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24/07/2003 - 02h12

Fotógrafo do "Agora" flagra provável assassino de repórter no ABC

CARLOS FERREIRA
da Folha Online

André Porto, fotógrafo do jornal Agora São Paulo (do Grupo Folha, que edita o jornal Folha de S.Paulo), flagrou na tarde desta quarta-feira a ação do suposto homem que atirou contra o repórter-fotográfico da revista "Época", Luiz Antônio da Costa, 36 --conhecido como La Costa. O assassinato ocorreu em frente a um terreno da Volkswagem invadido por sem-teto em São Bernardo do Campo, no Grande ABC.

André Porto/Folha Imagem

Flagrante após o fotógrafo Costa ser baleado no ABC


Segundo o fotógrafo do "Agora", vários órgãos de imprensa estavam negociando com uma das líderes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) para entrar no acampamento quando o fotógrafo da "Épóca" se aproximou do grupo.

"Ele [Costa] estava do nosso lado, saiu por alguns minutos e voltou. De repente, vimos um homem puxar o equipamento dele [a máquina fotográfica]. Costa tentou impedi-lo. O homem então deu alguns passos para trás, sacou uma arma e atirou", disse Porto.

O fotógrafo do Agora São Paulo disse também que foi "tudo muito rápido".

"Já ouvi pessoas dizerem que foram vários tiros, mas eu só ouvi um (tiro). Também não me lembro se eles chegaram a trocar alguma palavra. Eu só coloquei a máquina na frente do meu corpo para me proteger, e fui batendo as fotos", afirmou.

Após ser baleado, La Costa --como era conhecido e assinava muitas fotos--foi socorrido por colegas ao pronto-socorro do Hospital Municipal de São Bernardo. Não suportou os ferimentos e morreu. O laudo da morte ainda não foi divulgado.

A polícia requisitou a foto. Os governo federal, estadual e municipal se manifestaram e "prometeram medidas".

Depois do crime, o assassino teria se dirigido para o acampamento dos sem-teto, onde se misturou em meio à multidão. Três suspeitos chegaram a ser detidos, mas foram liberados pela polícia mais tarde.

Em depoimento à polícia, o dono de um posto de combustível próximo, assaltado momentos antes, Renato Foganholi Asan, disse que quatro homens roubaram R$ 60 e fugiram em direção ao acampamento. Ele teria reconhecido o homem da foto feita por Porto como um dos assaltantes.

Costa trabalhou para a "Época" durante 5 anos e, recentemente, colaborava para a revista como free-lancer. Ele era casado e deixou dois filhos.

Investigações

O Ministério Público Estadual já designou dois promotores para acompanharem o caso do assassinado de Costa.

Fábio Rodrigues Goular, 18º promotor de Justiça do Juri de São Bernardo, e Nelson dos Santos Pereira Jr., 7º promotor, foram até o hospital para onde o repórter foi levado, e em seguida para o local onde o crime ocorreu. Segundo o Ministério Público, um inquérito será aberto para apurar os motivos reais do crime.

Reintegração

Na noite de ontem a juíza da 4ª Vara Civil da cidade, Maria de Fátima dos Santos Gomes concedeu à Volkswagen a reintegração de posse do terreno que foi invadido por sem-teto na madrugada do último dia 18. O local é ocupado por mais de 3.000 famílias.

No início, a invasão foi feita por cerca de 300 famílias. O acampamento começou a crescer quando carros de som teriam passado pelas ruas e vielas da região --há algumas favelas próximas ao terreno-- informando que a área havia sido invadida e chamando quem não tivesse moradia a comparecer.

Acampamento

O terreno é todo de terra e fica na frente da fábrica da Volkswagen, na avenida Dr. José Fornari, 1.400, bairro Ferrazópolis. Segundo Camila Alves, da coordenação estadual do MTST, o terreno foi concedido pelo governo do Estado à Volkswagen e a empresa teria comercializado a área irregularmente.

Lá funcionou de 1981 a 1990 uma fábrica de caminhões da Volks. Segundo a empresa, os prédios foram destruídos há cerca de dois anos, e a prefeitura recebeu uma parte do terreno, onde hoje existe um piscinão.

O acampamento foi batizado de Santo Dias, uma homenagem ao metalúrgico que foi morto pela polícia durante uma greve em 1979 e que se tornou símbolo do movimento operário na época.

No terreno há apenas uma construção de alvenaria, onde foi instalada a cozinha comunitária. As famílias montaram barracas com madeiras e lonas. Não há nenhum tipo de infra-estrutura.

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