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25/09/2003 - 17h18

Polícia quer prisão de acusado de participar de falsa entrevista

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LÍVIA MARRA
da Folha Online

O delegado Alberto Pereira Matheus Júnior, do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado), afirmou hoje que vai pedir a prisão preventiva do produtor Hamilton Tadeu dos Santos, o Barney, apontado como o responsável por intermediar a entrevista exibida no programa "Domingo Legal", do SBT, com dois falsos integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Porém, segundo o Matheus Júnior, o pedido de prisão não se refere ao fato de seu envolvimento com a falsa entrevista, mas por ter ameaçado uma testemunha durante o inquérito.

De acordo com o delegado, esta testemunha é um ator de "pegadinhas" que havia recusado convite para representar Alfa, um dos entrevistados. Barney, por telefone, teria feito ameaças à testemunha, que chegou a aparecer em um programa de TV.

"O depoimento dela [para a polícia] foi de extrema importância", disse o delegado.

Arma

Barney se apresentou à Polícia Civil no dia 19. A caminho do Deic, ele foi abordado por jornalistas na marginal Tietê e disse, em entrevistas, que não participou das gravações, mas admitiu ter cedido uma arma para a produção.

Para a Polícia Civil, Barney disse que a arma foi desmontada e que as partes pequenas foram jogadas em trechos dos rios Tamanduateí e Tietê. Afirmou ainda que usou uma marreta para destruir pedaços maiores da arma, segundo o delegado Alberto Pereira Matheus Júnior, do Deic.

Gugu

O apresentador Gugu Liberato esteve hoje no Deic, na zona norte de São Paulo, onde depôs por cerca de 2 horas.

Jorge Araújo/Folha Imagem

O apresentador Gugu Liberato depõe no Deic
Segundo o deputado coronel Ubiratan Guimarães (PTB), que acompanhou o depoimento representando a Comissão de Segurança da Assembléia Legislativa de São Paulo, Gugu manteve a versão de que não sabia do conteúdo da matéria transmitida em seu programa.

O depoimento do apresentador atraiu a atenção de moradores, principalmente de um conjunto habitacional e de uma favela da região.

Dezenas de pessoas --a maioria mulheres e crianças-- se aglomeraram na porta do departamento para tentar ver o apresentador, que chegou ao local por volta das 13h10, escoltado por seguranças. Gugu entrou pela garagem e não falou com a imprensa.

A maioria dos fãs de Gugu que estiveram na delegacia não tem uma opinião formada sobre a falsa entrevista com "integrantes" do PCC (Primeiro Comando da Capital), exibida no último dia 7, no programa "Domingo Legal". Eles foram ao local para ver o apresentador.

Indiciamento

Ontem, a defesa de Gugu conseguiu evitar que ele fosse indiciado antes de prestar depoimento, como pretendia a polícia. O apresentador foi beneficiado por uma liminar do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais).

E. de Freitas/Folha Imagem

O promotor Roberto Porto, que acompanha o caso
A decisão da Justiça, no entanto, não irá interferir no processo, segundo o promotor Roberto Porto, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). O inquérito serve apenas como base para a promotoria, que analisará os supostos crimes cometidos por Gugu. Ele ainda pode ser responsabilizado.

"O indiciamento, nesse caso, não interfere no resultado final do inquérito policial. As provas já são claras no inquérito. O fato do indiciamento ou não de uma pessoa, nesse caso, é uma mera formalidade, que não interfere em nada em nossa convicção e no conteúdo das provas", disse Porto.

Lei de Imprensa

Ontem, o produtor Rogério Casagrande e o repórter Wagner Maffezoli foram ouvidos pela polícia e indiciados no artigo 16 da Lei de Imprensa. O artigo prevê punição para quem publicar ou divulgar notícias falsas ou fatos verdadeiros truncados ou deturpados. Se condenados, podem pegar até um ano de detenção.

Outras três pessoas --o produtor Hamilton Tadeu dos Santos, o Barney, e os atores Wagner Faustino da Silva, o Alfa, e Antônio Rodrigues da Silva, o Beta --foram indiciados por apologia ao crime. Alfa e Beta são os homens que apareceram encapuzados na entrevista.

Segundo a polícia, Barney recebeu R$ 3.000 para produzir a matéria e "encontrar" integrantes do PCC para dar entrevista. Alfa e Beta teriam recebido R$ 150 cada para participar da farsa. Eles disseram que havia um roteiro sobre o que deveriam falar escrito em cartolinas, colocadas atrás das câmeras.

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