação do bário, registrou 180 pessoas que utilizaram o contraste. Desses pacientes, 135 apresentaram sintomas, 45 não apresentaram, 19 estão em tratamento e 16 morreram.
Parentes
"A partir desse laudo [do IML], nós vamos buscar a indenização", disse o advogado Gersino Gonçalves Belchior. O motorista Nivaldo Francisco Belchior, tio de Gersino Belchior, morreu, no dia 24 de maio, após fazer um raio-X do estômago.
Inconformado, o motorista Messias Alves da Silva, 52, disse que a mulher dele, Aldenora Alves da Silva, 56, saiu lúcida de casa para realizar um exame. Quando voltou, começou a passar mal.
"Não contamos nem 48 horas e minha mulher havia falecido." A direção da clínica que atendeu Aldenora Silva afirmou, em depoimento, que usou o contraste Bariogel.
Segundo o marido, ela teve os mesmos sintomas que os outros pacientes que usaram o Celobar. Em análise, constatou-se que o mesmo lote do contraste Bariogel utilizado pela mulher não apresentou alterações.
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Laudo aponta que Celobar teria feito dez vítimas fatais em Goiás
LARA SCHULZEda Agência Folha
Dez de 11 corpos analisados pelo IML (Instituto Médico Legal) de Goiânia apresentaram altas quantidades de bário. Nove das mortes teriam relação direta com o contraste Celobar, utilizado para realização de exames de raio-X.
Investigações realizadas pela Anvisa e pela Vigilância do Rio apontaram que houve adulteração do produto Celobar durante a fabricação.
O laboratório responsável, Enila, teria realizado irregularmente experiências para tentar transformar o carbonato de bário em sulfato de bário. O carbonato de bário é uma substância utilizada em veneno para ratos.
O IML goiano demorou aproximadamente um mês para analisar e comparar as vísceras das vítimas para chegar ao resultado final.
Os 11 corpos verificados foram selecionados porque as mortes ocorreram em períodos próximos, e as vítimas apresentaram os mesmos sintomas: náuseas, vômitos, rigidez muscular facial, dor abdominal e tremor muscular.
De acordo com um dos peritos do IML, Marcos Antônio Cândido, 31, não há registros na medicina de quantidades possíveis de bário no organismo.
Então, a perícia comparou seis corpos que não tinham histórico de ingestão do elemento e que não haviam sido submetidos a exames de raio-X, para relacionar as quantidades encontradas.
O superintendente da polícia técnico-científica do IML, Décio Marinho, disse que a quantidade de bário suportável no corpo humano é de 2 a 3 miligramas por quilo de tecido. Nos corpos periciados foram encontrados de 140 a 200 miligramas por quilo de tecido.
O delegado Carlos Fernandes de Araújo, encarregado do caso em Goiás, receberá o laudo apenas na sexta-feira, quando poderá intimar os farmacêuticos responsáveis pelo Celobar. "Agora vamos concluir os inquéritos um a um."
A promotora Mônica Campos, do Ministério Público do Rio de Janeiro, disse que o processo está sendo analisado e que ainda não há novidades.
Doentes
O diretor da Vigilância Sanitária do Goiânia, Paulo Elian, disse que "tem que haver punição, porque são vidas e sentimentos que estão envolvidos. O que me preocupa é a impunidade do nosso país".
Ainda em Goiânia existem pessoas supostamente doentes pela ingestão do Celobar. O Centro de Informação Toxicofarmacológica de Goiânia, que realiza um estudo sobre a reação do bário, registrou 180 pessoas que utilizaram o contraste. Desses pacientes, 135 apresentaram sintomas, 45 não apresentaram, 19 estão em tratamento e 16 morreram.
Parentes
"A partir desse laudo [do IML], nós vamos buscar a indenização", disse o advogado Gersino Gonçalves Belchior. O motorista Nivaldo Francisco Belchior, tio de Gersino Belchior, morreu, no dia 24 de maio, após fazer um raio-X do estômago.
Inconformado, o motorista Messias Alves da Silva, 52, disse que a mulher dele, Aldenora Alves da Silva, 56, saiu lúcida de casa para realizar um exame. Quando voltou, começou a passar mal.
"Não contamos nem 48 horas e minha mulher havia falecido." A direção da clínica que atendeu Aldenora Silva afirmou, em depoimento, que usou o contraste Bariogel.
Segundo o marido, ela teve os mesmos sintomas que os outros pacientes que usaram o Celobar. Em análise, constatou-se que o mesmo lote do contraste Bariogel utilizado pela mulher não apresentou alterações.
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