Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/09/2003 - 15h11

Depoimento de Gugu à polícia dura cerca de 2 horas

Publicidade

LÍVIA MARRA
da Folha Online

O depoimento do apresentador Gugu Liberato, do SBT, a policiais do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), na zona norte de São Paulo, durou cerca de duas horas.

Segundo o deputado coronel Ubiratan Guimarães (PTB), que acompanhou o depoimento representando a Comissão de Segurança da Assembléia Legislativa de São Paulo, Gugu manteve a versão de que não sabia do conteúdo da matéria transmitida no programa "Domingo Legal", no último dia 7.

O depoimento do apresentador atraiu a atenção de moradores, principalmente de um conjunto habitacional e de uma favela da região.

Dezenas de pessoas --a maioria mulheres e crianças-- se aglomeraram na porta do departamento para tentar ver o apresentador, que chegou ao local por volta das 13h10, escoltado por seguranças. Gugu entrou pela garagem e não falou com a imprensa.

A maioria dos fãs de Gugu que estão na delegacia não tem uma opinião formada sobre a falsa entrevista com "integrantes" do PCC (Primeiro Comando da Capital), exibida no último dia 7, no programa "Domingo Legal". Eles estão no local para ver o apresentador.

A cabeleireira Lucimara Aparecida da Silva, 34, saiu de Santo Amaro, na zona sul, com uma filha de 10 anos e outra de um mês para entregar uma carta ao apresentador.

Jorge Araújo/Folha Imagem

O apresentador Gugu Liberato depõe no Deic
"Eu só queria entregar a carta que diz para ele ter força em Deus e confiar no serviço dele", disse a cabeleireira, que afirma ter faltado no emprego. Lucimara, segurando o bebê no colo, pediu para que a filha de 10 anos ficasse na porta da delegacia para tentar entregar a carta ao apresentador.

A babá Ester de Jesus Oliveira, 21, disse que não conseguiu ver Gugu, mas que espera "conseguir vê-lo na saída".

A desempregada Rita de Cássia Ferreira Silva, 33, disse que veio prestar solidariedade ao apresentador "porque ele ajuda bastante as pessoas".

Indiciamento

Ontem, a defesa de Gugu conseguiu evitar que ele fosse indiciado antes de prestar depoimento, como pretendia a polícia. O apresentador foi beneficiado por uma liminar do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais).

A decisão da Justiça, no entanto, não irá interferir no processo, segundo o promotor Roberto Porto, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). O inquérito serve apenas como base para a Promotoria, que analisará os supostos crimes cometidos por Gugu e pela sua equipe. O apresentador ainda pode ser responsabilizado.

"O indiciamento, nesse caso, não interfere no resultado final do inquérito policial. As provas já são claras no inquérito. O fato do indiciamento ou não de uma pessoa, nesse caso, é uma mera formalidade, que não interfere em nada em nossa convicção e no conteúdo das provas", disse Porto.

Lei de Imprensa

Ontem, o produtor Rogério Casagrande e o repórter Wagner Maffezoli foram ouvidos pela polícia e indiciados no artigo 16 da Lei de Imprensa. O artigo prevê punição para quem publicar ou divulgar notícias falsas ou fatos verdadeiros truncados ou deturpados. Se condenados, podem pegar até um ano de detenção.

E. de Freitas/Folha Imagem

O promotor Roberto Porto, que acompanha o caso
Outras três pessoas --o produtor Hamilton Tadeu dos Santos, o Barney, e os atores Wagner Faustino da Silva, o Alfa, e Antônio Rodrigues da Silva, o Beta --foram indiciados por apologia ao crime. Alfa e Beta são os homens que apareceram encapuzados na entrevista.

Segundo a polícia, Barney recebeu R$ 3.000 para produzir a matéria e "encontrar" integrantes do PCC para dar entrevista. Alfa e Beta teriam recebido R$ 150 cada para participar da farsa. Eles disseram que havia um roteiro sobre o que deveriam falar escrito em cartolinas, colocadas atrás das câmeras.

Programa

A pedido do apresentador Gugu Liberato, o ex-diretor Roberto Manzoni reassumiu ontem a direção geral do "Domingo Legal". Manzoni estava afastado desde o último dia 3. Havia pedido demissão e partido quatro dias antes da exibição da falsa entrevista com "membros" do PCC.

A farsa televisiva criada pela produção do programa (com a aquiescência do apresentador) gerou denúncia do Ministério Público, inquérito policial, convocação dos envolvidos por comissões de deputados estaduais e federais e, por fim, a suspensão da exibição do programa no último domingo --por decisão judicial.

A volta de Manzoni é a primeira grande mudança no programa após o escândalo da entrevista. Na noite de terça-feira, Gugu e Manzoni conversaram durante horas ao telefone. Gugu pediu "ajuda". Ambos já trabalharam mais de 15 anos juntos.

Manzoni havia pedido demissão alegando "cansaço", mas a verdade é que estaria insatisfeito com várias decisões tomadas por Gugu. Este, por sua vez, aceitou a demissão e colocou Maurício Nunes (ex-Rede TV) no cargo. Logo no primeiro domingo foi exibida a entrevista que causou toda a polêmica.

Manzoni aguardava em casa uma nova proposta de Silvio Santos para assumir outro cargo na emissora. Havia rumores de que poderia ser o novo diretor artístico do SBT. O diretor Maurício Nunes também deve ser mantido na direção do "Domingo Legal", mas sob as ordens de Manzoni.

Nesta quarta-feira, o novo diretor e a equipe do "Domingo Legal" se reuniram no SBT para definir a pauta do programa do próximo domingo. A equipe vem sendo pressionada por estar perdendo no ibope repetidamente, desde o início do ano, para Fausto Silva (Globo).

Leia mais
  • Após depoimento de Gugu, inquérito sobre entrevista é encerrado
  • Em depoimento à polícia, Gugu cita amizade com Alckmin
  • Polícia quer prisão de acusado de participar de falsa entrevista
  • Depoimento de Gugu à polícia atrai moradores de São Paulo

    Especial
  • Depois da falsa entrevista, você acha que as "pegadinhas" devem ser abolidas?
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página